Economia

Produtores apostam no cultivo de café

O aumento considerável de áreas agricultáveis de café arábica começou já a ser notado em vários pontos dos municípios de Caconda e Caluquembe, a Norte da província da Huíla, por estar entre as plantas resistentes aos efeitos devastadores das estiagens cíclicas.

26/03/2021  Última atualização 14H50
Huíla busca alternativa à estiagem © Fotografia por: Estanislau Costa | Edições Novembro
A acção iniciada, há três anos, com apenas dez cafeicultores que lançaram 50.000 plantas em cerca de 40 hectares, regista, actualmente, o alargamento dos espaços, com as colheitas a atingirem as 20 toneladas do tipo arábico e espécies nativas como sorromon, sumatra, tupi, borbon, cavua e cativua.
Um dos membros da associação dos camponeses de Caconda, Francisco Alberto, considerou ser uma mais- valia a produção de café por registar alguma procura no mercado nacional, e não só, devido à qualidade do produto, processo de secagem e embalagem.

Francisco Alberto, preocupado com as inconstâncias do clima que afectam vários pontos do país, defendeu a criação de alternativas que contraponham os efeitos nefastos das estiagens. "Acabou a época de se praticar a agricultura com dependência directa das chuvas”.

Segundo o responsável, existem outras culturas, além do café, os tubérculos e citrinos que agora devem ser a aposta dos produtores para ser também "uma forma de compensar as perdas devido à seca e evitar que as famílias camponesas fiquem a mercê dos apoios de emergência do Executivo ou de organizações filantrópicas”.

Já o agricultor Vahenga Vissapa, que já foi um dos maiores produtores de milho do município de Caluquembe, também apostou no cultivo do café. Esclareceu que, até ao ano passado, a venda do produto era apenas feita nas cidades do Lubango, Ondjiva e Moçâmedes.

"A implementação do programa de alívio económico permitiu que o escoamento se estendesse para outros pontos do país”, disse, tendo reconhecido a iniciativa do Ministério da Economia por agora criar as condições para os homens do campo dedicarem-se apenas ao cultivo e o escoamento ser feito por outros.

Vahenga Vissapa, inconformado com os estragos que as estiagens provocam nas culturas do milho, apelou às autoridades a "apostarem fortemente no aproveitamento dos vários rios que o país possui, com a implantação de barragens de retenção e a abertura de canais de irrigação”.
Afirmou que várias infra-estruturas compactas e com água, até às zonas sem rios ou lagos vão elevar o cultivo de diversos alimentos à escala industrial. "Só assim estaremos em condições de atingirmos a auto-suficiência alimentar, criar excedente para exportar e banir a fome que já assola dezenas de famílias”.

O Jornal de Angola apurou que os produtores do município de Caluquembe estão agrupados em 180 associações e 37 cooperativas que têm beneficiado de diversos imputes agrícolas, sementes e meios  mecanizados, com vista a cada época agrícola ampliarem-se os espaços de cultivo.

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