A representante do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) em Angola, Denise António, destacou, sexta-feira, em Luanda, a importância do Governo angolano criar um ambiente propício para a atracção de mais investidores no domínio das energias renováveis.
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Os problemas cíclicos de inundações e seca severa que têm afectado milhares de famílias no Sul do país poderão conhecer o seu fim em breve, com a conclusão do Programa de Combate aos Efeitos da Seca naquela região (PCESSA), garante o Ministério da Energia e Águas, numa nota a que o Jornal de Angola teve acesso.
De acordo com o documento, o Governo angolano tem vindo a desenvolver um programa específico de acções estruturantes que consiste na construção de canais e transvases entre bacias, bem como de barragens com reservatórios para acumulação de águas pluviais, incluindo a reabilitação de dezenas de açudes, nas províncias do Cunene, Namibe e Huíla.
Tal programa, com um orçamento de 4,5 mil milhões de dólares, teve início na província do Cunene, com a conclusão do Canal do Cafu, com captação de água no Rio Cunene e sua distribuição por 165 quilómetros de canais abertos, com um potencial benéfico para milhares de pessoas e animais, para além da irrigação dos solos ao longo do seu percurso.
Para pôr fim a tal dilema que afecta, essencialmente, milhares de famílias naquelas províncias, com os seus impactos negativos, o Executivo angolano, por intermédio do Ministério da Energia e Águas, gizou e lançou, no ano de 2022, no Cunene, o primeiro Sistema de Transferência de Caudais (CAFU). Enquadrado no âmbito do PCESSA, o sistema vai ser extensivo às províncias da Huíla e Namibe.
Até ao momento, já foram investidos cerca de 189 milhões de dólares de um total de 759 milhões previstos nesta primeira fase, na província do Cunene. O programa contempla a construção de barragens e sistemas de abastecimento de água, acções que se encontram em bom andamento nos municípios do Cuvelai, Cuanhama, Cahama e Curoca, todos na província mais a Sul do país. Quando concluídos, estes sistemas vão impactar positivamente na vida de mais de 380 mil pessoas.
As barragens dos últimos programas têm previsão de conclusão definitiva para Novembro do ano em curso, não tendo sido a escolha da época chuvosa por mero acaso, pois é nesta época que é evidente a vantagem em aproveitarem-se as quedas pluviométricas, para o início do processo de enchimento das albufeiras das barragens, possibilitando o acúmulo de água e consequente benefício imediato à população circunvizinha.
Benefícios esperados com o programa
Uma vez as obras concluídas e os reservatórios cheios, o projecto prevê trazer segurança alimentar nos meses de seca que a história regista como sendo os mais críticos. Com a transformação e mudança da realidade local, as famílias poderão dedicar-se à agricultura durante todo o ano, sem ter de emigrar para assegurar a sobrevivência, como é prática para aquelas comunidades.
Com meios de produção e subsistência assegurados, espera-se que se mitigue os elevados impactos ambientais, como por exemplo, redução a mínimo, da produção de carvão vegetal, meio de sobrevivência da população.
Estima-se que, cerca de 600 mil famílias serão beneficiadas através do fomento da agricultura familiar. Prevê-se ainda que, com a existência de água suficiente, haverá uma grande mudança de paradigma na região, que se tornará atractiva para o desenvolvimento de empreendimentos agrícolas de produção em larga escala, com a geração de aproximadamente 9.500 empregos directos e potencial para gerar mais 3 mil toneladas de produtos agrícolas, que poderão ser agregados à economia local, assim como se espera por transacções estimadas em mais de 1 milhão de dólares, com perspectivas de triplicar nos anos seguintes.
A pecuária faz parte da cultura local e é destaque na produção nacional, sendo a província do Cunene responsável por aproximadamente 30% da produção do país. Entretanto, actualmente, cerca de 2,5 milhões de cabeças de gado sofrem com a má qualidade do pasto, escassez de chuvas, dentre outros, malefícios.
Todo este crescimento económico visa, no futuro, ampliar os serviços públicos vocacionados à educação e saúde, além do surgimento de outras modalidades comerciais, instalações industriais e actividades turísticas.
Por isso, para o Ministério da Energia e Águas, o Programa de Combate aos Efeitos da Seca no Sul de Angola não é apenas uma obra. É um amplo projecto do Executivo que prevê trazer desenvolvimento para a região, melhorias significativas na qualidade de vida da população e o orgulho para as comunidades locais e a Nação como um todo.
Enquanto decorre a execução do amplo programa, antes mesmo das infra-estruturas planeadas entrarem em funcionamento a 100 por cento, outros efeitos colaterais colectivos são já visíveis. As obras de implementação das gigantescas estruturas vão gerar cerca de 4.500 empregos directos, cujos beneficiários são, maioritariamente, mão-de-obra local.
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