O Presidente português é um dos mais carismáticos do mundo como o foi aquele do Uruguai, agricultor de profissão que andava de fusca e vivia numa xitaca, José Mujica que o povo chamava Pepe Mujica.
A poucas semanas das eleições, os potenciais candidatos à corrida eleitoral em Angola ainda não apresentaram os seus manifestos ou propostas de programas de governação que, por norma, são instrumentos que permitem ao eleitor saber as estratégias e os programas que serão gizados no sentido de dar tratamento aos problemas que o país enfrenta em várias dimensões por parte do partido político vencedor.
Não sei o que é mais insuportável: o complexo de superioridade moral euro-ocidental ou o cachiquismo (neologismo angolano para “subserviência”, equivalente ao brasileirismo “viralatismo”) de certas elites das nações periféricas, nomeadamente africanas e sul-americanas (talvez seja de acrescentar, também, as do sul da Europa).
Pensei nisso ao tomar
conhecimento das notícias relativas ao acordo britânico-ruandês para enviar
para o Ruanda os imigrantes chegados ilegalmente à velha Albion.O referido
acordo confirma, como se isso ainda fosse necessário, o grau de miserabilidade
em que a humanidade está presentemente mergulhada. Quando os povos aceitam
tranquilamente ser governados por líderes medíocres e mesquinhos como a maioria
dos dirigentes atuais, algo está muito mal e não é apenas no reino da
Dinamarca.
Como noticiado pela
imprensa, o plano consiste em recambiar para o Ruanda, um pequeno país na
África Oriental com reconhecidos problemas de "espaço vital”, as pessoas que
chegaram ao Reino Unido de forma ilegal desde o passado dia 1 de Janeiro. Uma
vez chegadas àquele país africano, ser-lhes-á permitido iniciar um processo
para se instalarem no país. As autoridades britânicas pretendem avançar com
este plano já nos próximos dias, priorizando os homens que chegam sozinhos
através do Canal da Mancha em pequenos barcos ou camiões.
Os custos do plano estão
avaliados em 145 milhões de euros. A cifra, assim como as questões logísticas
envolvidas, suscitaram muitas reservas por parte de funcionários do ministério
britânico do Interior. Mas estão igualmente a ser levantadas reservas legais,
morais e políticas. Apesar disso, a decisão do governo britânico foi aprovada,
graças a uma prerrogativa especial que atribui aos titulares da pasta a
responsabilidade individual por certas medidas, em determinadas condições.
A atual ministra britânica
do Interior – note-se – chama-se Priti Patel. Com esse nome, não será ela
própria descendente de imigrantes? Outra pergunta que se impõe é: o que ganha o
Ruanda ao fechar este acordo com o Reino Unido? Seria interessante saber.
A verdade é que o Ruanda é
um minúsculo país africano aparentemente bem governado por uma figura
controversa que, na hipótese mais benigna, pode ser considerado um "déspota
esclarecido”. Faz parte dos "autocratas” queridinhos do Ocidente. Um dos seus
mais importantes "conselheiros” internacionais (melhor chamá-los, talvez,
lobistas) é precisamente um antigo primeiro-ministro britânico.
O país é também admirado por
muitos governantes e cidadãos africanos, devido aos seus êxitos relativos no
plano económico, bem como à "ordem e disciplina” internas. A maioria dos seus
admiradores não fala, por exemplo, da discriminação social e "racial” exercida
pelas elites nilóticas do país, que estão no poder, sobre os ruandeses de
origem bantu.
O acordo entre o Reino Unido
e o Ruanda para o envio dos imigrantes ilegais, além da contestação interna,
está também a ser fortemente criticado pelas Nações Unidas, através do ACNUR
(Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados). O organismo já expressou,
assim, a sua "forte oposição” ao mencionado acordo.Para o ACNUR, os últimos
arranjos entre as autoridades britânicas e ruandesas acerca do assunto "apenas
mudam as responsabilidades de asilo, fogem das obrigações internacionais e são
contrárias à letra e ao espírito da Convenção sobre Refugiados”. Por seu turno,
mais de 160 organizações não-governamentais classificaram o acordo como uma
medida "cruel e mesquinha”.
"Pessoas que fogem de guerras, conflitos e perseguições merecem compaixão e empatia. Elas não devem ser comercializadas como mercadorias e levadas para o exterior para tratamento”, disse GillianTriggs, alta-comissária adjunta do ACNUR. Os atuais líderes (?) do Reino Unido e do Ruanda devem ter pensado que ela estava a referir-se aos refugiados ucranianos.
Porca miséria.
* Jornalista e escritor
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