Cultura

Projecto cultural cria espaços de recreação na comunidade

A criação de novos factos culturais como forma de ocupar a juventude originou o surgimento do projecto cultural “Sambizanga Ritmo e Poesia”, que vai permitir, brevemente, a exploração de alguns espaços recreativos, localizados no Distrito Urbano do Sambizanga, em Luanda.

24/02/2021  Última atualização 14H00
Orlando Paca, administrador do Distrito Urbano do Sambizanga © Fotografia por: DR
Em declarações, ontem, ao Jornal de Angola, o administrador do distrito, Orlando Paca, disse que actualmente existem alguns espaços como o Centro Cultural António Agostinho Neto, a Praça da Unidade Africana, a Casa Rede e outros espaços privados subaproveitados que precisam ser melhor explorados.

De acordo com o administrador, a revitalização desses espaços vai permitir ao distrito, que já foi palco de um dos conjuntos mais importantes da história da Música Popular Angolana, o N’gola Ritmos, materializar os eventos "Sambila Leitor”, "Diálogo Acústico” e "Roque Santeiro Cultural”, inseridos no programa "Sambizanga Ritmo e Poesia”.

O Sambizanga, disse, viu nascer no século passado, grandes artísticas e prestigiosos grupos carnavalescos como o União Kabocomeu, Kiela, Kazukuta e Etu Mudietu . Porém, adiantou, nos dias de hoje, apesar de pequenas iniciativas artistas e promotores de evento, persiste a ausência de um movimento artístico-cultural sólido e constante.

O lançamento  do programa "Sambizanga Ritmo e Poesia”, avançou, vai ser materializado em três eventos. O "Sambila Leitor”, disse, é um clube de leitura onde os leitores encontram-se para debater e analisar obras literárias. "Grande parte dos debates serão realizados bimestrais e contarão com a presença de escritores convidados. Para além de se debater os livros e respectivos autores, outros factos literários também serão objectos de análises”, destacou.

Pretende-se na perspectiva de Orlando Paca, discutir a produção, promoção e distribuição do livro na sociedade, abordando directamente escritores, editores, leitores, críticos literários, gráficas, livrarias, alfarrabistas e distribuidoras de livros.
Quanto à programação dos eventos de músicas alternativas e o spoken word (palavra falada), explicou que a pretensão é criar num mesmo palco a união entre a música alternativa, a trova e o spoken word.

Por esse motivo, sublinhou, nasceu o evento bimestral "Diálogo Acústico”, que é um concerto intimista em voz e violão, cujo palco visa dar espaço e voz a músicos, trovadores e slammers. Segundo o administrador, além dos criadores apresentarem a sua criação artística, cada convidado vai ter um espaço de diálogo com o público. "A iniciativa foca-se no valor pedagógico das artes, aproximando os munícipes do Sambizanga a conteúdos artísticos que melhor incentivem a sensibilidade e desenvolvam o senso crítico de quem aprecia”.

Orlando Paca adiantou que está igualmente prevista a realização anual da feira de livro denominada "Roque Santeiro Cultural”, com a exposição e venda livros, discos, artesanato, artes plásticas e materiais de outras disciplinas artísticas, incluindo um palco performativo para actuações musicais, exibição de teatro, danças contemporâneas e tradicionais, incluindo debates sobre o estado das artes. "Pretendemos moldar gostos e consciências e transformar positivamente os munícipes para que estejam preparados e a altura dos desafios da comunidade”.

Esses projectos artísticos, frisou, é uma forma de criar novos factos culturais na municipalidade, embora aconteçam já de forma esporádica alguns eventos culturais no Sambizanga. "Estes não têm sido suficientes para satisfazer a procura do grande público, já que na sua maioria são eventos com acessos pagos”.
A ideia, lembrou, é permitir que os munícipes, tenham acesso aos eventos criados pela administração de forma gratuita, para promover a socialização e o resgate dos bons hábitos na comunidade. "É nossa preocupação procurar criar maior interacção entre os munícipes e incentivar a cultura do diálogo e da tolerância”.

De acordo com o administrador, há a necessidade de se mudar o paradigma daquilo que tem sido a imagem da juventude local. Mais do que se mudar o paradigma da imagem da juventude do Sambizanga, disse que o objectivo com esses projectos é ocupar os jovens. "Queremos que a juventude olhe para as artes como grande fonte de conhecimento, cultura e educação,  dando-lhes a possibilidade de encararem as artes como um possível meio de estabilidade emocional e financeira”.

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