Cultura

Rei Elias realça o papel da música contra a opressão colonial portuguesa

Mário Cohen

Jornalista

O cantor e compositor Elias dya Kimuezu defendeu, sábado, no Centro Recreativo e Cultural Kilamba, em Luanda, que a música deve constar na História de Angola como uma das ferramentas que contribui para a Luta de Libertação Nacional contra a opressão colonial portuguesa.

26/11/2023  Última atualização 11H28
Elias dya Kimuezu considerou uma honra partilhar conhecimentos sobre a música angola, em particular o semba, com jovens e colegas da sua geração © Fotografia por: Edições Novembro
A opinião do Rei da música angolana foi apresentada durante uma palestra sob o tema "A contribuição da música angolana para a Luta de Libertação Nacional”, em que participaram dezenas de artistas e investigadores no campo do canto, sendo os prelectores Osvaldo Mboco, Pedro Rosa e Elias dya Kimuezu. Ambos corroboraram de que os músicos participaram activamente no processo da Luta Armada.

Elias dya Kimuezu considerou  ser "uma grande honra” partilhar conhecimentos sobre a música angolana, em particular o semba, com jovens e colegas da sua geração.

Ressaltou a importância da palestra por bordar a música como uma das ferramentas utilizadas contra a opressão colonial, por uma causa justa numa época em que os angolanos aguardavam com muita expectativa pela proclamação da Independência Nacional.

"Kota” Elias, como foi acarinhado durante a palestra, deu a conhecer que as suas canções transmitem sentimentos de esperança, amor e paz, assim como canta realidades, sobretudo o que viveu naquele tempo de opressão colonial.

Embora tenha considerado "uma surpresa” para abordagem do tema, Elias dya kimuezu manifestou interesse de estar disponível para participar regularmente em encontros dessa natureza, sempre "aprendemos qualquer coisa”, revelou.

Recordou que, naquela época, as actuações eram feitas em diferentes espaços da periferia de Luanda (musseques) ou bairros, particularmente nos centros recreativos, e considerou terem sidos "bons momentos” vividos em companhia de cantores referências até hoje bem como as composições que interpretam.

Para Osvaldo Mboca, a música desempenhou um papel significativo para a Independência do país. Lamentou o facto de a História de Angola não fazer menção tangível que o processo da Luta de Libertação do país contou com o contributo das canções como um elemento essencial para a liberdade dos angolanos.

"Não se devem esquecer os cantores que tinham as canções como armas para a libertação do povo. Tratam-se de David  Zé, Artur Nunes, Carlitos Vieira Dias, Prado Paím, Carlos Lamartine, Barceló de Carvalho "Bonga”, Belita Palma, Lourdes Van-Dúnem, Sofia Rosa, Carlos Burity, Duia, Rui Mingas, Fontinhas, Dina Santos, Dominguinho, André Mingas, Amadeu Amorim, Liceu Vieira Dias, e os agrupamentos musicais N’gola Ritmo, Os Kiezos, Jovens do Prenda, Negoleiros do Ritmo, Os Merengues e outros”. 

O investigador e autor do livro "O Nosso Semba - Homenagem a Joãozinho Morgado”, Pedro Rosa, afirmou que a música do "Kota” Elias dya Kimuezu teve uma participação activa para a Luta de Libertação Nacional, cantando em kimbundu, teve ainda mais importância sobretudo para as "mamãs” que não sabiam falar português.

Pedro Rosa deu a conhecer que Elias dya Kimuezu fez o primeiro espectáculo no Centro Recreativo Maxinde com Os Kiezos, em 1965, abrindo assim um longínquo e prestigiado caminho para mundo da música.

O Rei da música angolana, entre vários sucessos, é autor das canções "Mualunga”, "Ressurreição”, "Muenhu wa muto” e "Zum-Zum”, com participações de Barceló de Carvalho "Bonga”, Rui Mingas, Teta Lando e dos Marimbeiros de Duque de Bragança.

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