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Mulher bastante resiliente e mãe de dois rebentos, Rosa Sambo contou ao Jornal de Angola que ganhou simpatia pela rádio aos 22 anos, por influência do seu pai, Pedro Simba, que na época exercia as funções de operador de som na RCC, que a convidou a conhecer os meandros da sua profissão.
Sem hesitar, Rosa Sambo aceitou o convite do pai e foi até à Rádio Comercial para inteirar-se do que o seu progenitor fazia no dia-a-dia.
"Tudo começou com o convite do meu pai em 1997. Eu não hesitei e aceitei logo”, disse Rosa Sambo, para quem depois de começar a frequentar aquela estação radiofónica começou então a ter o gosto pela sonorização, uma actividade antes exercida somente por homens.
Com o auxílio do pai, que na época já assumia as funções de chefe de sector técnico, as coisas tornaram-se mais fáceis para ela, apesar de alguns colegas da área manifestarem muitas dúvidas quanto à sua adaptação.
"Os colegas do meu pai, como o Lelo Nhati e o Laurindo Guerra, tinham muitas dúvidas sobre mim, eles me perguntavam quase sempre se eu poderia seguir a mesma trilha profissional do meu pai”, contou Rosa Sambo. Esta, ao se justificar, sempre manifestou a crença de que um dia poderia realmente aprender a profissão do seu progenitor e ser uma excelente operadora de som.
Depois de concluir o pré-universitário em Ciências Humanas e Sociais, Rosa Sambo passou a ter mais disponibilidade para permanecer na rádio e decidiu então fazer um estágio profissional de um ano, sem remuneração. A estratégia permitiu-lhe absorver melhor os conceitos e a prática da sonorização.
"No princípio,parecia muito difícil, mas depois de frequentar o estágio passei a dominar as técnicas da consola, um instrumento com mais de mil botões e a seleccionar músicas”, disse.
A carreira profissional de Rosa Sambo na Rádio Comercial de Cabinda consolidou-se precisamente em 1996, ano em que foi admitida para os quadros daquele órgão de difusão massiva com pendor comercial, passando, depois da sua admissão, a assumir "a grande responsabilidade” de organizar e seleccionar as músicas para os diferentes programas.
De lá para cá, Rosa Sambo jamais desempenhou qualquer outra actividade que não fosse a de operadora de som, uma profissão de que, segundo disse, se orgulha bastante. E a cada dia que passa empenha-se mais para mostrar à sociedade que"as mulheres também podem exercer com profissionalismo esta actividade, normalmente, rotulada como apenas para homens”.
A ousadia de ter enveredado por uma "profissão masculina”, de acordo com Rosa Sambo, "fez de mim uma referência para muitas mulheres na cidade de Cabinda, que hoje também já exercem, e com muito sucesso, a mesma profissão”.
Citou,entre outras seguidoras, a Ermita Comba, operadora de som há três anos na Rádio Ecclesia em Cabinda.
"Ser operadora de som é um verdadeiro sacerdócio”, disse Rosa Sambo, para acrescentar que "o técnico deve entregar-se de corpo e alma, porque só sabe a hora de entrar no local de serviço e nunca à de saída”.
A nossa entrevistada confessou que ama o trabalho que faz, razão pela qual permanece até hoje naquela estação radiofónica. "Tudo pelo amor à camisola e nunca por motivos remuneratórios, que por sinal não são tão atractivos”, disse, argumentando que quando chegou à Rádio Comercial havia no quadro do seu pessoal mais de quinze funcionários, entre jornalistas e técnicos, mas infelizmente a maior parte destes trabalhadores saíram da empresa à procura de novas oportunidades.
A chave do sucesso
Rosa Sambo defende que a humildade é a chave para se atingir qualquer patamar na vida. E a humildade é umacaracterística que conforma a sua personalidade e que lhe valeu bastante para que hoje fosse uma excelente operadora de som, capaz de trabalhar, sem problemas, em qualquer estação radiofónica, e para a sua ascensão aos cargos de chefe da área técnica e de operadora principal.
Com a experiência profissional que transporta na bagagem, Rosa Sambo tem sido uma fonte de aprendizagem para os colegas da nova geração que pretendem abraçar o sector da radiodifusão, mais concretamente a área da sonorização.
"A nova geração precisa de aprender muito para poder ter experiência na vida. E nós estamos cá precisamente para transmitir os conhecimentos que bebemos dos nossos colegas”, realçou.
Rosa Sambo disse também que durante o tempo do seu aprendizado viveu momentos difíceis, em que muitos colegas lhe dirigiam críticas para a desencorajar. Mas, adiantou,como o seu foco esteve sempre virado em aprender, nunca se importou com as tentativas de humilhação.
"Recebia muitas críticas de colegas questionando se, eventualmente, eu iria conseguir ou não! Alguns até chegavam mesmo a dizer que eu estava a perder só o meu tempo, mas eu não os ligava,para mim o mais importante era tirar proveito do lado positivo das suas críticas para poder me transformar em boa profissional”, disse.
Para Rosa Sambo, o grande embaraço que tem estado a registar em toda a sua carreira profissional tem a ver com a questão de conciliar as tarefas domésticas com às do serviço, tendo em conta que é mãe, esposa e trabalhadora.
"Não tem sido fácil conciliar os deveres de casa e ao mesmo tempo as actividades profissionais, tendo em conta que pelo carácter do trabalho que exerço, só tenho hora de entrada e nunca sai a hora de saída” explicou a profissional, que vezes sem conta teve que dobrar o horário de serviço, por alegada indisponibilidade do seu colega, alternante. "Há momentos em que recebo chamada telefónica do meu colega operador que deve me render, alegando indisponibilidade. E eu, perante a situação, não tenho mais nada a fazer senão dobrar o tempo de serviço”, afirmou, acrescentando que, como consequência, fica largas horas fora de casa sem o mínimo controlo dos filhos e do esposo.
Como dona de casa,Rosa Sambo admitiu que tem sabido gerir todos estes constrangimentos na base do diálogo com o esposo "que tem sido uma pessoa fundamental na articulação da vida caseira”.
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