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A escritora e directora do Instituto Nacional das Indústrias Culturais (INIC), Domingas Monte, em representação do Ministério da Cultura e Turismo, prestou homenagem, sexta-feira, em Luanda, ao nacionalista Henrique Guerra, durante a cerimónia simbólica de exéquias, que decorreu na União dos Escritores Angolanos (UEA).
"Henrique Guerra é um dos nobres filhos e um dos nomes relevantes das artes angolanas”, realçou no livro de condolências, alargando o sentimento de pesar a todos os profissionais ligados à produção literária angolana, entre editores, escritores e distribuidores.
Henrique Guerra, considerado mestre da escrita e das artes plásticas angolanas, "foi responsável por várias obras marcantes, que foram e continuam a ser indispensáveis para os actuais autores”, disse, tendo destacado que as obras literárias produzidas por ele constituem um dos exemplos de como a arte não pode ser considerada como tal apenas pela quantidade de produção, mas, sobretudo, pela qualidade que esta proporciona aos consumidores.
Na sua óptica, elogiar um mestre da dimensão de Henrique Guerra não pode ser de outra forma senão lembrar a qualidade dos seus feitos, em particular das obras literárias e das artes plásticas. "O artista morre mas a arte continua viva”, exclamou.
Acrescentou que Henrique Guerra deve ser recordado sempre, lembrar das obras e de tudo que fez pela arte angolana. Lembrar da sua participação na fundação da UEA, da UNAP e da disponibilidade em servir os escritores como secretário das actividades culturais. Foi presidente da direcção da UNAP, tudo isso, afirmou, é a única forma de agradecer por tudo o que fez.
"Quando as páginas impressas de obras como ‘O Tocador de Quissanje’ e ‘A Cubata Solitária’ continuarem presentes nas bibliotecas escolares, nas livrarias e nas conversas académicas, será a melhor homenagem que Angola pode fazer para um filho da dimensão de Henrique Guerra”, finalizou.
No decorrer das exéquias, realizadas na UEA, houve várias mensagens para relembrar os feitos do malogrado, com destaque para o discurso da Academia Angolana de Letras (AAL), apresentado por Paulo de Carvalho, e do Gabinete de Aproveitamento do Médio Kwanza (Gamek), apresentado por Encarnação Júlio. Contou, igualmente, com depoimentos de familiares e amigos de Henrique Guerra.
O secretário-geral da UNAP, Fernandes de Carvalho "Tozé”, afirmou que o nacionalista Henrique Guerra deixou o nome escrito na história das artes africanas pelo contributo prestado, durante anos, à literatura e às artes plásticas.
A afirmação foi feita numa mensagem de condolências deixada pela UNAP à família, amigos, colegas e admiradores de Henrique Guerra.
Falecido a 9 de Maio, em Lisboa, Portugal, e sepultado dois dias depois, Henrique Guerra foi membro fundador da UNAP e da UEA. "É difícil perder alguém com a dimensão de Henrique, uma figura que se levantava no meio do caos e conseguia operar grandes transformações a nível familiar e profissional”, destacou. Não é em vão, disse, que enquanto vivo obteve respeito e admiração de autores jovens e adultos. Dedicou parte da vida à casa das artes, sublinhou Tozé, desde pintura e literatura, e ajudou a impulsionar o desenvolvimento antes e depois da independência. "Facto é que contribuiu para a criação de inúmeras associações, inclusive da UNAP”. Temos certeza, prosseguiu, que é uma estrela que não se apaga, e vai continuar sempre viva no coração dos angolanos. "Henrique Guerra muito obrigado por ter vivido no nosso tempo e por todo exemplo deixado”, concluiu.
Mandato difícil
O escritor David Capelenguela lamentou o facto de, enquanto representante máximo da UEA, estar a constatar a morte de vários amigos e escritores membros da associação.
"Infelizmente não estamos aqui para homenagear Henrique Guerra por mais uma das suas grandes obras, mas por uma outra circunstância, neste caso a da tristeza de não o termos mais presente”, disse o secretário-geral da UEA.
Afirmou que está a ser difícil, principalmente enquanto secretário-geral da UEA. "O meu mandato não tem sido fácil, durante essa caminhada já testemunhei o falecimento de muitos escritores, com destaque para António Panguila, António Gonçalves, Maria Alexandra e Frederico Ningui. Estamos tristes, porque ao invés de termos a satisfação de editar as obras destes, estamos a perdê-los. Cada vez mais a UEA está a ficar sem os seus membros fundadores”, lamentou.
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