Opinião

Soluções inclusivas e definitivas na RDC

As atenções continuam concentradas na República Democrática do Congo (RDC), depois do feito alcançado em Luanda, durante a segunda sessão da reunião ministerial entre as delegações da RDC e Rwanda, que decorreu sob a mediação angolana, em que se anunciou o cessar-fogo.

05/08/2024  Última atualização 07H50

Em Angola, saudamos a disponibilidade e engajamento dos Presidentes da RDC, Félix Antoine Tshisekedi, do Rwanda, Paul Kagame, em colaborar com a mediação exercida pelo Presidente João Lourenço, apesar do ambiente de crispação que paira ainda no ar e que é preciso dar lugar a uma atmosfera construtiva e de conciliação.

Mais de vinte e quatro horas depois, acreditamos que as perspectivas de paz podem ser reais, porque, tal como constou no Site do jornal congolês Le Potentiel, "este anúncio representa esperança para milhões de congoleses que vivem nas garras da violência e da insegurança”.

É verdade que existem ainda desafios e, atendendo que não se trata da primeira iniciativa, é normal que, ao mesmo tempo que se dá o benefício da dúvida ao passo dado em Luanda, tenhamos, também, optimismo moderado.

Mas, o importante é levar as partes ao reconhecimento de que pela via militar não há solução para o problema da RDC, a um maior compromisso da parte dos principais parceiros daquele país no sentido de esvaziar a componente externa da conflitualidade, além da agenda interna para que os congoleses sejam capazes de resolver os seus problemas.

O mecanismo ad hoc de verificação reforçado, tal como foi designado a comissão militar trilateral, formado por militares congoleses, rwandeses e angolanos, deverá ter um papel instrumental no processo de acompanhamento da implementação do cessar-fogo.

Esperamos que o passo dado em Luanda, com o anúncio do cessar-fogo, seja apenas o primeiro entre outros que deverão levar a erradicar a profunda desconfiança e o ambiente de animosidade, a julgar pelas últimas declarações proferidas pelas lideranças da RDC e do Rwanda, para um contexto de pacificação.

Na verdade, acreditamos que há consciência generalizada em toda a região e em cada um dos dois países de que a desestabilização e o conflito militar, bem como todos os seus efeitos, acabam por afectar todos.

As preocupações de segurança da RDC e do Rwanda devem ser acauteladas e respeitadas, tal como prevêm os compromissos do Roteiro de Luanda, razão pela qual a observância do cessar-fogo pode ser um passo incontornável, ao lado do engajamento político interno que deverá existir na RDC.  Tal como tem feito constar o Presidente João Lourenço, independentemente do desfecho dos processos de mediação, tem de haver espaço para, no quadro do diálogo interno, chegar-se a soluções inclusivas e definitivas na RDC.

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