Sociedade

Uma parte dos Pacientes abandonam tratamento

Com sorriso, Luísa Estevão confessa que sente saudades dos filhos, mas recebe carinho dos outros familiares. Quando esses últimos a visitam, apesar das três refeições proporcionadas pelo hospital, levam sempre alguma comida de casa, A mesma sorte tem Pedro Rodrigues.

24/03/2021  Última atualização 12H20
Damião Victoriano,director clinico do Hospital Sanatório, mostra um quadro procupante da doença em Angola © Fotografia por: Rafael Tati | Edições Novembro
Porém, essa sina não é de todos os doentes de tuberculose, que, invés de afecto, às vezes são discriminados, até pelos próprios familiares, lamenta Damião Victoriano. E esses pacientes, quando têm altas e lhes faltam comida e outras condições que facilitam a recuperação, abandonam o tratamento ambulatório, que pode levar entre seis a 20 meses.

No sanatório, em relação à taxa de abandono, até o ano 2020, as estatísticas apontam para os 20 e 25% de casos, explica o médico, salientando que "sempre que um paciente larga o tratamento, a doença é sempre mais difícil de ser curada, por o bacilo se tornar resistente”.
Aliás, Pedro e Luísa são só dois exemplos entre centenas de pacientes que regressaram ao hospital em situação mais crítica. Muitos melhoram, mas outros tantos não resistem aos estragos da doença, alerta o especialista.

Em função disso, a taxa de cura ao nível do Sanatório de Luanda é de 65%, quando a orientação mundial é que 95% dos doentes em tratamento devem atingir a recuperação. Em todo o país, até ao primeiro semestre de 2020, a taxa de sucesso de cura é de 66%.
O director clínico refere que, a par da melhoria da taxa de cumprimento da medicação da parte dos pacientes e da capacidade de cura da unidade sanitária, o hospital quer menos abandono de doentes por parte de familiares. Pois, mensalmente, os números costumam estar entre os 20 e 25 casos.


Capacidade sobe
para mais de 300 leitos


O hospital provisório, que atende diariamente mais de 300 pacientes, está a funcionar com 160 camas. Mas, com a entrada em serviço do novo edifício e das instalações em reabilitação, a capacidade é elevada para mais de 300 leitos.
Damião Victoriano considera um grande passo para que os pacientes sejam melhor acomodados e tenham um atendimento mais humanizado. Por exemplo, das 300 camas, 212 devem ser instaladas em quartos de isolamento e 88 nas enfermarias gerais.

Mas o aumento de leitos não é a única grande novidade. O director clínico refere que o novo hospital vai dispôr de um conjunto de componentes tecnológicas que o actual Sanatório não oferece, com destaque para serviços de ressonância, anatomia patológica, ambulatório com todas as valências de uma unidade docente, bloco operatório, com quatro salas, e cuidados intensivos.
O projecto de modernização do Sanatório indica uma reserva de 36 camas na enfermaria pediátrica de tuberculose, 60 leitos na enfermaria de tuberculose multi-resistente e igual quantidade para a área de HIV/TB, bem como 20 outras na UCI de infectados e 18 no sector da cirurgia.

Consta ainda que o novo Sanatório, dentro das novas valências, vai dispor de serviços de broncoscopia, cirurgias torácica, geral e cardíaca, hematologia, tomografia auxiliar computarizada, ultra-sonografia, entre outras tecnologias que vão ajudar na formação de especialistas em Pneumologia, entre eles tisiologistas.

A hemodinâmica, UTI, serviços de imagiologia, vários laboratórios e meios de diagnósticos são só outras dessas novidades, que se juntam a um serviço de hemodiálise, com 40 quartos, para acudir pacientes renais.
Dentro do projecto, está prevista a criação de um parque de estacionamento para mais de 500 veículos. A boa nova é que o projecto prevê, igualmente, para o novo Sanatório, uma fábrica de oxigénio e gases e uma morgue, com capacidade para 24 cadáveres, além de um serviço de necrotério, o que vai permitir a realização de autópsias.


A UNIDADE HOSPITALAR
Um "monstro”em construção

Se, de um lado, os 900 funcionários do hospital, entre médicos, enfermeiro, técnicos de diagnóstico e pessoal administrativo lutam para salvar vidas de pacientes apoquentados pela TB e auxiliar na gestão da unidade clínica, do outro, está um grupo de operários comprometidos com o andamento da construção, ampliação e modernização do Sanatório de Luanda.

São cerca de 850 homens, na sua maioria, trajados de colete laranja e verde, com capacetes, botas e luvas, que, desde Agosto do ano passado, edificam, no mesmo quintal da velha unidade de tratamento da tuberculose, no bairro Palanca, o que já se considera "o hospital mais moderno do país”.

Entre engenheiros electromecânicos, electrotécnicos e hidráulicos, auxiliados por outros técnicos, o grupo de construtores tem, até Novembro próximo, para deixar funcionais os serviços em instalação nas cinco torres de cada quatro pisos e reabilitar o antigo edifício do Sanatório, fundado em 1972.
As referidas torres estão a ser erguidas numa área de 49.940 metros quadrados, com pontos de ligação ao antigo Sanatório. Esse trabalho, a reabilitação e o apetrechamento da unidade hospitalar estão orçados em mais de 214 milhões de dólares.

O hospital, depois das obras, vai contar com 17 elevadores, sendo 13 aparelhos no novo hospital, três no antigo e um no edifício de formação.

Comentários

Seja o primeiro a comentar esta notícia!

Comente

Faça login para introduzir o seu comentário.

Login

Sociedade