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Reabilitação: Pacientes do Hospital Américo Boavida transferidos para o hospital de Viana

André da Costa|

Jornalista

Os pacientes que estão internados no hospital Américo Boavida, em Luanda, vão ser transferidos para o novo Hospital Geral de Viana, que entra em funcionamento esta semana, e outros hospitais, devido às obras de requalificação, visando ampliar os serviços prestados aos mesmos.

08/04/2024  Última atualização 09H22
Director do Hospital, o médico Mário Fernandes afirma que os doentes devem ir para outras unidades sanitárias © Fotografia por: Armando Costa | Edições Novembro

A informação foi avançada ao Jornal de Angola  pelo director-geral daquele hospital, Mário Fernandes, durante uma entrevista concedida ao  Jornal de Angola, tendo explicado que a unidade sanitária vai ser encerrada no sábado, para obras de requalificação.

Mário Fernandes disse que hoje o Banco de Urgência, vai ser encerrado ao público, sendo que até sábado, serão encerradas totalmente todas as actividades clínicas prestadas naquele hospital. Os pacientes com problemas de saúde devem procurar outros hospitais na capital, para verem o seu estado de saúde melhorado.

Neste momento, existem 65 pacientes internados, no Serviço de Traumatologia e Ortopedia, portanto, os que sofreram acidentes de viação, sendo que uns já foram operados e outros aguardam por cirurgia e, ainda alguns pacientes aguardando por alta médica.

Para além dos pacientes vítima de acidentes de viação, estão internados pacientes vítimas de acidente cardiovascular cerebral (AVC), cujo  número não avançou.             

O hospital tem actualmente a capacidade para internar 700 doentes, mas neste momento 90 porcento das enfermarias estão encerradas, ficando somente 65 pacientes internados, que até ao próximo fim-de-semana, vão ser transferidos para o Hospital Geral de Viana.       

Mário Fernandes disse que somente o empreiteiro, a empresa Shynoidro, sabe  explicar a duração das obras, sendo que os trabalhos de requalificação apresentam duas fases, a primeira, já em curso, e a outra é de reabilitação. "Como é um trabalho de engenharia muito profunda, não temos ainda um tempo exacto da duração da obra, uma vez que o trabalho vai desde as fundações, até a reabilitação total do edifício”, disse.

O director disse que uma vez concluído os trabalhos, o hospital vai ser modernizado , com novas tecnologias, visando melhorar o seu funcionamento, ampliar a sua capacidade e agregar algumas valências, que não dispõe neste momento.

O médico destacou, entretanto, como novidades, o surgimento dos serviços de oftalmologia, otorrinolaringologia, cirurgia cardíaca, cardiologia de intervenção, valências que o hospital vai ter, com a conclusão das obras de requalificação.

O director fez saber que os cerca de 1.500 trabalhadores do hospital, serão reenquadrados para o Hospital Geral de Viana, e outros vão reforçar os demais hospitais, na periferia da cidade de Luanda.

O novo Hospital Geral de Viana está localizado no distrito urbano do Zango, e vai ser inaugurado esta semana, segundo o médico e director do hospital Américo Boavida, Mário Fernandes.  

Com a capacidade para 300 camas, a referida unidade sanitária está avaliada em 125 milhões e 500 mil euros, tendo uma capacidade para albergar 1.200 funcionários, entre  médicos, enfermeiros, técnicos de laboratório e pessoal administrativo.

 
Pacientes desconhecem encerramento do hospital

O Jornal de Angola deslocou-se, ontem, ao Hospital Américo Boavida, onde constatou ainda o funcionamento, do Banco de Urgência com o atendimento de vários pacientes ali iam chegando.  Na triagem, mais de 40 pessoas aguardavam pelos familiares que tinham dado entrada com patologias diversas. O banco de urgência estava calmo, e os médicos faziam o atendimento normal.

O jovem Paulo Alexandre, 20 anos, veio do município do Cazenga com problemas de febre alta, aliada à forte dor de dente. Veio com um amigo e foi logo atendido pela equipa médica em serviço no banco de urgência. Ali são visíveis oito pacientes acamados a receberem tratamento com soro ligado ao braço, aplicados pelos enfermeiros, sob olhar atento dos medicos que ali trabalham. 

Minutos depois, chega ao hospital o ancião Pedro Domingos, 65 anos, levado pelo filho, Augusto Domingos, de 30 anos, por ter princípio de AVC. O mesmo foi atendido e internado de urgência devido à complicação do seu estado de saúde.  A jovem  Jacinta Paulino, 35 anos, levou a sua mãe ao hospital, porque desde sábado, tinha febre alta e muita dor de cabeça, não tendo levado antes, por falta de dinheiro para alugar um transporte.

A médica chefe de equipa do banco de urgência daquela unidade sanitária, Astre Luculo, disse que desde as oito horas de ontem, que o banco registou um movimento razoável de pacientes, que foram todos atendidos pelos médicos e enfermeiros.A responsável afirmou que o banco recebeu 68 doentes, alguns por acidente de viação com mo-torizadas e outros com paludismo e outras doenças. A médica disse que desse  número, 27 estão internados nas camas do hospital, e outros estão sob avaliação, podendo ter alta, caso o estado de saúde melhorar consideralvelmente.   

 
Desconhecimento

A equipa de reportagem do Jornal de Angola conversou demoradamente com mais de 20 cidadãos que ali estavam a acompanhar os familiares internados, que dizem desconhecer o encerramento do banco de urgência e a transferencia de doentes para outros hospitais  a partir de hoje. Moises João, que levou o pai à consulta, afirmou que foi a partir do repórter do Jornal de Angola que ficou a saber que os pacientes vão ser transferidos para outros hospitais. A mesma afirmação foi feita por quatro elementos da segurança, que ficaram surpresos com o enceramento  do banco de urgência hoje, alegando que não receberam nenhuma informação oficial. Na  entrada do hospital, não existe nenhum letreiro a informar a transferência de pacientes do hospital.

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