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União Europeia pede intervenção da África do Sul na busca da paz

O alto representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Josep Borrell, apelou esta sexta-feira à noite à África do Sul para aproveitar as “boas relações com a Rússia” e “convencer” Moscovo a “parar” a guerra na Ucrânia. “Estamos cientes da política de não-alinhamento da África do Sul. É por isso que a UE não está a pedir à África do Sul que escolha um lado. Pedimos-lhe simplesmente que cumpra a Carta das Nações Unidas. Nada mais. Mas também nada menos que isso”, disse Borrell citado pela AFP numa conferência de imprensa conjunta, em Pretória, com a ministra das Relações e Cooperação Internacionais sul-africana, Naledi Pandor.

30/01/2023  Última atualização 10H02
Joseph Borrell, chefe da diplomacia europeia, deslocou-se à África do Sul no âmbito da preparação da Cimeira UE - África © Fotografia por: DR

"É por isso que espero que a África do Sul possa usar as suas boas relações com a Rússia para convencer a Rússia a parar esta guerra”, acrescentou.

Borrell salientou que o país africano está numa boa posição para dar um "importante contributo” à paz mundial. "A guerra na Ucrânia não é apenas uma guerra europeia. Está a acontecer em solo europeu, mas afecta o mundo inteiro”, sublinhou.

A ministra sul-africana disse que alcançar a paz na Ucrânia não deveria ser apenas da responsabilidade da África do Sul, mas de toda a comunidade internacional. "Não é só a África do Sul que procura a paz. Todos os países precisam dela”, disse Pandor, que apelou ao reforço do sistema da ONU, "especialmente do Conselho de Segurança”, para que represente "todas as vozes e povos do mundo” e melhore a sua legitimidade.  "Nunca direi que outros países não estão a trabalhar o suficiente. Eu disse que todos os países devem trabalhar em conjunto para encontrar uma forma de pôr fim à guerra e a um processo de paz”, disse.

A conferência de imprensa seguiu-se ao Diálogo Político Ministerial África do Sul-UE, que foi presidido por Borrell e Pandor em Pretória.

O objectivo da viagem de Borrell à África do Sul é fazer o balanço da cooperação global UE-África do Sul e preparar uma próxima cimeira entre as duas partes.

A África do Sul, que de-verá realizar exercícios navais conjuntos com a Rússia e a China, em Fevereiro, recebeu no início desta semana o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, que mais uma vez acusou o Ocidente de obstruir a entrega de fornecimentos a países pobres com as sanções que impôs à Rússia por ter atacado a Ucrânia.


  Protestos contra os cortes de energia

Entretanto, a Polícia travou ontem uma contra-manifestação realizada por membros do Congresso Nacional Africano (ANC, no poder), que tentaram impedir com violência uma acção pacífica de protesto contra os actuais cortes constantes de energia no país. "Camaradas, temos o dever revolucionário de defender a Luthuli House", declarou uma das militantes do partido no poder, através de um altifalante, apelando depois à calma quando se dirigia aos militantes do ANC no centro da cidade de Joanesburgo, a capital económica da África do Sul.

Segundo a EFE, os militantes do ANC, que entoavam canções da luta de libertação e empunhavam varas e armas brancas e também bandeiras e camisolas do partido no poder, acusaram os agentes da Polícia de "protegerem os brancos".

A Polícia lançou vários petardos na tentativa de impedir a violência dos militantes do ANC, no centro da cidade, onde foram instaladas vedações para separar os militantes do partido no poder de uma acção pacífica de protesto contra a actual crise energética no país.

A manifestação, organizada pelo maior partido da oposição sul-africana, Aliança Democrática (DA, na sigla em inglês), juntou em Joanesburgo e na Cidade do Cabo mais de três mil pessoas, incluindo várias organizações da sociedade civil. Os organizadores da acção de protesto contra a actual crise de energia no país pretendem entregar na tarde de hoje um memorando na sede nacional do ANC, a Lutuli House, no centro de Joanesburgo.

Os sul-africanos enfrentam diariamente apagões de pelo menos 12 horas, sendo que a situação precária da empresa pública responsável por 90% da produção nacional, a endividada Eskom, está na origem da crise de electricidade de longo prazo na economia mais desenvolvida do continente africano.

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