Política

Rainha do 4 de Fevereiro defende conhecimento da história

Paulo Caculo

Jornalista

Os acontecimentos do 4 de Fevereiro de 1961 e toda a acção posterior que culminou com a proclamação da Independência Nacional, a 11 de Novembro de 1975, pelo então primeiro Presidente de Angola, António Agostinho Neto, deve ser transmitido aos mais jovens, para que possam saber o quanto custou a liberdade, defendeu, a rainha Engrácia Cabenha.

05/02/2023  Última atualização 06H15
Engrácia Cabenha integrou o grupo de nacionalistas que atacou as cadeias coloniais © Fotografia por: Edições Novembro

A única mulher a integrar o grupo de nacionalistas que atacou as cadeias coloniais de Luanda em 1961, na tentativa de libertar patriotas presos, dando assim início à Luta Armada de Libertação Nacional, manifestou, em entrevista ao Jornal de Angola, o desejo de ver a juventude angolana no país e no exterior melhor informada sobre os acontecimentos do 4 de Fevereiro.

Sublinhou a necessidade imperiosa de os mais velhos conversarem mais vezes com os jovens sobre o processo da Independência, mas sobretudo incutindo-lhes a cultura da leitura sobre a História de Angola e dos protagonistas. "A juventude precisa de conhecer a História”, afirmou a antiga guerrilheira, destacando em seguida a importância de se "estudar as várias fases marcadas pelo processo que levou à Independência”.

Engrácia Cabenha considerou, ainda, fundamental que, ao nível das escolas, os professores e estudantes abordem muito mais sobre o 4 de Fevereiro, de formas que percebam o quanto os angolanos estiveram submetidos à inúmeros sacrifícios, para conquistarem a liberdade.

A sua presença no grupo de nacionalistas que atacou as cadeias, disse, deve servir de exemplo de coragem às mulheres angolanas que, nas suas mais distintas áreas de actuação, dão o seu contributo em prol do desenvolvimento do país.

"As mulheres também pegam em armas e sabem disparar. Porquê que não!?”, questionou-se a antiga guerrilheira, actualmente com 78 anos, tendo apelado, em seguida, para o facto de que a sua incorporação entre 1.123 homens deve ser entendida como um papel relevante na História Militar e na luta pela emancipação feminina em Angola.

Defendeu, por isso, ser necessário que o Ministério da Educação implemente uma cadeira específica que faça referência a este e a outros acontecimentos que marcaram a trajectória histórica do povo angolano, para que a informação esteja disponível aos mais jovens.

"As novas gerações devem conhecer a História de Angola, porque nós não duramos para sempre”, acrescentou, adiantando que o 4 de Fevereiro abriu caminho para a liberdade dos angolanos. "Deve ser mais divulgada, as pessoas devem conversar mais sobre a data”, reforçou.

Engrácia Cabenha concorda que a efeméride tem um significado de "determinação, resiliência e patriotismo”, razão pela qual, sugeriu que os órgãos de comunicação social "devem abordar mais o assunto nos noticiários” e "não apenas na véspera”.

Além de ter integrado o grupo de nacionalistas, Engrácia Cabenha fez parte do Destacamento Feminino das FAPLA, criado antes da Independência Nacional, por iniciativa do comandante Gika. A rainha é, também, a presidente da Associação Heróis do 4 de Fevereiro e tenente-general das Forças Armadas Angolanas (FAA) na reserva.

A 4 de Fevereiro de 1961, recorde-se, patriotas angolanos munidos de catanas desencadearam um ataque à Cadeia de São Paulo e à Casa de Reclusão, em Luanda, com o intuito de libertar os políticos injustamente encarcerados, tendo a acção culminado com a proclamação da Independência Nacional, a 11 de Novembro de 1975.

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