Especial

Qualidade de vida dos povos da SADC passa pelo desenvolvimento dos Estados

Edna Dala

Jornalista

O novo Presidente da Troika do órgão para as questões de Política, Defesa e Segurança da SADC, Hakainde Hichilema, considera o desenvolvimento económico dos Estados-membros fundamental para garantia da qualidade de vida dos seus respectivos povos, em particular dos jovens.

18/08/2023  Última atualização 09H01
Depois de receber o testemunho do homólogo namibiano (Hage Geingob), Hakainde Hichilema mostrou-se honrado por ter sido indicado ao novo cargo © Fotografia por: Contreiras Pipa| Edições Novembro

Ao intervir depois de assumir a presidência da Troika, em substituição do Chefe de Estado da Namíbia, Hage Geingob, Hakainde Hichilema justificou o foco na juventude por entender que estes precisam de aptidões, saúde, educação, emprego e oportunidades de negócios.

"Quando não houver estabilidade é absolutamente difícil, para não dizer impossível, oferecer melhores condições de vida às nossas populações, que nos elegeram para essas funções públicas”, considerou o Chefe de Estado zambiano, acrescentando que é por isso que se deve prestar mais atenção a este segmento.

Hichilema acrescentou que a instabilidade distorce e afecta negativamente as perspectivas económicas da SADC, "mas a falta de desenvolvimento também gera instabilidade nos nossos países”.

Depois de receber o testemunho do homológo namibiano, o Presidente zambiano mostrou-se honrado por ter sido indicado para o novo cargo e recordou, a este propósito, que o seu país viveu muita instabilidade, sobretudo, durante as lutas de libertação dos países vizinhos, muitos dos quais encontraram refúgio na Zâmbia.

Hakainde Hichilema destacou o papel do sector privado, por todo o conhecimento, experiência e contributo em prol do desenvolvimento dos seus países, tendo-o considerado "peça fundamental para qualquer sociedade”.

O Chefe de Estado zambiano prometeu trabalhar com o homólogo angolano, João Lourenço, na qualidade de Presidente em exercício da SADC, e com a sua equipa, no intuito de conferir maior impulso à organização.

Hichilema destacou o apoio prestado pela SADC para se pôr fim aos actos de terrorismo no Norte de Moçambique e no Leste da República Democrática do Congo (RDC), o que considerou vital para o desenvolvimento não apenas destes países, mas também para a região.

Sobre a industrialização da SADC, de resto um dos grandes desafios da comunidade, o Presidente da Troika defendeu maior atenção aos recursos humanos e financeiros, tendo em vista o desenvolvimento económico dos países e da região.

Limitar a importação de bens

Por seu turno, o secretário-executivo da SADC, Elias Magosi, alertou os Estados-membros no sentido de não perderem, continuamente, os benefícios dos seus recursos abundantes, com destaque para os minerais e o petróleo, exportando-os sem valor acrescentado, beneficiando outras economias.

Para tal, o responsável pelo órgão executivo da SADC apontou como soluções a limitação de importação de bens transformados, redução de exportação de matérias-primas, através da promoção da industrialização, fortalecendo a competitividade e a integração regional, por via da transformação estrutural e o aumento do fabrico de bens.

Elias Magosi anunciou uma carteira de 20 projectos nas cadeias de valor de beneficiação de minerais e que vão contribuir para o desenvolvimento da região, bem como conferir valor acrescentado, criação de empregos e, em última análise, reduzir a pobreza.

Para a implementação destes projectos, apelou ao contributo dos parceiros de cooperação internacional e ao sector privado. Magosi disse acreditar que estes projectos vão fazer toda a diferença na vida dos cidadãos da SADC, cumprindo-se assim um dos objectivos da organização.

O secretário-executivo da SADC lembrou que já se está no terceiro ano desde a aprovação da "Visão 2050” da organização, um dos instrumentos mais importantes e estratégicos em relação a intervenções e actividades para realizar durante o período de 10 anos, em pleno alinhamento com a Agenda 2063 da União Africana  e com os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas.

Elias Magosi destacou o facto de a SADC ser considerada uma das regiões mais pacíficas em África, mas lamentou que seja marcada por desigualdades sociais consideráveis e algumas bolsas de conflitos que impedem os esforços de desenvolvimento. Reconheceu a paz e a segurança, bem como a estabilidade política, como elementos essenciais para o desenvolvimento sócio-económico e para a integração regional.

Lesotho destaca "organização amiga”

O Primeiro-Ministro do Reino do Lesotho, Samuel Matekane, agradeceu o "importante papel” que a SADC desempenhou no processo de mediação para que o país vencesse a crise política.

O chefe do Governo do Lesotho considerou a SADC um verdadeiro amigo do Lesotho de muitos anos. "A organização esteve connosco nos tempos bons e maus e os esforços para estabilizar o Lesotho ao longo dos anos não foram em vão”, declarou.

Samuel Matekane defendeu o aumento significativo dos investimentos para as comunidades e solicitou às partes no sentido de redobrarem os esforços para a implementação dos projectos de desenvolvimento de infra-estruturas constantes no Plano Director de Desenvolvimento Regional.

Matekane considera crucial o reforço da estratégia de mobilização de recursos para a implementação da agenda de integração regional, enquanto contribuição dos Estados-membros, mas insuficientes. "É cada vez mais evidente que o fardo financeiro das nossas economias está cada vez mais pesado”, admitiu.

O governante aproveitou a oportunidade para anunciar a realização, em breve, em Maseru, capital do Lesotho, de uma Conferência sobre Energia e Água, para a qual estão convidados os Estados-membros da SADC. Samuel Matekane deu a entender que o seu país virou a página da instabilidade. "Estou a falar de um Lesotho que já não estará na agenda da SADC pelas razões erradas, mas a ocupar o lugar que merece na comunidade das Nações e participar também nos esforços de paz regionais”, prometeu.

O Primeiro-Ministro do Lesotho prometeu, igualmente, implementar as recomendações saídas dos encontros anteriores da SADC e participar, plenamente, na implementação do Acordo da Zona de Comércio Livre.

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