Sociedade

Projectos sociais erguidos na Tchavola e Kwawa melhoram a vida dos moradores

Três professoras reformadas, realojadas no bairro Tchavola, há sensivelmente 12 anos, testemunharam a implementação do projecto que culminou com a reabilitação do Caminho-de-Ferro de Moçâmedes (CFM).

07/01/2021  Última atualização 14H05
© Fotografia por: DR
Com as anciãs Antónia, Jamba e Joaquina, dezenas de famílias abrangeram no processo de transferência, e pelos anos que ali vivem não paravam de reclamar contra a ausência de vários serviços sociais na zona.
Foi a partir desta onda de protestos que o bairro foi inserido no pacote de prioridades do Governo Provincial da Huíla. A população exigia, entre outras condições, energia eléctrica, melhorias nas vias de acesso e da segurança pública, mais escolas e unidades sanitárias, entre outras condições que garantem o bem-estar social das famílias.As anciãs disseram ao Jornal de Angola, que todos os dias, depois das 18h00, a escuridão, nas ruas da localidade, forçava a juventude a deixar de participar em actividades de lazer e recreação. E os delinquentes não paravam de atormentar os moradores. Arrombavam portas e janelas das residências, e transportavam tudo o que pudessem levar.

Lembram que, no bairro havia um grupo de jovens que trabalhava em colaboração com a Polícia Nacional. O mesmo fazia rondas, principalmente no período nocturno, que ajudavam a intimidar os delinquentes. "Depois disso, os assaltos reduziram muito”, disse a velha Joaquina, para sublinhar que nos últimos três meses do ano passado, Tchavola ganhou diversas infra-estruturas de impacto socio-económico, que estão a contribuir para a melhoria das condições de vida das populações locais.

Jamba, Joaquina e Antónia explicaram que a designação Tchavola, na língua nacional umbundu significa "coisa podre”, em português. "Quando nos realojaram neste bairro, pensamos mesmo que o Governo nos virou as costas. Mas afinal não era bem assim”, acrescentou a velha Jamba.Nos dias que correm, a satisfação das famílias do bairro da Tchavola está ligada à instalação, pela primeira vez, da corrente eléctrica, em mais de 900 residências. O mesmo projecto contemplou, também, o bairro do Kwawa, outra localidade que alberga um nú-mero considerável de famílias realojadas.

Entre as acções executadas no ano passado, no Lubango, consta ainda a reabilitação de 90 quilómetros de estradas secundárias e terciárias, no interior de certos bairros, facto que além de descongestionar o trânsito rodoviário nalguns pontos da cidade, confere nova dinâmica e mobilidade às pessoas.O facto de a urbe apresentar inclinações em vários pontos que facilitam a drenagem das águas pluviais e residuais, as obras abrangem a construção de pontecos que estão a viabilizar a circulação de pessoas e mercadorias em diversos bairros da sede provincial da Huíla.

  Benfeitorias na capital da Huíla
No âmbito do Programa Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM), decorrem várias acções, nos sectores da Educação, Saúde, Águas e Saneamento Básico, que dão lugar ao surgimento de infra-estruturas condignas e de maior capacidade.

Convertido num gestor público que equilibra a sua presença física no gabinete e em locais onde são desenvolvidos projectos do PIIM, o administrador do Lubango, Armando Vieira, explicou ao Jornal de Angola que os munícipes residentes na capital da província da Huíla ganharam 58 salas de aula, enquanto as obras de outras 48 caminham para a sua fase final.

Armando Vieira considera que as novas infra-estruturas escolares representam um grande alívio, tendo em conta que no próximo ano lectivo mais de 14 mil novos alunos poderão frequentar aulas em salas mais adequadas. "Estamos empenhados para inserir cada vez mais crianças no sistema normal de ensino”, disse.

No sector da Saúde, depois da entrada em funcionamento de novas unidades sanitárias, erguidas no casco urbano e suburbano da cidade do Lubango, a assistência médica e medicamentosa melhorou significativamente. "A maioria das unidades hospitalares foi im-plantada na periferia de modo a aproximar os serviços de cuidados médicos primários de saúde”, referiu, antes de apelar os munícipes a melhor preservar os bens públicos.

Segundo o administrador do Lubango, com a aquisição de vários contentores e veículos, a recolha de resíduos sólidos já se processa em melhores condições. Armando Vieira enaltece o contributo de várias associações juvenis e não só, no processo de sensibilização e mobilização dos cidadãos, a fim de participarem activamente na sanidade da urbe, que apresenta agora uma nova imagem, em consequência das acções do Programa de Obras de Infra-estruturas Integradas da Cidade do Lubango, em curso há mais de três anos.

Apesar de estarem criadas, na cidade, as condições necessárias para o depósito do lixo, Armando Vieira disse que os vendedores ambulantes que comercializam frutas e verduras merecem uma atenção especial, para evitar que certos moradores continuem a colocar as imundícies em locais impróprios.

O administrador do Lubango esclareceu que é nesta perspectiva que foram criadas as condições mais adequadas, para o exercício da venda de hortofrutícolas, para mais de 150 comerciantes que realizam actividades em locais proibidos, contribuindo desta forma para o desgaste da imagem da cidade."Hoje, estão disponíveis dezenas de bancadas no novo mercado, assim como estão a ser distribuídos outros móveis à várias vendedoras ambulantes, de modo que possam concentrar-se nos locais determinados pelas autoridades para o exercício da actividade, evitando que cada um faça o seu negócio em qualquer sítio e degradem a imagem da cidade”, disse.
Água nas torneiras

A água potável já jorra nas torneiras de mais de 600 residências do bairro do Tchioco, para satisfação dos habitantes que percorriam longas distâncias para acarretar o produto nos riachos, nas cisternas ou em tanques privados.Luzia Ngueve, que reconhece o empenho do governador da Huíla, Luís Nunes, e do administrador do Lubango, Armando Vieira, contou que por ausência de recursos financeiros para encher o tanque de 5000 litros, andava quilómetros até ao riacho mais próximo, para cobrir as necessidades de casa."O sofrimento que envolvia muitas famílias para adquirir água, agora acabou. Mas aconselho todos os habitantes do nosso bairro do Tchioco a conservar os equipamentos instalados, para que durem mais tempo e possam servir outras gerações”, argumentou.
Postos de trabalho

A materialização do Programa Integrado de Intervenção Municipal (PIIM), do Programa de Investimentos Públicos (PIP) e de um outro de combate à fome e à pobreza permitiu a criação de 600 postos de traba-lho no município do Lubango. A maioria é jovem, formados em diversos institutos politécnicos da província da Huíla.Os contemplados encorajaram as autoridades a prosseguir com a realização de acções do género, porque além de erguer infra-estruturas de qualidade, em diversos pontos da província, confere uma nova imagem às zonas rurais e emprega dezenas de técnicos nacionais, formados em várias instituições locais.

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