Economia

Três perguntas a seis economistas

Pedro Narciso |

Jornalista

Sabendo-se de princípio que a finalidade determinante do projecto para autoconstrução dirigida modelo consiste em mitigar o “défice habitacional do País”, bem como criar “condições que de orientação para a construção de um modelo habitacional de carácter social de implementação e aplicação fácil, célere, com custos reduzidos”, economistas, ouvidos pelo Jornal de Angola, defendem que se deve resguardar de políticas compatíveis com as necessidades da economia do país.

01/06/2023  Última atualização 10H15
© Fotografia por: DR

1- O que acha do projecto de auto-construção dirigida ?
2- O sector privado é capaz?
3- Acredita que a banca comercial tem robustez?

Osvaldo Cruz

1 - Neste momento é fundamental existir a racionalização e organização. O passado mostrou-nos que se o Estado desenvolver da melhor forma o seu papel de intermediação, o cidadão com algum aumento do seu poder de compra conseguirá estar alinahdo aos objectivos definidos neste projecto.

2 - Nesta altura tenho dúvidas. Alguns bancos em Angola estiveram e outros estão em situação de crédito mal parado. E hoje estão numa situação de dúvidas para conceder crédito ao sector privado. As administrações municipais devem atribuir direitos de superfície as famílias.

3 - Com melhorias do ambiente de negócios o sector privado será sempre capaz. O sector privado é capaz de aproveitar e explorar todos os mercados, desde que permitam os empresários a aproveitar e explorar as melhores oportunidades do mercado.

Lopes Paulo

1
- A estrutura das nossas cidades, municípios, e bairros, é fundamentalmente caracterizada por habitações de auto-construção. A diferença agora é que o Estado assume este papel na perspectiva organizacional deste ponto de vista, devemos felicitar a iniciativa, que peca apenas por ser tardia.

2 - O importante é que se faça sentir, quer em Luanda, quer no país todo porque não podemos continuar a crescer de forma desordenada, em termos de construção. O problema reside na descripância entre a necessidade das famílias e a disponibilidade dos bancos.

3 - O sector privado é capaz, para os bancos comerciais, não se trata de uma questão de robustez, é sobretudo uma questão de mecanismos aprovados pelo Banco Nacional de Angola que visa aprovar o crédito à habitação, mas as estatísticas têm mostrado um andamento muito lento.

Luís Chiminha

1 - Esta medida de política pública é um projecto digno de elogio,  caso tudo correr bem, como se espera,, pois irá permitir acabar, em todo o território nacional,  com os bairros desorganizados com falta de urbanidade.

2 - O projecto pretende concentrar o fundo num ministério apenas, quando a experiência em Angola mostrou-nos as vantagens da desconcentração e uma visão participativa. E é preciso a participação dos privados.

3 - Acredito que sim, uma vez que, só para exemplificar, através dos saldos médios das contas bancárias, os bancos  comerciais concederem créedito aos desempregados que tenham um bom histórico bancário. Estamos perante uma boa decisão.

 
Paulo Santos


1 - O país apresenta um défice de habitações na ordem de 5 milhões, enquanto este projecto propõe apenas 4 milhões até 2050, quando as necessidades terão já se multiplicado.  È necessário um programa do género, mais abrangente.

2 - A  gestão privada  vai onerar mais o erário, e trazer menos resultados. Considerando as carências que os jovens enfrentam, mesmo os formados a nível superior, seria muito bem vindo um projecto à semelhança do Kwenda.

3 - Que se  lançasse um fundo de desemprego com critérios de acesso, para prover os desempregados com uma receita mínima, que serviria para sustentação ou para financiamento, enquanto procuram formas de empregar-se.

Augusto Fernandes

1 - É a melhor política  que o Governo adoptou, desde 1975,  porque o povo já auto constrói as suas próprias casas, sem direcção e sem assistência e as famílias poderão contar com o apoio do governo em todo o processo de autoconstrução.

2 - Tem de ter capacidade para investir previamente em infra-estruturas como vias, electricidade, água e esgotos, zonas industriais e outros polos laborais,para que os cidadãos construam as suas casas, financiadas ou com fundos próprios.

3 - No âmbito do aviso 9 do BNA, que está a preparar uma nova versão, onde a taxa de juro é de 7% para a autoconstrução dirigida e assistida, com um período de até maturidade de 25 anos e  com a garantia real do terreno, ou mesmo da habitação, é possível.


Cleber Corrêa

1 - Associação dos Profissionais Imobiliários de Angola sugeriu ao Estado que cada loteamento tivesse uma pré-aprovação de 5 ou 10 tipos de projectos, para que o município não perdesse tempo na burocracia de aprovação junto aos governos provinciais ou administrações.

2 - O sector privado poderia, além de criar loteamentos, construir também casas e ele próprio financiar o comprador, desde que houvesse um mecanismo jurídico que resolvesse rapidamente o incumprimento.

Se essa resposta rápida existisse, onde uma pessoa deixasse de pagar as prestações.

3 - A banca consegue fazer isso com facilidade para créditos de curto prazo, entretanto, um crédito habitacional que chega a 25 anos fica mais difícil. Além disso, em caso de incumprimento, , os tribunais levam de 7 a 10 anos para resolver a questão.

 

 




 

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