Fineza Teta é uma das grandes referências da nova geração no mercado das artes plásticas em Angola, que escreveu o seu nome com letras de ouro na história da pintura, por ser a única mulher a vencer o Grande Prémio de Pintura do Ensa-Arte, em 2014.

Um prémio que para ela ajudou a cimentar e a solidificar a posta nas artes plásticas, dando outra vida à sua carreira, embora a descreva que "há muito caminho a percorrer”, como beber das experiências dos grandes mestres das artes plásticas com os quais sempre teve boa convivência e relação profissional.

Em declarações ao Jornal de Angola, sobre o Março Mulher, Fineza Teta disse que nesse mês as mulheres, em particular, e a sociedade, de uma maneira geral, têm de se rever, sobretudo, fazer uma forte reflexão sobre o 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, pelos papéis de mulher, mãe e esposa "nós assumimos”.

Segundo ela, é necessário questionar, como artista e profissional, que exemplos dará à sociedade com o seu trabalho. Por outro lado, como tem respondido às várias situações culturais do povo angolano, assim como à beleza feminina.

Para a pintora, o Março é um mês de celebração feminina, embora considere todos os dias como dignos para enaltecer a mulher, como diz o ditado: "Todos temos uma data de aniversário para comemorar, assim é o Março, mês da celebração especial para nós”.

A seu ver, o mês simboliza resiliência, a reposição da paridade na nossa sociedade, simboliza lembrar os feitos das mulheres na sociedade, assim como honrar a memória das heroínas e rainhas  reflectidas na nossa história, celebrar os homens como frutos de uma mulher.

Por isso, diz, que para educar uma sociedade devemos primeiro educar uma mulher, mais, como artista de arte visual, confessa, a sua contribuição nesta sociedade é moralizar através da cultura da arte é do belo, com expressões artísticas, as matrizes de identidade cultural, acrescentando, que ser mulher significa a essência da vida prolongada porque nove meses levam para tecer uma vida dentro de si.

A vencedora do prémio Ensa-Arte edição 2014  revelou que, nos últimos anos, além de produzir obras de pintura, apostou a sério na arte decorativa em objectos, como cadeiras de napa, copos, avental, pratos, máquinas de café "Delta”, assim como produção de postais entre outras.

A sua peça de arte preenche os espaços desenhados e decorados por ela, como o caso da nova sede da TEGMA-SU, no Patriota, um edifício de três andares, totalmente decorado por ela e seu estúdio "Fisty Design Studios”.

O mesmo ocorreu, afirma, no clube Blué Village, recentemente inaugurado de Luanda, no Paz-flor, decorado e revestido pela "Fisty Design Studios”, onde as peças da artista dão o brilharete final.

Fez recente fusão entre Fisty-Teta e Barjuja, afirma, com objectivo de produzir pastas Personalizadas, lançada recentemente pela marca "Fisty-Teta e Barjuja”, bem como a peça desenhada pela artista, fundida em prata pelo projecto da SIPRO, que simboliza os 40 anos de Independência de Angola.

Uma das suas maiores concepções onde a fisty, faz a fusão das suas polivalências e concebe, explica, é o Monumento às Vítimas  dos Conflitos Políticos, ocorrido em Angola, entre 11de Novembro de 1975 á 4 de Abril de 2002.

Desta concepção surgiu um trinómio que reflecte o passado, presente e um futuro esperado pelos angolanos, o perdão, a reconciliação e a paz perónio sobre nós

 

Empurrão da mãe às artes

O interesse pelas artes, conta, começou na sua infância por influência da mãe, costureira, e chegou a estudar moda, mas foi na faculdade de artes que Fineza desenvolveu suas tendências artísticas.

Com um pai enfermeiro, durante a escola, ela começou por estudar Ciências Biológicas, mas no final do curso seu irmão descobriu a existência da Escola de Artes, onde a matriculou em apoio às  suas tendências artísticas. Iniciou a formação em Luanda, estudou no Instituto Nacional de Formação Artística e Cultural (INFAC) e licenciou-se em Artes Visuais e Design na África do Sul.

Começou a sobressair no mundo das artes em 2014, quando conquistou o Grande Prémio de Pintura, na XII edição do ENSA-ARTE 2014, evento que decorreu no Centro Cultural Português-Instituto Camões.

Com este Prémio, fez história, tornando-se a primeira mulher a chegar nesta elevada distinção, com mais de duas décadas de existência do concurso.

Fineza também já recebeu menção honrosa da Fundação Irida, em 2004, na Rússia, pela exposição "Primavera” e Ensa-Arte, em 1998, com a obra "O Casamento”. Participou ainda em diversas exposições de prestígio, como a Expo Saragoça 2007, Expo Shanghai 2010, Expo Coreia 2012 e Expo Milão 2015, entre outras.

Em 2021, Fineza Teta foi homenageada em Luanda, com um diploma de mérito pela sua contribuição para o desenvolvimento das artes no país, no prémio Angola "35 Graus”. No mesmo ano, ela expõe 11 obras e uma grande instalação, na Expo Dubai, uma exposição intitulada "Introversão Tchokwé”, sobre o respeito e reconhecimento da cultura Lunda Tchokwé.

 

"Filha do Mar”

Fineza Sebastião "Teta-Fisty”, nasceu a dia 26 de Dezembro de 1977, na Ilha de Luanda. Desde criança manifesta a sua vocação artística. É licenciada em Belas Artes e design pela Open Window Arte Academy, da África do Sul, onde recebeu a distinção de Mascote Escolar. Certificada em Design de interiores, pela New York, na New York Academy, Design internacional pelo Distrito de Arte, cultura e Desporto Chinês

Fez parte do corpo de jurados do Premio Nacional Cultura e Artes, do ministério da Cultura, em 2018 e 2019. A convite do embaixador de Angola em Portugal, integrou  diversas cerimónias de recepção cultural para a delegação presidencial portuguesa, em 2019 e 2020, e participou em exposições colectivas e individuais a nível nacional e internacional

A experiência adquirida em vários países reflecte-se no conjunto da sua obra que expressa um mosaico de vertentes artísticas, bem como as suas obras estão representadas em várias colecções públicas e privadas nacionais e internacionais.

Historial do Ensa-Arte

Considerado uma referência no panorama das artes plásticas em Angola, o Prémio ENSA Arte foi instituído em 1991, altura em que começou o Concurso ENSA de Pintura, tendo a ideia surgido no ano anterior a partir de uma exposição colectiva de sete pintores angolanos.

Entre os pintores destacaram-se Viteix (primeiro artista premiado), Henrique Abranches, Augusto Ferreira, Jorge Gumbe, António Ole, Telmo Vaz Pereira e José Zan Andrade.

Em 1996, com a entrada de mais uma disciplina (escultura), o concurso passa a Prémio com a denominação ENSA-Arte, agregando as duas modalidades. Esta edição, de 2022, está aberta também à cerâmica.