Cultura

Roderick Nehone vê a cultura como elemento de comunicação

Armindo Canda

Jornalista

O escritor Roderick Nehone afirmou, domingo, em Luanda, que a cultura deve ser o primeiro elemento de comunicação entre os povos. Essa observação foi feita durante a participação no programa “Margens e Travessias”, da TV Zimbo, conduzido pelo jornalista, crítico e historiador de arte Adriano Mixinge.

02/04/2024  Última atualização 09H00
O escritor foi presidente da mesa da assembleia-geral da União dos Escritores Angolanos © Fotografia por: DR

Roderick Nehone, pseudónimo literário de Frederico Cardoso, disse que a cultura é um veículo primário, elementar e bastante sólido para a promoção da unidade entre as comunidades e deve ser vista como a primeira forma de comunicação.

Questionado sobre o processo de construção das personagens nos seus livros, respondeu que não existe um rigor determinante, porque em cada circunstância há uma dinâmica na criação dos diferentes personagens e a motivação varia em função das histórias.

O escritor disse que existem algumas questões básicas, como, por exemplo, a identificação do contexto, caracterização das personagens e encontrar o lado ético-moral do que se vai contar. "A caracterização das personagens é muito importante, porque às vezes sem dizer que um indivíduo é mau ou bom, mas revelando através da escrita os actos do autor, fala-se muito mais sem que as qualifiquemos”.

Roderick Nehone incentivou os leitores a lerem mais e quem já o faz nunca deveria perder a prática. "A leitura e a literatura constituem uma maior liberdade, por ser um lugar imaginário em que o homem é verdadeiramente livre para recriar”.

A cultura, afirmou, começa pela comunicação e a flexibilidade para conhecer o outro. Enquanto embaixador de Angola acreditado na Arábia Saudita, referiu, tem feito um trabalho de marketing para dar a conhecer melhor a realidade cultural e artística nacional na diáspora. "A diplomacia cultural no contexto da Arábia Saudita e Angola, exige um esforço maior de conhecimento recíproco, por serem realidades completamente distintas”.

O objectivo, realçou, é continuar a fortalecer as relações bilaterais no domínio cultural e artístico, de maneira a criar uma ponte cultural mais sólida entre os dois povos. "Queremos abrir caminhos e despertar a curiosidade de todos, mas respeitando sempre as diferenças culturais de cada povo”, sublinhou.   

Roderick Nehone foi o vencedor do prémio "António Jacinto” com a obra "Géneses” no ano de 1996. No mesmo ano venceu o prémio "Sonangol de Literatura”. É autor das seguintes obras literárias: "Géneses”, "Estórias Dispersas de um Reino”, "O ano do Cão”, "Peugadas de Musa”, "Tempos de Véus”, "Uma Bóia na Tormenta”, "Filho Querido”, "A carteira Luísa Dylon e outros Contos”, "Benito de Angola” e o "Pintor do Cristo Moreno”. Frederico Cardoso é membro da Ordem dos Advogados de Angola e foi presidente da Mesa da Assembleia-Geral da União dos Escritores Angolanos (UEA).

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