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Uíge prepara técnicos para a gestão das comunicações via satélite

O Governo do Uíge está a instruir 20 jovens para manusear os equipamentos ligados à gestão e à expansão do sinal do Angosat 2, informou, ao Jornal de Angola, o director do Centro Tecnológico do Uíge, Virgílio Cordeiro João.

30/01/2023  Última atualização 08H42
Expansão dos serviços do Angosat 2 © Fotografia por: kindala Manuel | Edições Novembro
Na sequência da inauguração pelo Presidente da República do Centro de Controlo e Missões de Satélites, em Luanda, na última sexta-feira, o responsável referiu que os técnicos em formação estão voltados para as áreas de VSAT, Comunicação Via Satélite, num "número ainda inferior” ao desejado, mas que será aumentado gradualmente nos próximos meses.

Acrescentou que, nesta fase de testes, a província já recebe cinco megas do sinal, a partir de Luanda, aguardando-se pelo aumento da capacidade. "Essa capacidade vai sendo aumentada independentemente da demanda e da solicitação que o Governo do Uíge vier a fazer das empresas que estão a se responsabilizar pela gestão do sinal, a nível da província”, realçou.

Segundo ainda o director do Centro Tecnológico do Uíge, o Infrasat e GGPM são as empresas que, a nível da província, estão encarregados de definir as políticas, o aumento das capacidades e a extensão dos serviços do mecanismo de comunicação.

O sinal das emissões do Centro de Controlo e Missões de Satélites, inaugurado sexta-feira pelo Presidente da República, João Lourenço, está a ser captado a partir de um mini-centro instalado num dispositivo que se encontra na Universidade Kimpa Vita, onde alguns membros do Governo Provincial puderam obter os serviços de Internet nos seus telemóveis.

Uíge consta entre as cinco províncias do país que já recebe sinal, a partir do Centro de Controlo e Missões de Satélites. Virgílio Cordeiro disse que, com a entrada em serviço do Angosat 2, a província perspectiva impulsionar o sector da Agricultura, com a possibilidade da observação e estudo dos solos que vão ajudar consideravelmente os produtores agrícolas no aumento das suas culturas.

De acordo com as suas observações, os benefícios do Angosat 2 serão, também, conhecidos na expansão dos serviços de Telemedicina, pois a província do Uíge está apostada no sector da Saúde.

"Temos cinco municípios que beneficiaram dos serviços de Telemedicina e com o surgimento do Angosat 2 a província terá condições de levar esses serviços para mais municípios”, sublinhou.

Uma área eleita na fase primária dos serviços do Angosat 2, como afirmou Virgílio Cordeiro, será a concretização do plano do Governo provincial, ligado à inclusão digital, traduzida na massificação da inclusão digital, "que significa que estes serviços vão ser levados a outros municípios para facilitar o cidadão”.

A par dos desafios que se impõem na criação das condições técnicas e de infra-estrutura, o Governo assume, igualmente, o objectivo de estabelecer serviços tecnológicos que impulsionam à investigação científica nas universidades, localizadas na província do Uíge.

  Cidadãos podem deixar de usar rede da Namíbia

Os cidadãos residentes nos municípios do Cuangar, Calai e Dirico, na província do Cuando Cubango, poderão deixar de usar a rede de telefonia móvel da MTC da Namíbia, com a entrada em funcionamento do satélite Angosat 2.

Este desejo foi manifestado, sexta-feira, durante o acto oficial de confirmação da recepção do sinal do Angosat 2, na sede municipal do Calai, que contou com a presença de dezenas de pessoas que, desde 20 de Dezembro último, já começaram a sentir os benefícios deste serviço, enquanto se faziam os testes.

A sede municipal do Calai, limítrofe com a província namibiana do Okavango Este, foi contemplada com dois pontos-pilotos para a recepção do sinal do Angosat 2, instalados no edifício da Administração Municipal e junto ao Palácio da Administração.

O sinal está a ser testado com uma velocidade de cinco mil quilobytes por segundo e que abrange um raio de acção de cerca 50 de metros, onde os internautas podem fazer o upload e downloads gratuitos de documentos, fotografias, vídeos e sons.

Alberto Dala, munícipe do Calai, disse que o funcionamento efectivo do satélite Angosat 2 vai acabar com a grande dificuldade que os cidadãos residentes nos municípios da orla fronteiriça enfrentam, no que toca à rede de telefonia móvel para os serviços de voz e Internet, e que são obrigados a recorrer à operadora namibiana MTC, por causa do sinal baixo da Unitel.

Destacou que, por este facto, todos os cidadãos residentes e trabalhadores nos municípios do Calai e Cuangar preferem usar a rede da MTC, porque tem uma alta qualidade de sinal.

Alberto Dala referiu que, devido a esta situação, muitas pessoas gastam em média oito mil kwanzas para ter apenas acesso aos serviços de dados da MTC para investigar e enviar alguns documentos.

