Cultura

Profissionais do jornalismo cultural lamentam a morte de João das Chagas

Analtino Santos

Jornalista

Morreu, sábado, vítima de doença, o jornalista João Miguel das Chagas, quadro da Rádio Nacional de Angola (RNA), onde se destacou na apresentação e realização de programas culturais.

04/06/2023  Última atualização 09H37
Morreu João M. das Chagas © Fotografia por: DR

João Miguel das Chagas foi co-fundador da produtora audivisual "Dreadlocks”, com Nguxi dos Santos e Dias Júnior, e mentor do grupo Agir.

Conhecido e tratado carinhosamente por Chagas,  destacou-se como um dos locutores do Boa Noite Angola, da RNA, e depois em programas juvenis e culturais, com realce para o Quintal do Ritmo, em que foi o primeiro locutor.

Defensor do género semba, foi, também, apresentador dos principais espectáculos quer da RNA, como de outras instituições, devido à capacidade de improvisação e bagagem de cultura geral que ostentava.

Recordando o colega, Nguxi dos Santos disse: "O Chagas era o nosso director-geral, o nosso cabeça, o homem das ideias. Espero que todos nós tenhamos coragem de acompanhar o Chagas, que nos últimos anos estava muito afastado”.

Da redacção Cultural da RNA, Miguel Pacheco destacou a capacidade de improviso de Chagas, que vezes sem conta entrava sem qualquer guião para os programas e apresentações de espectáculos. Por sua vez, Sebastião Lino afirmou que  Chagas foi uma grande inspiração para a sua geração. 

Antigo companheiro de cabine na RNA, a partir de Lisboa, Carlos Gonçalves escreveu: "Recebo da irmã a triste notícia do falecimento, esta manhã, do amigo e companheiro João Miguel das Chagas. Uma das mais belas competências dos programas da RNA, e um dos maiores dinamizadores do sector Cultural, como está, aliás, registado pela história. Há poucos dias, eu, o Lopito Feijo e a Aminata falámos e pensámos nele de modo carinhoso. Estou muito triste com mais este golpe, quandoainda não me refiz da prematura partida do Muachilela. Descanse em paz, Companheiro”.

Outro profissional e assumido seguidor de João Miguel das Chagas é Carlos Bequengue, que escreveu: "João Miguel Lemos das Chagas, é assim que lhe tratava, sempre que nos encontrávamos, e a mim tratava-me por Nelito (nome de casa, por influência da Maninha, minha vizinha e amiga do bairro, nas B3 e B4). Fomos todos colegas de sala no Ngola Nzinga, nos anos 1976 e 1978. Se a memória não me atraiçoa, ele  era o número 15, eu o 17, Maninha (Ondina) número 20 e o Mané 19. Éramos um grupo coeso de amigos. Lamento profundamente a sua partida. Paz à sua alma, meu amigo e colega de instrução. Adeus Chagas”.

Isaías Afonso reconhece o profissionalismo do colega, e exprimiu-se da seguinte forma: "Um nome que fica na história da rádio em Angola. Com ele aprendi, também, trabalhando lado a lado na RNA. Eterno descanso Chagas”.

O profissional tem as suas impressões digitais em importantes iniciativas culturais do país, como o Top dos Mais Queridos, Caldo no Poeira, Revista Musical, da Televisão Popular de Angola, documentários produzidos pela "Dreadlocks”, pesquisas que resultaram no livro da historiadora Marissa Moorman e dos textos da colectânea de discos organizado pela francesa Ariel de Bigault, com apoio e colaboração de Gilberto Júnior e Jomo Fortunato.

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