Os mais de 60 cidadãos que, há mais de 14 anos, terão investido acima de três milhões de dólares para a aquisição de casas no projecto habitacional “Jardim do Éden” estão mais aliviados, com a garantia de celeridade do processo, dada pelo juiz Sérgio Tati, no decorrer de uma audiência de julgamento, realizada ontem, no Tribunal de Comarca de Luanda.
Carlos Pinho consta da lista de mais de 20 pessoas lesadas, que participaram na audiência, decorrida na sala do Comércio do respectivo tribunal. Todos clamam por justiça, que, segundo eles, passa não só pela devolução do dinheiro, mas também por uma medida de indemnização, pelos danos sofridos.
"Nós encontramos aqui um novo caminho para lutar sobre um direito nosso, o da realização do sonho da casa própria, porque, por mais de 14 anos, recorremos, sem sucesso, e a justiça tem-nos sido negada”, afirmou Pinho, que chegou a investir 140 mil dólares no projecto.
O lesado esclareceu que, durante a audiência a que a imprensa esteve ausente, a mesma não apresentou dados concretos para compensar o investimento feito, tendo, igualmente, avançado que a lei obriga a prazos curtos, para as partes apresentarem as suas contestações e provas, a fim de que, no final, o tribunal tome decisão.
Carlos Pinho apontou José Ferreira Ramos como sendo o detentor de mais de 90 por cento das acções do Jardim do Éden, mas, lamentou, das várias tentativas de encontro com o suposto proprietário, para os devidos esclarecimentos, estas redundaram em insucesso.
As tentativas de centenas de pedidos de encontro com o suposto proprietário no sentido de obter respostas mais evidentes do processo obrigaram a que os lesados constituíssem um único grupo de advogados, para defenderem os seus direitos, "uma vez que o cidadão José Ferreira Ramos alegou, por outras vias de comunicação, não ter construído as casas por invasão dos terrenos”.
Florinda Silva paga mais de 100 mil kwanzas por mês para a aquisição de um imóvel no Jardins do Éden. "Até ao momento, já paguei mais de 70 mil dólares de um total de 145 mil dólares e não tenho casa”, lamentou Florinda Silva, concluindo que o cenário configura uma burla. "Fomos burlados! Não se chama outra coisa, porque já se passaram mais de 25 anos sem resultados”, acusou.
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