Sociedade

Propinas de bolsas de estudo passam a ser pagas nas escolas

Alberto Quiluta

Jornalista

As propinas das bolsas de estudo internas vão passar a ser pagas, pelo Instituto Nacional de Gestão de Bolsas de Estudo (INAGBE), directamente nas contas bancárias indicadas pelas Instituições de Ensino Superior (IES) onde os benefiários estudam, deixando de ser pagas ao estudante, tal como acontecia.

20/01/2023  Última atualização 08H04
Pagamento de estudos em instituições privadas fica mais facilitado após acordo com INAGBE © Fotografia por: Alberto Pedro ! Edições Novembro

O dado foi tornado público, ontem, em Luanda, pelo secretário de Estado do Ensino Superior, Eugénio da Silva, durante a cerimónia de assinatura do protocolo de cooperação entre o Instituto Nacional de Gestão de Bolsas de Estudo e Instituições de Ensino Superior Privadas.

O governante explicou que a medida visa garantir maior transparência na gestão dos fundos públicos e rigor no cumprimento do pagamento das propinas.

"O acordo abre uma nova era no que diz respeito à gestão da política de bolsas de estudo internas, decorrente da actualização do regulamento geral de atribuição de bolsas, esperando ver melhorado o nível de cumprimento dos bolseiros, quanto ao pagamento das propinas”, referiu.

Explicou que as IES vão fazer o acompanhamento do rendimento académico dos estudantes.

O secretário de Estado do Ensino Superior lembrou que o acordo implica obrigações recíprocas entre as partes, que irão certamente afectar o nível dos bolseiros em relação à sua responsabilização no que diz respeito a merecer ou não uma bolsa de estudo.

"A bolsa insere-se na política de apoio social a estudantes de mérito e carenciados. É uma obrigação do estudante assumir o seu compromisso em relação às Instituições do Ensino Superior”, disse.

O director-geral do Instituto Nacional de Gestão de Bolsas de Estudo avançou que a medida visa facilitar a gestão dos bolseiros, tanto pelo INAGBE como pelas Instituições de Ensino Superior, tendo em conta as várias reclamações recebidas pelas universidades dando conta de estudantes que não cumpriam cabalmente com a responsabilidade de assumir a componente propina.

Milton Chivela reiterou que, doravante, o pagamento das propinas vai ser feito directamente nas contas bancárias das universidades e o valor remanescente será pago aos bolseiros. 

"Tínhamos que tomar uma medida e julgamos que esta é a mais assertiva. Semestralmente, as instituições vão ter a responsabilidade de remeter ao Instituto Nacional de Gestão de Bolsas de Estudo o aproveitamento académico dos estudantes”, referiu.

Acrescentou que o acordo visa, também, melhorar o controlo dos estudantes bolseiros e honrar os compromissos inerentes à vida académica dos mesmos nas instituições privadas onde frequentam a formação de nível superior.

Fez saber ainda que os estudantes não terão preocupações em relação ao atraso dos pagamentos das propinas, aplicabilidade de multas e expulsão nas salas de aulas. 

O director-geral do INAGBE lembrou que com a medida os estudantes vão apenas preocupar-se pelo aproveitamento académico, de modo a continuarem a beneficiar dos direitos que a bolsa oferece.

Explicou que as bolsas internas para os licenciados estão orçadas em 58 mil kwanzas e para mestrados e doutoramentos 100 mil kwanzas por mês.

Segundo Milton Chivela, no presente ano académico estão disponíveis 11.500 bolsas de estudo, das quais dez mil para o nível de licenciatura e 1.500 para mestrados e doutoramentos. "O processo de cooperação abrange todas as instituições privadas do ensino supetrior do país”.

Lembrou que a medida do Instituto Nacional de Gestão de Bolsas de Estudo entra em vigor a partir do segundo semestre do ano académico 2022/2023.

Para a vice-reitora da Universidade Católica de Angola (UCAN), Maria Miguel, a iniciativa já deveria ter acontecido há bastante tempo, porque visa facilitar todo o processo de interação dos estudantes bolseiros com as universidades.

"O INAGBE pagava os subsídios de bolsas aos estudantes, que muitas vezes não pagavam às instituições”, disse Maria Miguel, acrescentando que a UCAN, no ano académico 2021/2022, tinha cerca de 300 estudantes bolseiros com problemas de regularização das propinas.

Por seu turno, a directora para os Assuntos Acadêmicos do Instituto Superior Politécnico de Ciências e Tecnologias (INSUTEC), Naheed Malik Dad, disse que a iniciativa é uma mais  valia porque "deixamos de ter estudantes como intermediários e passamos a ter uma comunicação direita com a instituição responsável pelos bolseiros”. Fez saber que o INSUTEC controla, actulamente, 250 estudantes bolseiros do Instituto Nacional de Gestão de Bolsas de Estudo.

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