Política

Reino da Bélgica quer cooperação com Angola no domínio das energias renováveis

César Esteves

Jornalista

A chefe da diplomacia belga, que se encontra a trabalhar no país, revelou o interesse à imprensa, à saída de uma audiência com o Presidente da República, João Lourenço, no Palácio Presidencial.

02/02/2023  Última atualização 08H16
Presidente João Lourenço abordou com a ministra belga dos Negócios Estrangeiros o aprofundamento da relação bilateral em áreas de interesse comum © Fotografia por: Santos Pedro | edições novembro

Hadja Lahbib esclareceu que o seu país já coopera com Angola em outros domínios e que a intenção, agora, passa por ampliar esta cooperação, mas em outras áreas de carácter comum, com realce para o das energias renováveis.

"Nós estamos interessados, porque é um desafio actual e permanente, razão pela qual, tanto Angola quanto a Bélgica, estão todos interessados em desenvolver capacidades neste sector”, realçou a ministra dos Negócios Estrangeiros do Reino da Bélgica, para quem o seu país está, igualmente, interessado em cooperar com Angola na exploração do Porto do Lobito.

"A cooperação entre Angola e o Reino da Bélgica é muito saudável e de longa data, razão pela qual saímos daqui satisfeitos”, salientou.

Hadja Lahbib, que se faz acompanhar de uma delegação, disse que o encontro com o Presidente João Lourenço serviu para abordar, também, questões sobre a geopolítica internacional, com particular atenção para a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, bem como o conflito no Leste da República Democrática do Congo.

Sobre o conflito entre a Rússia e a Ucrânia, Hadja Lahbib fez saber que o Reino da Bélgica partilha da mesma visão que a do estadista angolano, que defende o estabelecimento de um cessar-fogo definitivo e incondicional, por parte da Rússia, para que se crie o necessário ambiente negocial entre as partes envolvidas, a fim de se construir uma paz sólida e duradoura nesse continente.

"Este conflito não devia ter lugar, razão pela qual apoiamo-nos nas declarações proferidas, há bem pouco tempo, pelo Presidente João Lourenço, em relação à posição de Angola sobre o mesmo, um apelo que todos nós fizemos e, por isso, dissemos que este conflito não devia ter lugar em pleno século XXI”, destacou.

De recordar que o estadista angolano defendeu esta posição, este ano, por ocasião da cerimónia de apresentação de cumprimentos do corpo diplomático acreditado em Angola, realizada no Jardim do Palácio Presidencial.

O Presidente João Lourenço referiu, na altura, que a guerra contra a Ucrânia representa uma séria ameaça à paz e à segurança não apenas para a Europa, mas a nível global, destacando que o referido conflito já provocou a maior crise energética, alimentar e humanitária que o mundo conheceu após a II Guerra Mundial.

O Presidente João Lourenço lembrou, a propósito, nesta ocasião, que toda a comunidade internacional é pela paz e concórdia entre os povos e pela resolução pacífica dos conflitos entre as nações. "É hora de negociar e fazer a paz. O mundo reconhecerá esse passo na direcção certa da História”, exortou o estadista angolano, naquela ocasião.

 

  País aposta em fontes menos poluentes

O Presidente da República deu a conhecer, durante a participação na Cimeira Estados Unidos - África, realizada em Dezembro do ano passado, em Washington, que a energia eléctrica produzida, neste momento, em Angola, já é proveniente de fontes menos poluentes, como de centrais térmicas movidas a diesel ou a gás, estando, agora, a privilegiar a de centrais hidroeléctricas.

O Chefe de Estado referiu, na altura, que o país já deu início, há algum tempo, ao processo de transição energética, abandonando, parcialmente, as fontes de produção de energia eléctrica poluentes, no caso as centrais térmicas, para investir, fortemente, na produção de energia hidroeléctrica.

O Presidente João Lourenço, que interveio no Fórum de Negócios da Cimeira EUA-África, que analisou o tema "Construindo um futuro sustentável: parcerias para financiar infra-estruturas africanas e a transição energética”, disse que a meta do país é atingir 80 por cento de energia limpa dentro de três anos.

O Chefe de Estado fez saber, a propósito, que, além das barragens de Laúca e de Cambambe, o país está a construir, com previsão de conclusão para dentro de três anos, a de Caculo Cabaça que, segundo sublinhou, vai produzir, sozinha, cerca de 2.1 gigawatts de energia e, nessa altura, o país passará a produzir, aproximadamente, 9 gigawatts de energia eléctrica.

Na sequência, o Presidente disse estar, igualmente, em construção, com alguma parte já concluída, a rede de distribuição dessa energia, que está a ser produzida na Bacia do Rio Kwanza, para ser levada a todos os cantos do país.

O Presidente da República referiu que essa energia já cobre todo o Norte e o Centro do país, nomeadamente, as províncias do Huambo e do Bié, estando-se, neste momento, a trabalhar no sentido de se conseguir financiamentos para transportá-la ao Sul, para cobrir as províncias da Huíla, Namibe, Cunene e, no Leste, as províncias da Lunda-Norte, Lunda-Sul, Moxico e Cuando Cubango.

Paralelamente a isso, o Presidente João Lourenço referiu que já se começou a produzir, no país, energia solar, com a construção de parques fotovoltaicos, sendo que dois deles já se encontram a fornecer energia à Rede Eléctrica Nacional. "Há dois parques que inaugurámos este ano, sendo um no Biópio e outro na Baía Farta, ambos na província de Benguela, que foram construídos por um consórcio que engloba, a empresa americana Sun Africa”, realçou, naquela altura o Presidente, acrescentando que estes dois projectos já estão a contribuir no aumento da oferta de energia para a indústria e a população.

O Presidente assegurou que o projecto de produção de energia solar, em Angola, vai continuar e adiantou que um deles, a nascer no Sul do país, será o maior de todos e vai beneficiar, essencialmente, quatro províncias, nomeadamente, o Namibe, Huíla, Cunene e Cuando Cubango.

Comentários

Seja o primeiro a comentar esta notícia!

Comente

Faça login para introduzir o seu comentário.

Login

Política