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Uíge: Milhares de cristãos encerram peregrinação ao Santuário de Santa Rita de Cássia

Victor Mayala | Uíge

Jornalista

Milhares de fiéis católicos e de outras congregações religiosas participam, até hoje, na 9ª peregrinação ao Santuário de Santa Rita de Cássia, situado na aldeia de Casseche, a 15 quilómetros da cidade do Uíge.

26/05/2024  Última atualização 08H13
© Fotografia por: DR

A romaria, iniciada na quinta-feira, congrega devotos provenientes dos 16 municípios da província, incluindo de outras regiões do país, com destaque para Malanje e Cuanza-Norte, que, durante várias noites de vigília, oraram à Santa Rita para que possa ser a intercessora junto de Deus para a materialização de tudo quanto desejam ver resolvido nas suas vidas.

Problemas de saúde, falta de emprego e conflitos familiares estão entre as principais inquietações levadas ao Santuário, que completou a 6 de Abril último 11 anos desde a sua inauguração.

O peregrino António Henriques, 20 anos de idade, disse à nossa reportagem que participa pela primeira vez no evento e foi agradecer a Deus pelo facto de o manter ainda vivo, apesar de muitas adversidades que tem enfrentado. "Estou aqui desde o primeiro dia, vim pedir bênçãos para conseguir um emprego e ter saúde”, disse o jovem, que vende cartões de saldo na via pública.

Outro devoto, João Tambu, 43 anos, saiu da comuna de Macocola, no município de Milunga, onde, como disse, tem vivido muitos problemas, que preferiu não revelar, adiantando apenas que os mesmos foram apresentados à Santa Rita, a quem considerou "a mãe das causas impossíveis”.

"É uma alegria imensa estar aqui neste local. Venho pela terceira vez consecutiva e muitos pedidos que já fiz foram atendidos pela Santa Rita, como, por exemplo, a minha conversão à Igreja. Agora vim pedir saúde para continuar a viver e educar os meus seis filhos”, referiu a devota Ana dos Santos, de 62 anos.

Ontem, o ponto mais alto da peregrinação foi a realização de uma procissão de velas, em que, num percurso de cerca de um quilómetro e meio, os fiéis transportam, até à Capela, a imagem de Santa Rita, nascida em 1381 em Roccaporena, Itália. Faleceu em a 22 de Maio de 1457, em Cássia, tendo sido beatificada em 1627 e canonizada em 1900, pela Igreja Católica.

Em declarações ao Jornal de Angola, o padre Kenzi Domingos, reitor do Santuário, destacou a importância do local para os cristãos, na medida em que serve, não apenas para rezar, mas, também, para o exercício da piedade cristã.

"Os Santuários para a Igreja Católica são sempre lugares de oração e de encontro com Deus. O cristão, depois de certa altura, terá que se deslocar a um lugar desses para rezar, pedir perdão e agradecer a Deus por muitos dons que se tem recebido. E nestes lugares, além de pedidos de graça, também são lugares de reconciliação e perdão aos inimigos e todas as pessoas que nos tenham ofendido”, disse.

O sacerdote avançou que o Santuário não é um lugar de diversão ou de fazer comércio, como muitos se têm aproveitado, mas é, sobretudo, um recinto de oração, que pode tornar as pessoas cada vez mais cristãs e bons cidadãos, tendo realçado a necessidade de os angolanos darem graças a Deus pelos passos, embora considera tímidos, que vão sendo dados, rumo à plena reconciliação nacional.

"Para os cristãos, a mensagem a deixar não é outra senão aquela de Jesus Cristo que diz: perdoai aqueles que vos ofendem e rezai por eles. Jesus nos quer como pessoas que sabem perdoar, sendo que o nosso Santuário pode ser um bom lugar para o exercício da piedade cristã”, frisou.


 Local sagrado é propício para o turismo religioso

O presidente da Comissão Diocesana da Pastoral da Família, Joaquim Manuel Fernandes, igualmente abordado pela nossa reportagem, notou que o Santuário, que compreende a Capela e um outro espaço situado no cume do monte de Casseche, onde se encontra a imagem de Santa Rita de Cássia, afigura-se como o local propício para a prática do turismo religioso, numa altura em que o Executivo dedica uma atenção particular ao fomento desta actividade, de uma forma abrangente.

"Como sabem, o turismo religioso a nível global é aquele que não só atrai fiéis, mas, também, constrói outras pontes no que tem a ver com o desenvolvimento das regiões e este Santuário não foge à regra. Aportei aqui não só como agente da  pastoral, mas, também, como peregrino. Vim descarregar as minhas energias e pedir a saúde física para mim e para todos os entes que compõem a minha família”, referiu.

Visivelmente emocionado pelo facto de ter escalado o monte e rezado junto à imagem de Santa Rita, o nosso interlocutor defendeu a necessidade se asfaltar as duas vias de acesso à localidade, não apenas para facilitar e incentivar as pessoas ávidas de realizar visitas ao Santuário, mas, também, promover o seu desenvolvimento social e económico.

"Perdemos uma grande oportunidade de fomentar aqui o turismo religioso. Com a asfaltagem das vias, iluminação e gasolineira nesta zona, isso iria fazer com que os peregrinos de várias regiões do país aportassem aqui em grande número, o que permitiria a arrecadação de muitas receitas para a província”, referiu.

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