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Tempestade “Eloise” deixa a África do Sul em alerta

O serviço sul-africano alertou, ontem, para a ocorrência de chuvas torrenciais nas províncias de Limpopo, Mpumalanga e KwaZulu-Natal, devido à tempestade tropical “Eloise” que atingiu Moçambique durante o fim-de-se-mana, revelou a Efe.

26/01/2021  Última atualização 09H48
Mau tempo provocou mortes e destruição de infra-estruturas sociais na Beira (Moçambique) © Fotografia por: DR
A África do Sul produz a maior parte da energia eléctrica a partir do carvão no Norte do país, onde as centrais de Matimba e Medupi podem vir a ser as mais afectadas pelas inundações, de acordo com a trajectória de previsão da tempestade.
A região Central de Moçambique foi, desde a madrugada de ontem, atingida pelo ciclone "Eloise” que trouxe uma forte precipitação e ventos de mais de 160 quilómetros por hora. A cidade portuária da Beira foi uma das principais afectadas. Segundo as autoridades oficiais, pelo menos seis pessoas morreram e 12 ficaram feridas, além de ter  danificadas cerca de 5 mil habitações, muitas delas precárias.

Em menos de 24 horas, Beira foi atingida por 250 mm de chuva, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia de Moçambique. A tempestade chegou à cidade durante a noite tornando "impossível dormir por causa do barulho e do medo”, disse à BBC, Chris Neeson, funcionário da ONU na cidade da Beira.

As autoridades locais, em conjunto com agências de apoio humanitário, estão, ainda, a fazer o levantamento dos danos causados pelo ciclone. A rede de electricidade e de comunicações continua em baixo, deixando algumas áreas sem qualquer acesso. Beira é a segunda maior cidade de Moçambique, com uma população de cerca de 500 mil pessoas. Depois da passagem do ci-clone, mais de mil casas ficaram completamente destruídas e três mil estão danificadas gravemente.

Ao nível de infra-estruturas públicas, há 11 centros de Saúde e 26 salas de aulas danificadas e quatro estradas estão intransitáveis. Estima-se que quase 137 mil hectares de áreas agrícolas estejam inundadas, agravando as previsões de fome na região. Há 6.859 pessoas deslocadas em 21 centros de acomodação e, pelo menos, 4.246 pessoas foram transferidas nos últimos dias.
Segundo António Beleza, representante do Instituto Nacional de Moçambique para a Gestão e Redução de Desastres, mais de 160 mil pessoas foram afectadas por esta tempestade.

Na região Central de Moçambique, foi ainda registada a subida do caudal de rios, que galgaram as margens e inundaram as zonas envolventes. Também vastos campos de cultivo ficaram completamente alagados, levando muitas pessoas a perder as colheitas.
O nível da água estava já elevado antes da chegada do ciclone "Eloise”, devido à tempestade tropical "Chalane” que atingiu a região no início do ano com chuvas intensas.

Também em 2019, o país foi atingido por dois ciclones devastadores, "Idai” e "Kenneth”, que fizeram centenas de mortos e deixaram milhares de desalojados. Por sua vez, a coordenadora residente das Nações Unidas em Moçambique disse, ontem, à Lusa que o país sofre uma "coincidência fatal” ao passar por uma época ciclónica tão activa quando enfrenta uma crise humanitária no Norte, na província de Cabo Delgado.

Julgamento de Zuma

A Justiça sul-africana, ao rejeitar a contestação do grupo francês Thales à acusação de extorsão relacionada com um contrato de armas de 1999, permitiu que avance o julgamento por corrupção do ex-Presidente do país, Jacob Zuma, revelou, ontem, a Efe. O ex-Presidente sul-africano, no poder entre 2009 e 2018, enfrentará 16 acusações de fraude, tráfico de influência e extorsão, relacionadas com a compra de aviões de caça, barcos de patrulha e equipamentos militares da Thales, quando era Vice-Presidente de Thabo Mbeki.

O  ex-Presidente é acusado de ter recebido 218 mil euros em subornos, como parte de um contrato global no valor de cerca de 2,8 mil milhões de euros com a gigante francesa do sector da defesa e aeroespacial.
A Thales, que também é acusada de corrupção, extorsão e branqueamento de capitais no caso, tinha contestado a acusação de extorsão, em 2020, por falta de provas. Mas, ontem, um tribunal sul-africano indeferiu o pedido, disse o Serviço Nacional de Procuradoria (NPA) da África do Sul, eliminando, deste modo, um dos últimos obstáculos legais ao julgamento. Assim, as primeiras audições deverão começar no próximo mês.

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