Como ponto de partida, vale referir que estamos perante um tema delicado, já que as causas da indisciplina ultrapassam o âmbito escolar, pedagógico, psicológico, psicanalítico e mesmo social, ou seja, estamos perante um fenómeno que não se pode estudar de forma isolada (Aquino, 2000).
Desconheço o estado de ânimo dos leitores, mas, pela parte que me cabe, não estou nada otimista, pelo contrário, em relação ao futuro próximo da humanidade. O conflito na Ucrânia é apenas uma manifestação e um sintoma de algo mais grave que pode estar em gestação: a destruição da ordem mundial tal como a conhecemos, se não mesmo da própria humanidade.
Os sinais indicam que os EUA, principal potência mundial e vencedora da guerra fria que opuseram o referido país à extinta União Soviética durante décadas, acreditaram genuinamente que a História havia acabado. Porém, não acabou e, no fim do século passado, o mundo assistiu à emergência de uma possibilidade inédita: a criação de uma ordem multipolar, ao invés da ordem unipolar, estruturada em torno dos EUA e que parecia inevitável após a derrota da URSS e consequente extinção da ordem bipolar característica do período da guerra fria.
A China, com o seu sistema capitalista de partido único, assumia-se (assume-se) como o líder natural dessa provável nova ordem. Outras nações, todas elas capitalistas, tais como a Rússia, a Índia, o Brasil e a África do Sul, constituindo, juntamente com a China, o grupo designado Brics, reforçaram essa possibilidade. Outros países, como o Irão, mas não só, têm igualmente condições de participar e reforçar essa dinâmica. Assumindo o seu natural papel de liderança, a China lançou o projeto das novas rotas da seda. De igual modo, ampliou a sua cooperação com a União Europeia, em especial países como a Alemanha.
Desde a primeira administração Obama, pelo menos, os Estados Unidos acusaram o toque. Ele chegou mesmo a definir o Pacífico a prioridade estratégica do país em termos de geopolítica, o que levou certos líderes europeus a verbalizarem o seu receio de serem abandonados. Trump pareceu dar razão, momentaneamente, a esses receios, pois, durante o seu mandato, não deu a mínima para a Europa. Mas Biden, uma vez eleito, sossegou o velho continente: "Americaisback”, disse ele. Isso não impediu, entretanto, os EUA de declararem oficialmente a China como o seu "inimigo estratégico” principal. A novidade (?) é que essa definição foi igualmente assumida pela OTAN, por escrito.
Está a ocorrer, por conseguinte, um confronto declarado entre a (ainda) principal potência imperial e os seus potenciais concorrentes, com a China à cabeça. Duas notas importantes: a primeira é que não se trata de um confronto entre dois modelos económicos diferentes, tal como aconteceu no período da guerra fria, pois, agora, a China, a Rússia e os seus aliados são assumidamente capitalistas; a segunda é que tentar justificar esse confronto com uma alegada "batalha pela democracia” é, no mínimo, esquizofrénico, uma vez que as alianças estratégicas dos EUA com várias ditaduras em todo o mundo ao longo da História, até ao presente (vide Arábia Saudita, mas não só) são conhecidas de todos. É um conflito pelo domínio global do mundo. Ponto.
O mais dramático é que não se trata de um conflito pacífico. A guerra na Ucrânia faz parte dessa disputa mais ampla pelo domínio global do mundo a que me refiro. Não tenho dúvidas: do ponto de vista da principal potência imperial, trata-se de destruir ou pelo menos fragilizar a Rússia, para que o alvo principal dos EUA (a China) não possa contar com o eventual apoio do aparato militar russo, em caso de necessidade. Essa estratégia está a ser levada a cabo simultaneamente com outras iniciativas de natureza militar no Pacífico, envolvendo dois aliados importantes dos Estados Unidos: o Reino Unido e a Austrália.
Quais as consequências deste confronto para as demais regiões do planeta? Como podem os restantes países reagir à atual dinâmica belicosa e militarista, a que alguns já chamam a III Guerra Mundial? É o que abordarei no texto da próxima semana.
Seja o primeiro a comentar esta notícia!
Faça login para introduzir o seu comentário.
LoginO Mister Cunene 2022, Aguinaldo Samuel Ngulana, mostrou ser um homem ligado às boas causas. O detentor da faixa de homem mais belo da província do Cunene, realizou no sábado, uma acção de solidariedade, que incluiu 70 famílias da comunidade Khoisan de Ondova e da sede da comuna de Oshimolo, no município do Cuanhama.
O reverendo e académico angolano Paulo Carvalho, que participou do colóquio “Mentes Brilhantes” organizado pela universidade de Oxford, na Inglaterra, foi recebido, esta terça-feira, pelo embaixador de Angola no Reino Unido, Sachipengo Nunda, numa clara demonstração de satisfação pelo resultado alcançado pelo também académico.
A ministra da Juventude e Desportos, Palmira Barbosa, incentivou, esta terça-feira, as associações e agentes desportivos a dinamizarem as diversas modalidades desportivas na província.
O primeiro grupo de 451 estudantes finalistas do Instituto Superior Politécnico Privado de Menongue (ISPPM) começaram, na segunda-feira, a defenderem os trabalhos de fim curso em comunicação social, psicologia, economia e engenharia informática e direito.
Pelo menos, 4.434 famílias carenciadas do município do Rivungo, que dista há mais de 700 quilómetros da capital do Cuando Cubango (Menongue) começam a beneficiar, a partir de primeira quinzena do mês de Abril, das transferências sociais monetárias, no âmbito do Programa de Fortalecimento da Protecção Social, denominado Kwenda.
Uma delegação do Ministério da Cultura chefiada pelo director nacional das Comunidades e Instituições do Poder Tradicional, Albano Cufuna, trabalha, esta terça-feira, na localidade de Muculo-a-Ngola, onde vai avaliar as condições para a edificação do memorial e requalificação dos túmulos do Reino do Ndongo, designadamente, Rainha Njinga Mbande, Ngola Kiluanje e Mbingue a Mbande, que jazem naquela localidade histórica, que dista a mais de 200 quilómetros a norte de Malanje.
Os Estados Unidos da América (EUA) vão apoiar com 100 milhões de dólares na próxima década a luta contra o terrorismo na África Ocidental, anunciou, esta terça-feira, a vice-presidente, Kamala Harris.
O embaixador dos Estados Unidos da América em Angola, Tulinabo Mushingi, destacou, esta terça-feira, em Luanda, a dimensão da Edições Novembro no sector da comunicação social angolana, durante uma visita à empresa.