Economia

Subvenção impulsiona sector agro industrial

Estanislau Costa | Lubango

Jornalista

O impulso do sector agro-industrial do país continua a depender do apoio incondicional do Executivo por haver vários serviços que, até ao momento, não estão à disposição dos empreendedores nacionais e estrangeiros, razão pela qual consideram estratégica a subvenção ao preço do gasóleo.

03/06/2023  Última atualização 10H30
Agrónomo Yudo Borges é dos maiores produtores de morango do país e na província da Huíla tem gerado inúmeros empregos directos e indirectos © Fotografia por: Edições Novembro

Este reconhecimento foi manifestado pelos agro-pecuaristas e industriais da província da Huíla, quando reagiam ao reajuste sexta-feira do preço da gasolina, novos procedimentos para o abastecimento dos transportes públicos e manutenção do preço do gasóleo.

Na fazenda Jamba, a maior produtora de morangos do país, o seu responsável, Yudo Borges, valorizou a não inclusão, por enquanto, do gasóleo nos novos reajustes, por continuar a ser "o motor de toda a actividade agropecuária em vários pontos do país, incluindo o transporte do campo para os mercados”.

Yudo Borges reconhece, todavia, que um dia a subvenção dos preços dos combustíveis chegará ao fim, devido aos elevados encargos financeiros que isso acarreta ao Estado. Elogiou, por outro lado, o plano das autoridades de adoptar  medidas de mitigação para apoiar  o sector produtivo e dos transportes públicos de passageiros.

"O sector produtivo nacional continua a depender exclusivamente do gasóleo para movimentar diversas áreas, nomeadamente mecanização,  camionagem, grupos geradores,  camiões vocacionados ao escoamento de quantidades consideráveis de produtos do campo”, referiu.

Enalteceu, por isso, as autoridades pela forma sábia como programou a materialização do corte ou redução das subvenções, assim como a escolha do sector dos transportes públicos de passageiros, de carga e outros, que ainda vão continuar a beneficiar do custo antigo da gasolina nos postos de  abastecimento, mediante uma identificação própria que evite a fraude.

Segundo Yudo Borges, urge envolver todos na fiscalização do processo, de modo a desencorajar as práticas de potenciais  malfeitores.

"Os cidadãos devem voluntariamente fazer parte do controlo e denúncia às autoridades de direito dos aproveitadores que põem em causa muitas vezes as boas acções do Executivo”, disse.

Sugeriu que a actual potenciação do sector eléctrico, com  a construção e requalificação de barragens,  bem como a montagem de sistemas fotovoltaicos em vários pontos do país,  deve ser acoplada a projectos de electrificação das zonas produtivas do país, com vista a reduzir, paulatinamente,  o uso do gasóleo na actividade agrícola.

O engenheiro agrónomo  Júlio Fortes considerou ser este o momento oportuno para o Executivo levar a cabo as medidas de contenção de recursos, sobretudo "nos sectores que já reúnem algumas condições para caminhar sozinhos e criar riqueza convincente para o país”.

Júlio Fortes considerou que o sector agrícola ainda necessita de ser alavancado para que se possa aderir folgadamente ao mercado de livre comércio da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral  (SADC), integrada por Angola, África do Sul, Botswana, Lesotho, Malawi, Ilhas Maurícias, Moçambique, Namíbia, República Democrática do Congo, Seychelles, Swazilândia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabwe.

Quem também considerou de elevado alcance a medida do Governo é o agricultor  Agostinho Martins, para quem os anos de enxada e catana o ensinaram a reconhecer o quanto é importante poupar com a produção realizada ainda muito à base da rega por motobombas.

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