Coronavírus

Recuperação económica de África depende de vacinas e financiamento

O director do departamento de macroeconomia e governação da Comissão Económica das Nações Unidas para África (UNECA), Bartholomew Armah, elencou ontem as vacinas e o financiamento acessível como fundamentais para a recuperação económica no continente.

01/04/2021  Última atualização 11H55
© Fotografia por: DR
"A recuperação económica depende do acesso às vacinas e do acesso a liquidez que consiga fazer crescer as economias", disse o responsável, durante uma apresentação centrada em África do relatório do Departamento das Nações Unidas para Assuntos Económicos e Sociais (UNDESA), divulgado no final de Janeiro.

Segundo Armah, "os desafios sobre o financiamento externo e a dívida elevada são os principais riscos para a previsão" de crescimento económico no continente, que a UNDESA estimava em Janeiro que seria de 3,2%, em linha com os até 3,4% estimados ontem pelo Banco Mundial.

"O custo do serviço da dívida é mais alto em África que nos países desenvolvidos e na Ásia, e isto é importante porque para as economias recuperarem precisam de espaço orçamental e esta diferença nos custos de financiamento torna difícil que tenham acesso aos recursos necessários para responder à pandemia", disse o responsável, na apresentação do relatório, feita em formato virtual a partir de Addis Abeba.

"Os países africanos precisam de mais apoio internacional para evitar uma crise da dívida, um crescimento lento e a armadilha da dívida alta", salientou, apontando que, a par desta questão financeira, "o acesso a vacinas é crucial".

Uma crise da dívida, concluiu, "piora não apenas as condições económicas, mas força também um doloroso ajustamento fiscal, piorando as perspectivas de desenvolvimento, e pode criar agitação social e tensões políticas, que podem rapidamente escalar, aumentando a insegurança, a violência, as deslocações internas, as migrações e a insegurança alimentar".

África registou mais 233 mortes associadas à Covid-19 nas últimas 24 horas, para um total de 112.471 desde o início da pandemia, e 8.019 novos casos de infecção, segundo os dados oficiais mais recentes no continente.
De acordo com o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC), o número total de infectados nos 55 Estados-membros da organização é de 4.203.087 e o de recuperados nas últimas 24 horas é de 8.499, para um total de 3.762.968 desde o início da pandemia.

A pandemia de Covid-19 provocou, pelo menos, 2.792.586 mortos no mundo, resultantes de mais de 127 milhões de casos de infecção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detectado no final de Dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China. 


Recomendação  da organização mundial da saúde
Uso de ivermectina apenas em ensaios clínicos


A Organização Mundial de Saúde (OMS) alertou ontem que as evidências actuais sobre o uso de ivermectina para tratar doentes com Covid-19 são inconclusivas, recomendando que seja usada apenas em testes clínicos até existir mais informação.
Esta recomendação, que abrange pacientes com qualquer forma de Covid-19, passa a estar integrada nas linhas orientadoras da OMS para o tratamento da doença, anunciou a organização em comunicado.

A ivermectina é um antiparasita de largo espectro, incluído na lista de medicamentos da OMS para várias doenças parasitárias.
Utiliza-se no tratamento da chamada cegueira dos rios, em doenças transmitidas pelo solo e também para tratar casos de sarna.

Um grupo de trabalho foi criado devido ao aumento da atenção internacional a este medicamento como possibilidade para tratar doentes com Covid-19, explicou a OMS, acrescentando tratar-se de um painel independente de peritos internacionais, que inclui "especialistas em cuidados médicos de várias especialidades e também um especialista em ética e pacientes-parceiros". O grupo reviu os resultados compilados de 16 ensaios clínicos, de pacientes internados e não internados (num total de 2.407).

"Eles determinaram que a evidência sobre se a ivermectina reduz a mortalidade, necessidade de ventilação mecânica, necessidade de hospitalização e tempo para melhoria clínica em pacientes com Covid-19 é de certeza muito baixa, devido aos fracos dados e limitações metodológicas dos ensaios disponíveis, incluindo o pequeno número de eventos", justifica a OMS no documento.
O painel não analisou o uso da ivermectina para prevenir Covid-19, o que está fora do âmbito das actuais directrizes.

A Associação Médica Brasileira (AMB) pediu na semana passada que seja banida a utilização de cloroquina e outros fármacos sem eficácia comprovada contra a Covid-19, num posicionamento contrário ao defendido pelo Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro.
"Reafirmamos que, infelizmente, medicações como hidroxicloroquina/cloroquina, ivermectina, nitazoxanida, azitromicina e colchicina, entre outras drogas, não possuem eficácia científica comprovada de benefício no tratamento ou prevenção da Covid-19, quer seja na prevenção, na fase inicial ou nas fases avançadas dessa doença, sendo que, portanto, a utilização desses fármacos deve ser banida", defendeu a AMB em comunicado.


  PRELADO DA CIDADE VICTORIA
Papa aceita renúncia de bispo crítico do uso de máscara

Antonio González, bispo da Cidade Victoria, no México, que ficou conhecido por apelar à não utilização de máscara, apresentou a renúncia por "motivos de saúde", anunciou na terça-feira a Conferência Episcopal Mexicana. Em comunicado, a Conferência Episcopal Mexicana explicitou que o Papa Francisco aceitou o pedido de renúncia de González, no entanto, não esclareceu o que queria o prelado dizer com "motivos de saúde".

O bispo estava no centro de uma polémica que começou quando pediu às pessoas, durante uma missa, para deixarem de utilizar a máscara, cuja utilização é recomendada e algumas regiões obrigatórias para impedir a propagação do SARS-CoV-2.
Antonio González referiu que utilizar o "famoso 'cobre bocas' é não confiar em Deus". "Não vos vou pedir para as tirarem, mas para o pensarem", acrescentou o prelado aos fiéis, perante os quais referiu que estava "quase sempre" sem máscara.

Com mais de 201.800 mortos e mais de dois milhões de contágios confirmados, o México é o terceiro país no mundo com mais óbitos, depois dos Estados Unidos e do Brasil.
Apesar de as autoridades sanitárias recomendarem a utilização constante de equipamentos de protecção individual, o Presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, de 67 anos, que esteve infectado em Janeiro, recusa utilizar máscara em público.

Na nota divulgada, o episcopado também informou que Rogélio Cabrera, arcebispo de Monterrey, vai ficar a administrar a diocese da Cidade Victoria até que seja nomeado um novo bispo. Com 97,8 milhões de fiéis, o México é o segundo país do mundo com mais católicos, ultrapassado apenas pelo Brasil.


  CARNIVAC-COV
Rússia aprova primeira vacina
contra a Covid-19 para animais
A Rússia registou a primeira vacina contra a Covid-19 para animais, anunciou ontem o regulador russo para a área da agricultura.
O fármaco, cujos testes tiveram sucesso em cães, gatos, raposas e martas, vai chamar-se Carnivac-Cov.
A produção em massa da vacina deverá arrancar já este mês, com o objectivo de prevenir o desenvolvimento de novas mutações em animais que foram infectados pelo homem e que depois podem voltar a infectar os humanos.

A Rússia registou até agora apenas dois casos de Covid-19 em animais, ambos em gatos. Mas as entidades veterinárias de vários países registaram casos positivos de infecção pelo novo coronavírus em animais de companhia.

É o caso da Dinamarca, que teve de abater milhares de visons, após ter sido verificada uma mutação do novo coronavírus que infectou 12 pessoas. Mais tarde, a primeira-ministra dinamarquesa acabou por pedir desculpa pela forma como foi gerida a crise dos visons no país.

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