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Ramaphosa acusa Ocidente de ameaçar os países africanos

O Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, afirmou quinta-feira à noite que os países ocidentais ameaçaram com sanções os Estados africanos que não se alinharam contra a Rússia na guerra na Ucrânia. O Chefe de Estado sul-africano assinalava esta quinta-feira o Dia de África, em Maropeng, onde se situam as grutas de Sterkfontein, consideradas por paleontologistas como o “Berço da Humanidade”, nos arredores de Joanesburgo.

27/05/2023  Última atualização 07H20
Cyril Ramaphosa acusou o Ocidente de ameaçar os países africanos © Fotografia por: DR
"Agora também estamos a testemunhar o continente africano a ser arrastado para conflitos muito além das nossas próprias fronteiras”, garantiu o líder sul-africano, citado pela Reuters. "Alguns países, inclusive o nosso, estão a ser ameaçados com sanções por seguirem uma política externa independente e por adoptarem uma posição de não-alinhamento”, referiu Ramaphosa. Sem se referir directamente à actual guerra na Ucrânia, o Chefe de Estado sul-africano sublinhou que os países africanos "têm me-mórias dolorosas de uma época em que as guerras por procuração eram travadas em solo africano por superpotências estrangeiras”.

"Não esquecemos o legado terrível e brutal de primeiro ter sido o nosso continente dividido e colonizado por países europeus, apenas para nos encontrarmos mais uma vez como peões num tabuleiro de xadrez durante a Guerra Fria”, declarou.

Ramaphosa afirmou que "não vamos voltar a esse período da história”, acrescentando que a África do Sul "não foi e não será arrastada para uma disputa entre potências globais”. Segundo Ramaphosa, a África do Sul continuará a manter a sua posição de neutralidade sobre a resolução pacífica de conflitos "onde quer que esses conflitos ocorram”. "Guiados pelas lições da nossa história, continuaremos a resistir aos apelos para abandonar a nossa política externa independente e não-alinhada”, vincou o Presidente sul-africano.

No seu discurso, Ramphosa afirmou também que "algumas empresas multinacionais estão envolvidas em condutas inescrupulosas que prejudicam a saúde humana e poluem o meio ambiente”, adiantando que "em muitas partes do continente, as batalhas pelo controlo dos recursos naturais de África estão a alimentar conflitos, instabilidade e terrorismo”. Após as recentes acusações dos Estados Unidos contra Pretória, o Governo sul-africano negou o envio de armas e munições para a Rússia, reiterando a sua posição de "não-alinhamento” no conflito na Ucrânia, após a ofensiva militar desencadeada pela Rússia.

  Detido suspeito de genocídio no Rwanda

O suspeito mais procurado do genocídio no Rwanda, em 1994, foi detido quarta-feira, em Paarl, na África do Sul, depois de décadas em fuga, avançou ontem a CNN Internacional. Trata-se de Fulgence Kayishema, que estava em fuga desde 2001, foi detido numa operação conjunta entre as autoridades sul-africanas e as do Rwanda. Fulgence Kayishema é suspeito de orquestrar a morte de mais de 2 mil refugiados tutsis – mulheres, homens, crianças e idosos – na Igreja Católica de Nyange durante o genocídio.

"Fulgence Kayishema esteve em fuga mais de 20 anos. Finalmente ele enfrentará a Justiça pelos crimes que, alegadamente, cometeu", disse o procurador-chefe Serge Brammertz do Mecanismo Residual Internacional para Tribunais Criminais (IRMCT) aos meios locais. Recorde-se que, cerca de 800 mil tutsis e hutus foram mortos, em 90 dias, em 1994, no Rwanda, neste que ficou conhecido como um dos maiores genocídios do mundo. Além de Fulgence Kayishema, ainda há outros suspeitos em parte incerta.

Entretanto, quatro pessoas que se acredita serem de "origem búlgara" foram mortas a tiros num bairro nobre da Cidade do Cabo, informou a Polícia sul-africana nesta quinta-feira. Um criminoso procurado pela Interpol, Krasimir Kamenov, estava entre as vítimas, segundo fontes judiciais e governamentais em Sófia. O motivo dos assassinatos ainda não está claro. Uma investigação foi aberta.

Segundo fontes judiciais e governamentais em Sófia, Krasimir Kamenov, um criminoso de alto escalão que fez parte da elite do crime organizado búlgaro após a queda do comunismo neste país balcânico, está entre as vítimas.

O homem de 55 anos é alvo de uma notificação vermelha da Interpol por "extorsão, assassinato". O seu nome voltou recentemente aos holofotes na Bulgária depois que promotores anunciaram a abertura de uma investigação sobre ele por vários assassinatos, incluindo o de um ex-chefe de polícia, no final do regime.

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