Os traços histórico-culturais de Angola desde as ancestralidades civilizacionais, às lutas pela conquista da independência, à paz e aos elementos caracterizadores dos novos tempos de desenvolvimento do país vão ganhar, doravante, maior impulso e representatividade no Museu das Civilizações Negras, em Dakar, Senegal.
A União dos Escritores Angolanos (UEA) realizou, sexta-feira, um colóquio sob o tema “As Várias Faces da Poética Netiniana”, enquadrado nas celebrações do 101º aniversário de nascimento de Agostinho Neto, que se assinala hoje.
A actividade ficou marcada com um encontro intergeracional, em que cinco prelectores apresentaram diversas ideias sobre a poética de Agostinho Neto, com o objectivo de se celebrar o 17 de Setembro, data de aniversário do primeiro Presidente do país e, igualmente, o primeiro presidente da Mesa da Assembleia-Geral da UEA, António Agostinho Neto. O encontro, que teve dois painéis, contou primeiro com as intervenções do professor universitário Virgílio Coelho, do escritor Akiz Neto e da escritora e ensaísta Cíntia Gonçalves. Enquanto o segundo painel teve os pareceres de Carla Oliveira, estudante de Língua e Comunicação da Universidade Metodista de Angola, e do educador José Bembo.
Cíntia Gonçalves, que se debruçou à volta do subtema "A obra literária de Agostinho Neto: uma poesia de denúncia, uma poesia actual”, afirmou que Agostinho Neto era um viajante de si mesmo, um conhecedor do poder da palavra, cuja escrita se traduz num verdadeiro cântico para povo angolano e africano.
De acordo com as suas pesquisas, a escritora concluiu que a produção literária de Agostinho Neto assenta na base de escrever o presente com memórias do passado, perspectivando o futuro.
"Nessas obras, Neto traz o pensamento de um futuro melhor para o povo africano, em que o homem negro fosse visto como um ser digno de respeito”, disse.
Cíntia Gonçalves afirmou, ainda, que o Herói Nacional olhava para o homem enquanto grupo e figura individual. Essa análise, disse, foi feita através de um dos versos do seu texto, que refere o seguinte: "Eu já não espero, sou aquele por quem se espera”
"Quando tentamos traduzir essa passagem do poema de Neto, a maior parte interpreta que ele assumia essa responsabilidade de libertador da Nação. Mas, quando terminá-mos de ler, percebemos que Agostinho Neto vem dizer que cada um de nós poderia ser esse libertador”, explicou.
A obra de Agostinho Neto, continuou, é um caminho de memórias, "faz-nos valorizar a experiência individual que nos permite olhar para o todo através da visão do indivíduo”, podendo reconstruir factos históricos a partir de sujeitos que tiveram uma participação relevante. Quando acompanhamos a produção literária de Agostinho Neto, reconheceu Cíntia Gonçalves, percebemos não apenas o seu posicionamento em relação ao contexto em que estava, mas também o posicionamento da própria sociedade, conseguimos encontrar situações de como a comunidade internacional se posicionava sobre os países que eram colonizados.
A prelectora considerou que, num momento extremamente politizado "em que vivemos”, revisitar a obra de um autor conhecido, principalmente pela sua importância nas lutas sociais, "permitir-nos-á ultrapassar esta situação que enfrentamos hoje”, visto que Neto defendia que a soberania pertence ao povo e todos os governantes tinham de se submeter ao povo.
"Esse parecer que faço hoje sobre Agostinho Neto surgiu de um debate que acompanhei nas redes sociais, em que se falava que existe uma forte necessidade de os jovens terem contacto com a poesia de Agostinho Neto, isso mostra também uma preocupação dos jovens em querer saber mais sobre a nossa história”, realçou.
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