Economia

Taxa de inflação reduz de 27,03 para 13,86%

Yola do Carmo

Os dados oficiais do Instituto Nacional de Estatística (INE) avançam que, em 2022, se observou uma redução da taxa de inflação, situando-se em 13,86 por cento, contra 27,03 do final de 2021.

28/02/2023  Última atualização 08H01
Vice-governador do BNA, Manuel Tiago Dias, fez a abertura/Director do Centro de Estudos da Lusíada, Heitor Carvalho © Fotografia por: DR

Para este ano (2023), a previsão aponta para uma taxa de inflação que deverá situar-se entre 9,0 e 11,0 por cento, disse o vice-governador do Banco Nacional de Angola, Manuel Tiago Dias.

Na abertura do "Workshop sobre Indicadores de Expectativas de Mercado”, realizado, ontem, no auditório Mucuta do BNA, em Luanda, Manuel Tiago Dias disse que se perspectiva ainda para este ano um crescimento da actividade económica em torno de 3,3 por cento, apesar dos riscos associados à conjuntura económica internacional.

"Há cerca de quatro anos, alguns dos convidados aqui presentes tiveram a oportunidade de testemunhar o lançamento do Indicador de Expectativas de Inflação, ocorrido no dia 16 de Dezembro de 2019 no Museu da Moeda. Graças a vossa colaboração e participação nesta iniciativa, aperfeiçoámos os nossos instrumentos de previsão da taxa de inflação”, disse.

De acordo com o vice-governador do BNA, Tiago Dias, com a experiência acumulada ao longo deste período, e tendo em conta o processo preparatório para a adopção do regime de metas de inflação, o banco central decidiu alargar o âmbito deste indicador, com a introdução de duas novas variáveis macroeconómicas (a taxa de câmbio e a taxa de crescimento real do PIB), passando assim a designar-se por Indicadores de Expectativas de Mercado.

Lembrou que nos termos da Constituição da República e da Lei, o Banco Nacional de Angola tem como principal missão, garantir a estabilidade de preços na economia.

Lembrou ainda que os primeiros inquéritos lançados pelo Banco Nacional de Angola para a recolha das expectativas ou sentimentos dos agentes económicos em relação à taxa de inflação, apresentavam um horizonte de apenas três meses, e restringiam-se às instituições sediadas na província de Luanda.

"Com os novos inquéritos desenvolvidos recentemente, para além da introdução de novos indicadores (o indicador de expectativas da taxa de câmbio e o indicador de expectativas da taxa de crescimento real do PIB), há também um alargamento territorial e do horizonte temporal dos inquéritos, ou seja, os inquéritos de expectativas de mercado passam doravante a abarcar um período que vai até aos doze meses (com excepção do inquérito da taxa de câmbio, 3 meses), e uma cobertura nacional”, apontou.

 

"Desluandização”

O Departamento de Estatística do Banco Nacional de Angola alargou, desde ontem, para fora de Luanda, a base de instituições participantes na recolha de inquéritos sobre as expectativas da inflação.

Este passo visa permitir que fora da capital do país venham também as perspectivas sobre o comportamento dos preços e da economia no geral, de acordo com o director Joel Futi.

"Estivemos aqui num workshop, onde convidamos várias instituições, desde as de Ensino Superior, banca, seguros e operadores da cadeia alimentar. O grande objectivo era apresentar as alterações propostas, na qualidade de parceiros do inquérito sobre os indicadores de expectativas de inflação, as melhorias que fizemos, porque, como sabe, há quatro anos, quando lançámos esta iniciativa, recolhia-se apenas a expectativa com a inflação, num período até três meses. Com a experiência adquirida e tendo em conta o contacto com outros bancos centrais, decidimos alargar a cobertura”, disse.

Segundo Joel Futi, a análise da inflação exige a observação de outras variáveis, como é o caso da taxa de câmbio, pois a economia é ainda importadora e a fonte de entrada de divisas é exportação de petróleo bruto, o que faz com que a taxa de câmbio seja uma variável com um repasse significativo sobre a taxa de inflação.

"Havia a necessidade de trazer o câmbio para o nosso indicador de expectativa de inflação. Passamos a ter um inquérito para a taxa de câmbio e, por último, a própria dinâmica da economia, o seu crescimento em termos reais, aqui falámos do PIB, que também trouxemos e passa a ser outras das variáveis introduzidas, a partir do primeiro dia do mês de Março”, esclareceu.


CINVESTEC aprova alargamento da base de expectativas

O director do Centro de Investigação Económica da Universidade Lusíada (Cinvestec), Heitor Carvalho, disse, ontem, em Luanda, no final do "Workshop sobre Indicadores de Expectativas de Mercado”, realizado pelo BNA,  que o instrumento de medição das expectativas de alguns agentes dos mercados é muito útil e que todas as economias do mercado assim como os bancos centrais usam-se do mesmo para  antecipar e tomar medidas.

Heitor Carvalho  comentou ser pretensão das autoridades, com a adopção deste modelo, tentar antecipar a taxa de inflação, ou seja, saber antes de acontecer qual é a taxa adequada, que permite ao BNA  tomar medidas de antecipação e contrariar aquilo que prejudica o curso normal da taxa de inflação onde estas sejam mais efectivas.

De acordo com o director da Cinvestec, com a opinião e apoio  de todos, certamente, o BNA terá uma antecipação da taxa de inflação e do crescimento do produto mais proactivo. Por outro lado, explicou Heitor Carvalho,  existem  muitas limitações nas antecipações  das taxas de inflação, o que obriga a instituição a  pensar  em antecipar e perceber aquilo que são as metodologia do INE do cálculo inflação e do Produto Interno Bruto (PIB).

"Temos muitos problemas  quer no cálculo  da inflação quer na do PIB, e, para podermos ajudar, teremos que  apresentar uma expectativa que não será, exactamente, a expectativa de inflação do país, mas aquela que irá ser a inflação calculada pelo INE”, disse.

De acordo com dados do centro de investigação económica, Cinvestec ,a inflação, de 2021 e 2022, foi um  geral de preços de 27 por cento quando todos os produtos subiam nos mercados e continuou-se a ter a mesma taxa de inflação de 27 por cento quando viu-se que  os produtos importados  baixaram generalizadamente de preço. Com uma depreciação do  dólar  face ao Kwanza de cerca de 24 por cento seria um caso único no mundo se os produtos importados não ficassem mais baratos. Mas, não obstante a inflação se manteve igual.

A causa da inflação, em 2021, não foi monetária nem cambial nem sequer de escassez (a oferta cresceu relativamente a 2020), mas exclusivamente devida à subida das margens dos negócios, devido à redução da concorrência.

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