"Aguardamos, por isso, com muita expectativa a entrada plena do funcionamento do satélite Angosat 2 que vai melhorar a nossa vida, uma vez que teremos também acesso ao serviço de Telemedicina”, disse.

Lucas Muchongo, professor do ensino secundário no Calai, afirmou que o satélite angolano vai melhorar, significativamente, o processo de ensino e aprendizagem.

Segundo Lucas Muchongo, actualmente, o processo de ensino e aprendizagem tem muitas limitações, por falta de condições de acesso à Internet para que os professores e alunos possam investigar, sem constrangimentos.

Contenção de gastos

O vice-governador do Cuando Cubango para os Serviços Técnicos e Infra-Estruturas, João Bonifácio Cassanga, destacou que com o Angosat 2 os cidadãos residentes nos municípios da orla fronteiriça, as administrações municipais e, até mesmo, o Governo local terão grande contenção de gastos.

Realçou que, a partir de agora, estão lançadas as bases para se acabar com o "calvário” que os cidadãos enfrentam para terem acesso ao serviço da MTC e que são obrigados a gastar um valor acima da média, em comparação com os serviços de outras operadoras angolanas, como os da Unitel.

Salientou que o Calai, em representação de todos os municípios do Cuando Cubango, acolheu, historicamente, o acto oficial do sinal do Angosat-2 que marca uma nova era no processo de desenvolvimento das tecnologias de informação no país.

"Acreditamos, por isso, que o satélite angolano vai acabar com as dificuldades que as nossas populações, cientistas, académicos, entre outros, enfrentam para terem acesso aos serviços de comunicação à altura das expectativas”, disse.

João Bonifácio Cassanga informou que o passo a seguir, depois dos testes que estão a ser feitos no Calai, é expandir o sinal aos municípios e comunas, para que todos os habitantes do Cuando Cubango possam "usufruir deste grande serviço que chega em boa hora para o país”.

Enalteceu a iniciativa do Executivo, por tudo que tem feito para levar o país ao caminho do desenvolvimento sócio-económico, com a implementação de vários projectos e programas que estão a mudar, no verdadeiro sentido, a vida dos angolanos e não só.

Município satélite

A administradora do Calai disse que o seu município, com uma população estimada em mais de 21 mil habitantes e com o satélite na província, vai dentro de dias deixar de depender, depois de longos anos, dos serviços da MTC da Namíbia.

Segundo Adélia Muambeno, por falta de serviço de Internet de qualidade, muitas vezes não era possível enviar alguns expedientes para o Governo Provincial e os técnicos do Calai tinham que se deslocar até à cidade de Menongue, percorrendo cerca de 600 quilómetros de estrada em estado avançado de degradação.

Reconheceu que a entrada em funcionamento do Angosat 2 é um serviço importante a todos os níveis e que vai beneficiar, principalmente a juventude, as instituições de Educação, Saúde e das administrações municipais.

"Com a entrada em funcionamento do Angosat 2, os cidadãos que vivem nos municípios fronteiriços do Cuangar, Calai e Dirico vão deixar de ter preferência da rede de Internet e de voz da operadora MTC da Namíbia, porque o sinal da Unitel vai melhorar e a tarifa será mais barata”, assinalou.

Ganhos na Comunicação Social

O director provincial da Televisão Pública de Angola (TPA), Gaspar Gindanji, frisou que os órgãos de Comunicação Social no país irão funcionar e levar um serviço de melhor qualidade à população com a entrada em funcionamento do satélite angolano. 

Salientou que, a título de exemplo, o sinal da TPA e da Rádio Nacional de Angola chega com muitas dificuldades para todos os municípios do interior da província do Cuando Cubango, mas com o Angosat 2 está garantido que este problema será resolvido.

"É um grande ganho que Angola vai conquistar, na medida em que as comunicações estarão facilitadas e vai permitir que os jornalistas tenham um bom desempenho nas suas actividades”, disse.

Gaspar Gindanji recordou que, anteriormente, a equipa em serviço da TPA no município do Calai não conseguia enviar qualquer matéria para os estúdios centrais em Luanda e tinha que fazer apenas quando estivesse de regresso a Menongue, depois de muitos dias, devido à distância.

"Com os testes que estão a decorrer neste momento da recepção do sinal do Angosat 2, foi possível enviarmos uma matéria em pouco menos de 30 minutos”, disse, acrescentando que, "quando o satélite estiver em velocidade de cruzeiro, será mais fácil enviar as matérias num piscar de olho”.

Por sua vez, o delegado da Agência Angola Press (Angop), Júlio Vilinga, referiu que a entrada em funcionamento do Angosat 2 vai ser uma mais-valia para a empresa, que tem os serviços noticiosos apenas no sistema on-line.

Reiterou que, devido ao custo elevado dos serviços de Internet, muitos cidadãos não conseguem aceder ao site da Angop e até desconhecem da existência da página deste órgão de comunicação social público.

Silvino Fortunato | Uíge Carlos Paulino | Calai

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