Política

Reino Unido interessado em trabalhar de forma directa no Corredor do Lobito

César Esteves

Jornalista

O Reino Unido manifestou, segunda-feira, interesse em cooperar com o Governo angolano no Corredor do Lobito, uma das grandes apostas do Estado angolano no sector dos Transportes Ferroviários.

09/04/2024  Última atualização 09H00
Presidente da República, João Lourenço, esteve com o ministro de Estado Richard Benyon © Fotografia por: Contreiras Pipa | Edições Novembro

O interesse foi manifestado, ontem, em Luanda, pelo ministro de Estado para a Área Climática, Segurança Alimentar e Desenvolvimento Rural do Reino Unido, Richard Benyon, à saída de uma audiência que lhe foi concedida pelo Presidente da República, João Lourenço, no Palácio Presidencial da Cidade Alta.

Richard Benyon, que se deslocou a Luanda na qualidade de enviado especial do Primeiro-Ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, adiantou aos jornalistas, no Palácio Presidencial, que o Reino Unido está interessado em trabalhar, de forma directa, com o país neste projecto.

"Tive a possibilidade de dizer ao Presidente como nós queremos trabalhar, muito directamente, com Angola no projecto do Corredor do Lobito", ressaltou o enviado especial de Rishi Sunak, esclarecendo que a sua vinda ao país teve, também, como objectivo passar em revista o estado das relações entre os dois países.

O Corredor do Lobito tem estado a despertar a atenção de importantes investidores internacionais, com destaque para as grandes potências mundiais.

Em Fevereiro deste ano, deslocou-se ao país a assistente sénior da Parceria Global de Investimento em Infra-estruturas dos Estados Unidos da América, Danae Paul, que reafirmou o compromisso e o interesse dos EUA em participar nas acções que visam operacionalizar e desenvolver o Corredor do Lobito.

No final da visita que efectuou ao Complexo Industrial Carrinho (CIC), na Catumbela, em Benguela, Danae Paul adiantou estar em curso o Programa Global de Investimento em Infra-estruturas, criado em 2022, a nível do G7, para arrecadar 600 biliões de dólares para serem canalizados nos países em desenvolvimento.

De acordo com aquela assistente sénior da Parceria Global de Investimento em Infra-estruturas dos Estados Unidos da América, o Corredor do Lobito apresenta-se como a alavanca económica de bandeira no conjunto de projectos destinados ao continente africano.

O Corredor do Lobito é uma rota estratégica alternativa para os mercados de exportação da Zâmbia e da República Democrática do Congo (RDC) e a rota mais curta que liga as principais regiões mineiras destes dois países ao mar. O projecto, cuja concessão está a cargo do consórcio constituído pelas empresas Trafigura, da Suíça, Vecturis, da Bélgica, e Mota-Engil, de Portugal, estende-se desde o Porto do Lobito, banhado pelo Oceano Atlântico, e atravessa Angola de Oeste a Este, passando pelas províncias de Benguela, Huambo, Bié e Moxico, abrangendo, ainda, as áreas de mineração da província de Katanga, da RDC, e Copperbelt, da Zâmbia.

O consórcio, de 30 anos, vai investir 256.039.095,00 dólares em infra-estruturas, 73.396.479,00 em equipamentos e material circulante e um valor adicional de 4.345.235,00 em actividades diversas.

Desminagem em Angola

Richard Benyon disse ter abordado também com o Presidente da República, durante a audiência, as acções desenvolvidas pela Organização Não-Governamental britânica Halo Trust em Angola no domínio da desminagem.

Sobre este particular, o ministro de Estado para a Área Climática, Segurança Alimentar e Desenvolvimento Rural do Reino Unido revelou que uma das metas passa por elevar Angola ao primeiro país do mundo a atingir a meta de minas zero.

 
Paz no Leste da RDC

Outro tema que mereceu, igualmente, destaque durante a audiência com o Chefe de Estado, disse Richard Benyon, foi o papel do estadista angolano no processo de pacificação do Leste da RDC.

"Nós temos uma grande admiração pelo Presidente e o Governo angolanos pelos esforços que empreende para trazer a paz no Leste da RDC, razão pela qual disse ao Presidente João Lourenço como nós estamos agradecidos pela sua liderança e o sentido de Estado, para que esta guerra acabe", atestou o ministro britânico.

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