Cordeiro Alves referiu que se os resultados continuarem positivos, os pacientes serão transferidos para o Hospital Geral de Cacuaco "Heróis de Kifangondo”, a fim de serem submetidos a uma ressonância magnética, biopsia da próstata e uma ecografia.

O médico esclareceu ainda que dependendo do nível da lesão, os pacientes serão submetidos a uma cirurgia robótica ou cirurgia aberta para a retirada do tumor.

Números preocupantes

Por outro lado, o chefe do Serviço de Oncologia do Hospital Geral de Cacuaco "Heróis de Kifangondo”, João Wilson Rocha, considerou preocupante o facto de terem sido diagnosticados 19 casos positivos em apenas um dia de rastreio.

O médico acredita que os dados mostram que existem muitos mais casos de cancro da próstata em Luanda e que nunca foram detectados. O especialista em Oncologia explicou que o exame de Antigeno Prostático Específico, comummente chamado de PSA, é um teste de sangue utilizado na primeira linha de diagnóstico para saber se o paciente tem cancro da próstata, antes mesmo que ele tenha algum sintoma da doença.

Logo, ao fim desta campanha, "vamos conseguir aferir a real situação não só de Luanda como também dos hospitais gerais do Bengo ‘Reverendo Guilherme Pereira Inglês’, de Cabinda ‘Ervanário Luís Sambo’ e no Hospital Central da Huíla ‘Dr. António Agostinho Neto’, onde também decorre o rastreio para, desta forma, se combater ou controlar a doença, evitando assim que muitos homens morram por causa do cancro da próstata”.

No Hospital Geral de Cacuaco, encontrámos Estêvão Calei, de 52 anos, que faz o rastreio do cancro da próstata pela terceira vez, como consulta de rotina, para prevenção.

Questionado se tem algum histórico da doença na família, Estêvão Calei disse que, na "graça de Deus”, nunca ouviu nada sobre o assunto, que reconhece ser grave. "Os homens da minha família que já morreram foram por outras patologias ou por acidente de viação e não pelo cancro da próstata”, referiu.

Satisfação dos pacientes

Estêvão Calei, que vive há nove anos na Centralidade do Sequele, faz o rastreio de cinco em cinco anos, por saber que o cancro da próstata constitui um dos principais problemas de saúde dos homens a partir dos 40 anos. De acordo com o utente, muitos descobrem a doença já em estado avançado, o que torna mais difícil vencer o cancro devido às grandes complicações que causa no organismo.

Estêvão Calei felicitou o Ministério da Saúde pela iniciativa, pois considera que a campanha ajuda a salvar muitas vidas, "porque, além de reduzir algum custo ao pacato cidadão que procura assistência médica e medicamentosa nas clínicas, também diminui a distância”.

"Muitos homens não realizam exames regulares da próstata usando como desculpas a falta de dinheiro e a de vagas nos hospitais públicos, o que agrava, caso tenham a doença, as chances de cura”, ressaltou.

Já Sílvio Fernandes aderiu à campanha depois de ter ouvido no noticiário da Rádio Nacional de Angola (RNA). Com 40 anos e vive na comuna do Calumbo, fez o rastreio do cancro da próstata pela primeira vez no Hospital Geral de Viana por ser próximo da sua residência. Disse não ter sentido tanta dor como os amigos fazem crer, mas apenas desconforto. O atendimento, frisou, foi célere, e o exame de Antigeno Prostático Específico (PSA) deu negativo.

Embora não tenha algum histórico da doença na família, Sílvio Fernandes disse que voltará a fazer o exame da próstata quando completar 45 anos, como forma de prevenir a doença ou fazer a detecção precoce.

Sílvio Fernandes aconselha os outros homens a aderirem à campanha para saberem o seu verdadeiro estado de saúde e evitar mortes provocadas pela doença.

Campanha encerra no dia 9 de Agosto

Na capital, o rastreio do cancro da próstata, que termina no próximo dia 9 de Agosto, está a decorrer nos hospitais gerais de Cacuaco "Heróis de Kifangondo”, de Viana "Bispo Emílio de Carvalho”, nos quais tem registado uma grande adesão.

Até à hora do fecho desta edição, o Jornal de Angola não teve acesso aos dados definitivos do rastreio feito ontem, mas serão apresentados na edição de amanhã.