Cultura

Restos mortais de Ailton Silvério já repousam no Alto das Cruzes

Os restos mortais do actor Ailton Manuel Silvério “Betume Armado”, membro do grupo Henrique Artes, falecido na última segunda-feira, aos 38 anos, em Luanda, vítima de AVC, repousam desde ontem no Cemitério Alto das Cruzes, na capital do país, justamente na sepultura onde jaz o seu pai.

07/04/2024  Última atualização 09H48
Uma mensagem da família referia que as artes cénicas perderam um filho, pai, esposo e irmão © Fotografia por: Luís Damião | Edições Novembro

Num ambiente de dor e tristeza, familiares, amigos, colegas do teatro e do Hospital Materno Infantil Azancot de Menezes prestaram ontem o último adeus a Ailton Silvério. Momentos antes da urna descer à sepultura, numa cerimónia acompanhada pelo vice-governador de Luanda para o sector Político e Social, Manuel Gonçalves, o Cónego Apolónio Graciano referiu que "o mundo da arte é o que sempre deu sentido à vida dos povos”.

As artes, disse, durante a última missa em memória de Ailton Silvério, é o que muitas vezes, na invisibilidade, preenche a alma humana, e nunca deixou de ser a luz e a esperança do povo. "Os artistas não deixam de ser aqueles que muitas vezes nas ruas são apelidados como ‘malucos’, e muitas vezes menosprezados”, disse.

Mas, é este mundo das artes, ressaltou, que realmente transforma a vida de muitas nações. Em nome da fé, transmitiu à família enlutada muita força interior. "É preciso elevarmos tudo para Deus e mostrar a crença no Senhor.

No elogio fúnebre da direcção e trabalhadores do Hospital Materno Infantil Azancot de Menezes, onde Ailton fez parte da equipa, como motorista de ambulância primeiro e depois como técnico administrativo, o malogrado é recordado como um profissional exemplar, que se destacava em tudo o que fazia.

Durante 10 anos, trabalhou como gestor de contas no Banco de Poupança e Crédito (BPC). Em 2019, trabalhou como motorista na Administração Municipal de Viana e neste mesmo ano como taxista.  Trabalhou ainda como supervisor durante um mês no Key Service e, em 2021, fez parte da equipa de trabalhadores do Hospital Materno Infantil Azancot de Menezes, como motorista de ambulância primeiro e, posteriormente, como técnico administrativo.

Uma mensagem da família refere que as artes cénicas, em particular o teatro, perderam um filho querido, um pai zeloso, um esposo carinhoso e um irmão atencioso, que se doava na resolução dos problemas da família. "Ele nunca era a prioridade. Apaixonado pela arte, foi actor do Grupo Henrique Artes, tendo participado em várias obras de teatro e de novela.”

Em 2022, recordou,  teve um AVC que pela graça divina recuperou significativamente, foi o renascer. "Era notória a vontade que tinha de viver e de fazer mais do que podia, porque conhecia muito bem as suas capacidades. Grande conselheiro, não media esforços para apoiar os outros. No dia 20 de Março do ano corrente, teve o segundo AVC e ficou internado até que na manhã do dia 1 do mês em curso, o nosso amado e carismático Ailton Manuel Silvério partiu para a eternidade”.

Numa outra nota, a Associação Angolana de Teatro (AAT), na pessoa do presidente Tony Frampênio, destaca a perda de um dos mais talentosos actores angolanos, que sempre distribuiu motivação e bom ânimo a todos que desfrutaram de sua amizade. "Neste momento, nos unimos em oração à sua família, ao grupo Henrique Artes, admiradores e amigos. Ailton Silvério partiu, mas continua a fazer parte de nós e estará sempre na nossa presença através das suas obras e da sua mais notável interpretação do velho Saraiva na obra ‘O feiticeiro e o inteligente’, que essa perda possa ser compreendida com esperança do conforto de Deus”, lê-se na nota.

A nota continua que "o malogrado, além de destacado actor, irradiava bastante alegria e espírito de grande solidariedade artística. Sempre esteve na linha da frente do Henrique Artes. É uma perda irreparável. O palco estará vazio com a ausência de um dos mais brilhantes filhos do teatro. Paz à sua alma, e assim rendemos a devida homenagem ao nosso irmão de arte”.

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