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Reino Unido contra envio de tropas à Kiev

O chefe da diplomacia britânica, David Cameron, recusou a possibilidade de enviar tropas ocidentais para a Ucrânia, mesmo para treinar soldados, numa entrevista divulgada ontem pelo jornal alemão Suddeutsche Zeitung.

10/03/2024  Última atualização 10H02
David Cameron pede a aliados para evitarem criar alvos legítimos para a Rússia © Fotografia por: DR

"As missões de treino são mais bem realizadas fora do país. No Reino Unido, treinámos 60.000 soldados ucranianos", respondeu Cameron quando questionado sobre se seria inteligente, na situação actual, excluir o envio de tropas ocidentais.

"Devemos evitar criar alvos óbvios para [o Presidente russo Vladimir] Putin", justificou, citado pela agência francesa AFP. O Presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou em Fevereiro que a possibilidade de envio de tropas ocidentais para a Ucrânia não podia ser excluída, um comentário que suscitou o protesto de outros líderes.

Mais tarde, as autoridades francesas procuraram clarificar os comentários de Macron e atenuar a reacção adversa, insistindo simultaneamente na necessidade de enviar um sinal claro à Rússia de que não pode vencer a guerra contra a Ucrânia.

Foi então admitida a possibilidade do envio de instrutores militares sem envolvimento em combates com a Rússia, que invadiu a Ucrânia em 24 de Fevereiro de 2022.

O Reino Unido reagiu às declarações de Macron afirmando que "um pequeno número" de britânicos já se encontrava no terreno "para apoiar as forças armadas ucranianas, nomeadamente em termos de formação médica". "Não estamos a planear qualquer destacamento em grande escala", afirmou na altura um porta-voz do Primeiro-Ministro britânico, Rishi Sunak.

O ministro das Forças Armadas francês, Sébastien Lecornu, deixou claro, na sexta-feira, que o envio de "tropas terrestres de combate" para a Ucrânia não estava em cima da mesa.

Lecornu considerou, no entanto, que existem vias a explorar para "desminar e treinar soldados ucranianos em solo ucraniano".

"Quanto mais a Ucrânia tiver de aumentar o seu Exército, maior será a necessidade de formação em massa", justificou Lecornu.

O chefe da diplomacia da Polónia, Radoslaw Sikorski, apoiou, na sexta-feira, a sugestão de Macron de que "não é impensável" o envio de tropas, apesar da oposição do Primeiro-Ministro, Donald Tusk, a tal possibilidade.

Na entrevista ao Suddeutsche Zeitung, David Cameron reafirmou que as armas de longo alcance são úteis para a Ucrânia e admitiu ajudar Berlim a ultrapassar a relutância em fornecer mísseis Taurus de fabrico alemão.

"Estamos determinados a trabalhar em estreita colaboração com os nossos parceiros alemães nesta questão, tal como em todas as outras, para ajudar a Ucrânia", disse. Com receio de uma escalada do conflito, a Alemanha tem recusado fornecer à Ucrânia mísseis Taurus, que têm um alcance superior a 500 quilómetros (km), o que permitiria às forças ucranianas atingir alvos no interior da Rússia.


Destruição de drones russos e ucranianos

A Ucrânia e a Rússia reivindicaram, ontem, o derrube de dezenas de 'drones' lançados pelos dois exércitos, mas admitiram que alguns atingiram alvos e causaram pelo menos um ferido no lado russo.

O governador de Rostov, Vasily Golubev, disse, nas redes sociais, que um dos ataques atingiu a cidade de Taganrog, no Mar de Azov, perto de uma região da Ucrânia ocupada pela Rússia, e feriu um socorrista. "Ninguém foi morto”, afirmou Golubev, citado pela agência francesa AFP. As autoridades russas disseram que destruíram 47 'drones' ucranianos durante a noite, principalmente na região de Rostov, na fronteira com a Ucrânia.

"Os sistemas de defesa aérea interceptaram e destruíram um 'drone' no território da região de Belgorod, dois na região de Kursk, três na região de Volgogrado e 41 na região de Rostov", anunciou o exército russo nas redes sociais.

Kiev lança, regularmente, ataques com 'drones' em território russo, numa altura em que a ofensiva de Moscovo na Ucrânia entra no terceiro ano.

A região de Rostov, no Sul da Rússia, é um importante centro de planeamento das operações r contra a Ucrânia.

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