Cultura

Tony Frampênio divulga políticas para o crescimento da organização

Mário Cohen

Jornalista

O presidente da Direcção da Associação Angolana de Teatro (AAT), Tony Frampênio, advoga a necessidade da organização exercer o real papel de interlocutor legal junto das instituições públicas e de mecenas, quer a nível nacional quer internacional.

26/11/2023  Última atualização 11H43
Tony Frampênio (primeiro à esquerda) com membros da AAT, cuja tomada de posse da nova direcção acontece no próximo mês © Fotografia por: DR
Em declarações ao Jornal de Angola, o dramaturgo garantiu ter políticas bem traçadas para o engrandecimento das artes cénicas no país e no estrangeiro.

O sucessor de Adelino Caracol está a desenhar melhores políticas do exercício teatral no país para privilegiar os interesses da classe, em que o programa de acção resume-se em três eixos fundamentais, designadamente instituição, formação e gestão artística, que vão ser implementados a curto, médio e longo prazo.

Embora esteja consciente que possui um programa ambicioso, comparou os desafios da sua equipa com a edificação de um edifício, neste caso a AAT, que se deve construir com pessoas capazes e tarimbadas na matéria.

"Nos foi confiada esta missão que é grande, mas perfeitamente realizável. Podemos assegurar que nos dedicaremos com determinação, espírito de equipa e de missão, sabendo manter um diálogo aberto e transparente com toda a classe e com as estruturas representativas da AAT, que considero amigas, amigos e colegas”.

Além de ter apresentado o programa de acção, partilhou com os associados pensamentos de três personalidades que muito admira: "Não há nada mais trágico neste mundo do que saber o que é certo e não fazê-lo” (Martin Luther King); "A educação é a arma mais poderosa para mudar o mundo” (Nelson Mandela) e "Havemos de Voltar” (Agostinho Neto, primeiro Presidente da República de Angola).

Entre as linhas estratégicas para desenvolver a AAT, tem como principal força de acção explorar as potencialidades dos associados, através de uma gestão criteriosa de angariação de recursos e fontes de financiamento alternativas, criação de unidades de investigação permanente, de modo a constituir polos de conhecimento e de inovação, e diversificar as áreas do saber, através do alargamento da oferta curricular para formação de uma figura profissionalizante, com abertura de um centro de formação.

Constam, também, fomentar a notoriedade e a capacidade de intervenção da associação, através de uma maior abertura à sociedade civil e aos órgãos governamentais, no plano nacional e internacional, e do incentivo à publicação, por parte dos membros docentes e investigadores, de artigos em revistas científicas nacionais e internacionais e a publicação de uma colectânea de peças, bem como formalizar institucionalmente as actividades dos artistas do teatro, tendo em conta o compromisso económico, fiscal e profissional através de políticas culturais específicas.

De acordo com o encenador e responsável do grupo Enigma Teatro, a direcção eleita tem muito para oferecer a AAT, pois garante estar dotada de uma larga experiência da actividade docente em estabelecimento do ensino superior público e privado, como também uma vasta experiência de gestão de grupos e projectos teatrais de mais de 30 anos em funções de direcção artística e de direcção administrativa.

Objectivos estratégicos

Entre os objectivos estratégicos, do autor da obra "A Raiva”, constam a promoção a aprendizagem intercultural por via de cooperativas, aumentar o envolvimento dos membros com a AAT na investigação ou em actividades criativas, desenvolver programas orientados para estimular e aumentar as capacidades dos membros e desenvolver parcerias com organismos locais, nacionais e internacionais.

Cultivar o espírito de fraternidade artística entre os membros da AAT faz parte da linha de acção, criando os projectos "Casa do Teatro”, "Roda na Fogueira”, implementação do Comité de Honra da associação, tendo como base os membros fundadores da agremiação, os presidentes cessantes, idoneidade dos membros e percursores do teatro angolano.

