Sociedade

Revisão dos currículos vai aumentar a qualidade do sistema educativo

Alberto Quiluta

Jornalista

O Ministério da Educação (MED) está a desenvolver um processo de revisão curricular, num contexto de transformação do sector, através do reforço de competências técnicas e institucionais, anunciou, terça-feira, em Luanda, a titular do pelouro.

01/02/2023  Última atualização 08H58
Especialistas da comunidade lusófona reunidos em Luanda para discutir acção da Inspecção © Fotografia por: Alberto Pedro | Edições Novembro

Luísa Grilo falava durante a abertura do I Exercício Conjunto de Práticas da Inspecção da Educação da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

No evento, que termina hoje, sob o lema "O Papel da Inspecção da Educação na Eficácia do Sistema Educativo dos Países e Estados- Membros da CPLP”, a ministra deu a conhecer que a revisão curricular implica que a Inspecção da Educação está a desempenhar um papel crucial no acompanhamento, monitoria, apoio, controlo, avaliação e a garantia de qualidade do sistema educativo.

"O inspector da Educação é um agente participativo do processo de comunicação, orientação e correcção dos desvios à norma na prática quotidiana das escolas”, explicou Luísa Grilo.

Referiu que o MED conta com o acompanhamento do Bureau Internacional de Educação BIE-UNESCO, no fortalecimento e implementação das acções prioritárias definidas nos planos nacionais de desenvolvimento 2018-2022 e da Educação (PNDE) "Educar – Angola 2030”.

A ministra fez saber que a actividade do inspector do MED tem de aliar as competências técnicas à capacidade de interacção e comunicação, uma vez que um inspector, tecnicamente muito bem capacitado, mas pouco competente do ponto de vista relacional, pode desvirtuar a lógica do curso da actividade.

Luísa Grilo realçou que o trabalho inspectivo passa, também, pela construção do diálogo com os diversos intervenientes do Sistema de Educação e Ensino, na procura de respostas que proporcionem a esses profissionais um melhor conhecimento da realidade escolar, para agir e apoiar o trabalho que é desenvolvido na escola e nas outras instituições.

"Precisamos de efectuar, de maneira acelerada e com qualidade, a cobertura da acção inspectiva nos seus âmbitos de intervenção, a partir da construção de um esquema de capacitação e partilha de conhecimentos adequados para a consolidação de um sistema educativo inclusivo, equitativo e qualitativo”, defendeu a ministra.

Por isso, espera uma actuação inspectiva qualificada, criteriosa, coerente, eficaz e consistente, de modo a levar a uma melhoria dos actuais níveis de qualidade educacional da comunidade.

"O foco é a inspecção, porque representa as instituições de ensino e não podemos ver o inspector como uma camisa de força em todos os sentidos, uma vez existir a liberdade e o conhecimento, que é obrigatório na nossa comunidade”.

Luísa Grilo disse, ainda, que o país conta com mil inspectores em todos as províncias, dos quais 55 estão envolvidos no I Exercício Conjunto de Práticas da Inspecção da Educação da CPLP.

 

 

 Experiência inspectiva noutros países da CPLP

A representante da Inspecção-Geral da Educação e Ciência de Portugal, Maria Duarte, considerou o papel da desse grupo de actores da Educação na promoção de qualidade é um assunto complexo, mas é uma área com uma importância sublime.

"É preciso apresentarmos e partilharmos as actividades que desenvolvemos nos diferentes programas de desenvolvimento nas escolas portuguesas, que são programas de acompanhamento e avaliação”, explicou.

Para a servidora do Ministério da Educação do Brasil, Francisca Trujillo, a experiência é bem diferenciada à problemática do ensino no Brasil, encontra-se descentralizada, sob tutela dos municípios.

"Os municípios são responsáveis pelo sistema da Educação e não o Governo Federal, diferente de alguns países da comunidade em que o sector é controlado pelos Governos Centrais”, explicou Francisca Trujillo.

Já a inspectora-geral da Educação de Cabo Verde, Alcídia Almeida, considerou que a prática é muito favorável, por ser a aposta que se centra na formação e capacitação dos recursos humanos, uma vez que o país não tem recursos naturais.

A aposta na educação e formação tem sido umas das políticas implementadas nos sucessivos governos desde a Independência. Acrescentou que a inspecção tem feito um trabalho enorme no seguimento das estratégias que visam no alcance para a qualidade do sistema educativo cabo-verdiano.

 

Inspecção melhora qualidade do ensino

Terça-feira, no primeiro dia do encontro do I Exercício Conjunto de Práticas da Inspecção da Educação da CPLP, foram apresentados, entre outros temas, a "Actual Abordagem da Inspecção da Educação de Angola, Cabo Verde, Moçambique, Brasil, Guiné-Bissau e Timor-Leste”.

Portugal, Guiné-Bissau, Brasil, São Tomé e Príncipe, Timor Leste, Cabo Verde, Moçambique, Guiné Equatorial e Angola, este último país que preside a organização e acolhe o evento.

A presidência de Angola na CPLP engloba um conjunto de actividades promovidas no âmbito da organização com propósito de incrementar o desenvolvimento inclusivo e a sustentável dos Estados-membros, alinhados na Agenda 2030, para o Desenvolvimento Sustentável, e obedece ao contributo à implementação dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

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