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Transferências sociais monetárias vão beneficiar os povos Khoisan

Carlos Paulino | Menongue

Jornalista

O cadastramento dos Khoisan para poderem beneficiar das transferências sociais monetárias (Kwenda) arrancou, este final de semana, na localidade de Mbandua, a 60 quilómetros da sede municipal do Dirico, província do Cuando Cubango.

27/11/2023  Última atualização 13H53
Kwenda vai abranger cerca de 12 mil agregados familiares nos municípios do Dirico, Calai e Cuangar, com principal prioridade para as minorias Khoisan nestas localidades © Fotografia por: DR

O Programa Kwenda, que prevê abranger cerca de 12 mil agregados familiares nos municípios do Dirico, Calai e Cuangar, tem como principal prioridade atender as minorias San nestas localidades.

O arranque do projecto permitiu cadastrar, na localidade do Mbandua, 25 agregados familiares, pelo facto de muitos Khoisan estarem à procura de frutos silvestres, face à estiagem que assolou o município do Dirico.

O chefe de Departamento do FAS -Instituto de Desenvolvimento Local (IDL) no Cuando Cubango garantiu que, dentro de dois meses, os Khoisan na província vão beneficiar, pela primeira vez, dos valores do Kwenda.

Zeferino Cavalo assegurou que é prioridade do Kwenda atender as famílias vulneráveis, com realce para os Khoisan que carecem de uma atenção especial do Executivo para a inclusão social. "Eles vão receber, entre, 66 mil kwanzas, o equivalente a seis meses, ou 132 mil kwanzas, por um ano”.

As transferências sociais monetárias, afirmou, vão melhorar consideravelmente as condições de vida dos membros da comunidade Khoisan nos municípios do Calai, Cuangar e Dirico, que vivem, actualmente, em situação de extrema pobreza.

Com o dinheiro do Programa Kwenda, destacou, vão conseguir ter uma fonte rendimento e, assim, apostar mais na agricultura, pecuária e produção de mel. O Programa Kwenda, recordou, tem quatro camponentes, nomeadamente as transferências sociais monetárias, inclusão produtiva, municipalização da acção social e reforço do cadastramento social único. Até ao mo-mento, o programa já permitiu beneficiar 22.236 agregados familiares nos municípios do Cuchi, Cuito Cuanavale e do Rivungo. "Para a implementação do Kwenda, tem sido feito antes, a selecção dos bairros e aldeias, a formação dos cadastradores, o registo das famílias, inscrição destes no sistema de pagamento, a conciliação financeira e também a gestão do processo de pagamento”, explicou.

 

Ansiedade nas famílias

A administradora municipal do Dirico disse que o Programa Kwenda é muito aguardado pelas famílias da circunscrição, tendo em vista que vai melhorar substancialmente as condições de vida destes habitantes.

Ruth Tenente sublinhou que o Programa chega em boa hora, porque os 15.126 habitantes do Dirico foram  severamente afectados pela seca na campanha agrícola passada. Provavelmente, acrescentou, nesta campanha agrícola, 2023/2024, correm o mesmo risco, tendo em vista que as chuvas não estão a cair com regularidade.

"Quando há fome no município, por causa da estiagem, as pessoas são obrigadas a emigrar para a Namíbia em busca de melhores condições de vida. Mas, a implementação do Programa Kwenda vai ajudar muito os habitantes do Dirico, que neste momento clamam por apoio urgente, devido à estiagem que assola o município”, disse.

A efectivação das transferências sociais monetárias, afirmou, vai permitir muitos habitantes que se refugiaram na Namíbia voltarem para o Dirico. A Administração Municipal do Dirico, garantiu, vai prestar todo o apoio necessário para que os técnicos do FAS - Instituto do Desenvolvimento Local possam cumprir com êxito o processo de cadastramento dos agregados familiares, que reúnem condições para beneficiarem do Programa Kwenda.

  Habitantes de Mbandua beneficiam do Bilhete de Identidade

No total, 34 membros da comunidade Khoisan, dos 160 cadastrados na localidade de Mbandua, a 60 quilómetros da sede municipal do Dirico, província do Cuando Cubango, beneficiaram, pela primeira vez, no sábado, do Bilhete de Identidade.

Durante o processo foram ainda atribuídas dez cédulas pessoais e oito certidões de nascimento às crianças Khoisan, no quadro do programa de massificação do registo civil e atribuição do Bilhete de Identidade.

Joaquina Mutango Ndala, de 60 anos, disse que não contava um dia ter Bilhete de Identidade, ou um documento que a identificasse com cidadã angolana. "Agora já posso também abrir uma conta bancária, ou tratar passe de travessia para ir a Namíbia”.

A cidadã, que disse estar feliz por os membros da comunidade Khoisan do Mbandua estarem a merecer nos últimos tempos uma atenção especial do Governo, louvou o facto de muitos dos habitantes desta comunidade estarem a erguer residências de pau-a-pique para estarem melhor acomodados.

Masseca Burunga, de 36 anos, é outra cidadã beneficiada pela iniciativa. O Bilhete de Identidade, disse, chegou em boa hora. O sonho agora, revelou, é estudar e ter uma conta bancária. Com o documento, acrescentou, vai poder entrar e sair da Namíbia, sem receio. "Antes tínhamos muitas dificuldades para passar na fronteira, mas a partir de hoje a situação está ultrapassada”, disse.

Inclusão social

A Administradora Municipal do Dirico, Ruth Tenente disse que atribuição de registo civil e do Bilhete de Identidade aos membros da comunidade Khoisan constitui uma mais-valia, tendo em conta o programa de inclusão social. A Administração Municipal, salientou, está a trabalhar, em parceria com a Delegação Provincial da Justiça, para que os 160 membros da localidade do Mbandua tenham cédula pessoal e Bilhete de Identidade.

"É preciso continuar a trabalhar para a inclusão social das minorias San na província, devido à situação de extrema pobreza que vivem até hoje”, defendeu, acrescentando que os 160 Khoisan residentes na localidade de Mbandua beneficiaram também de assistência médica e medicamentosa gratuita.

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