Uma outra estratégia é o fomento do teatro nas comunidades e nas escolas por meio de cursos, seminários, fóruns de debates, festivais e concursos. Organizar festivais e concursos em cada província e o Festival Nacional de Teatro, bem como realizar um Encontro Nacional do Teatro com objectivo de desenhar uma visão global e inclusiva, assim como promover um roteiro cultural nacional.

Outra tarefa, afirmou, é colaborar com o Executivo, por via da 6ª Comissão da Assembleia Nacional, de modos a promover a interpretação dos dossiers do teatro angolano, a sua importância na pacificação dos espíritos e cultura de paz, com vista a beneficiar do estatuto de entidade de gestão colectiva de Direito de Autor e Conexos, para dignificar os que se ocupam pela dramaturgia no país.

Elevar a AAT à condição de instituição de Utilidade Pública e propor a actualização monetária do Prémio Nacional de Cultura e Artes. A outra questão que mereceu atenção do novo presidente da associação é a compreensão do exercício da Lei do Mecenato de modos a beneficiar a AAT, desenvolver, junto com as instituições públicas e privadas, editais de projectos artísticos e Fundo de Apoio com impacto económico, bem como projectos de empoderamento de jovens artistas, atribuindo "kits” de luzes, som e palcos.

Colaborar com o Conselho Nacional da Juventude (CNJ) de modos a orientar e formalizar a actividade do teatro, praticado por mais de 15 mil jovens em todo o país.

Estudar com as instituições bancárias um modelo de atribuição de crédito aos grupos de teatro para desenvolverem projectos de sustentabilidade, de acordo com o PRODESI, PAC e o Plano de Desenvolvimento Nacional, tendo em conta que lazer, através da prática artística, é, também, um bem essencial, na óptica de Tony Frampênio.



Perfil do novo presidente da AAT

Tony Frampênio é pseudónimo de Francisco Pedro António, originário do Cuanza-Sul. Dramaturgo e encenador, licenciado em Teatro pelo Instituto Superior de Artes (ISART), actual Faculdade de Artes da Universidade de Luanda. Mestre em Ensino das Literaturas em Língua Portuguesa, pelo Instituto Superior de Ciências da Educação (ISCED) e formação, também, em Planificação e Avaliação de Projectos Culturais (Procultura), no Instituto Camões, em 2023.

É autor das obras "A Lata Vazia” (2000), "O Pensamento do dia” (2001), "A Casa dos Loucos” (2002), "Adrenalina Pura”, (2003), "Se não Fossem as Mulheres” (2004), "Apaixonados por Engano” (2005), "Sambatchuca” (2006), "Borboleta ou Barata?” (2007) e "De Luandinha a Luanda para Luandão” (2007). Obteve o prémio de Melhor Encenação e Melhor Actor do Prémio Cidade de Luanda, edição 2008.

Tem ainda as seguintes peças: "A Grande Questão” (2008), terceiro classificado do Prémio Cidade de Luanda, em 2009, "A Raiva” (2009), vencedor do Prémio Cidade de Luanda, em 2010, "Na Corda Bamba” (2010), "O Colchão” (2011), "O Sujeito e a Azarada” (2013), "Cheiro de Feijão Queimado” (2014), "Curso de Casais” (2015), "Há Mar... Há Terra...” (2015), vencedor do Prémio Angola Independente 40 anos (2015), "Cuidado com o Cão”, (2016), "Desinquilinados” (2017) "Amigas e Rivais” (2017).

Criou ainda as peças "Na rua dos cães, um outro tipo de cão” (2018), "Assalto ao BNA” (2019), "Mamã Bombó” em 2019, adaptações do livro "Quem me dera ser onda”, de Manuel Rui, e "Cangalanga, a Doida dos Cahoios”, de José Mena Abrantes.

Publicou algumas obras literárias: "A Raiva”, em 2021, "A Grande Questão”, (2021), "Teatro da Tarimba” (ensaio), em 2021 e "Teatro da Ampulheta” (estudo), em 2023.

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