Economia

Produção pesqueira no mundo regista um crescimento anual de 1,3 por cento

A produção pesqueira e aquícola mundial, em 2020, foi de cerca de 180 milhões de toneladas, das quais 98 milhões provenientes da pesca extractiva e 82 milhões da aquicultura, segundo dados apresentados ontem, no final da 34ª sessão do Comité de Pesca (COFI), do Programa das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), que decorreu de 1 a 5 deste mês, em Roma, na Itália.

08/02/2021  Última atualização 11H19
Um total de 60 milhões de pessoas estão engajadas no sector da pesca e da aquicultura © Fotografia por: João Gomes |Edições Novembro
Do total, cerca de 160 milhões de toneladas de peixe foram destinadas ao consumo humano e as restantes 20 milhões para o uso não alimentar, principalmente para a produção de farinha e óleo de peixe. Relativamente ao consumo mundial, os dados apontam para um aumento de 9 kg (per capita) para 20, 5 kg de 1961 a 2020, registando uma taxa de crescimento anual de 3,1 por cento durante este período, representando a maior taxa em relação a outras fontes de proteína animal, como a  carne e os lacticínios.

Quanto ao emprego e meio de subsistência, os dados indicam que cerca de 60 milhões de pessoas estão engajadas (em regime de tempo integral ou ocasional), no sector da pesca e da aquicultura. Deste valor cerca de 20 milhões de pessoas estão  empregadas na aquicultura e 40 na pesca. Dos 40 milhões, a maioria é constituída por pescadores artesanais de pequena escala e trabalhadores da aquicultura, principalmente em países em desenvolvimento.

O continente asiático tem o maior número de pescadores artesanal com 85 por cento, seguido pela África (9), América (4), Europa e Oceânia (1). Quanto à actividade pós captura, estima-se que em cada dois trabalhadores do sector sejam mulheres.
 
As mudanças climáticas


As mudanças climáticas em relação à pesca e à aquicultura, bem como as outras questões ambientais, em particular às relacionadas com as artes de pesca abandonadas e perdidas, foram igualmente discutidas no evento. Em função disso, foram apresentados vários projectos que visam a mitigação dos seus efeitos. Segundo o comité , estes projectos têm sido financiados por Programas Regulares da FAO, contando o apoio de fundos extra-orçamentais de doadores institucionais e bilaterais, bem como através do fortalecimento de parceiros existentes.

Os impactos das mudanças climáticas no sector pesqueiro, segundo o comité, permanecem elevados. Não porque as mudanças climáticas estejam sujeitas a uma série de considerações socioeconómicas, mas devido à complexidade dos processos ecossistémicos que sustentam o sector pesqueiro. No entanto, a FAO vai continuar a envidar esforços na elaboração de estratégias eficazes de adaptação e mitigação às mudanças climáticas para o sector, incluindo as orientações sobre as respostas, bem como aumentar a sua liderança em fóruns das Nações Unidas, especialmente naqueles relacionados com as mudanças climáticas e o bem-estar dos oceanos.
 
Pesca ilegal


A FAO implementou uma série de actividades destinadas a apoiar os membros, sobretudo no combate à pesca ilegal. Neste capítulo, foram discutidos pontos que visam alcançar as metas 14,4 e 14,6 dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 14 da Agenda 2030 que visam acabar com a pesca ilegal. Foram sugeridas acções para prevenir, deter e eliminar a pesca ilegal, não declarada e não regulamentada (PSMA) e exortaram os membros a se tornarem parte do Acordo.


Cumprir com as responsabilidades do secretariado sobre o desenvolvimento do sistema mundial para a partilha de informações a nível dos Estado membros do PSMA, foi uma das recomendações deixadas. Quanto ao apoio à pesca, foi discutida a contribuição da pesca de pequena escala e artesanal em termos de benefícios sociais e económicos a nível dos países e das comunidades de média e baixa rendas. 

Para a pesca artesanal, como principal fonte de renda das comunidades costeiras , o comité está a estudar uma possível transformação desse segmento num sistema alimentar no contexto da agenda 2030 para a sustentabilidade e desenvolvimento, bem como os esforços inovadores para melhorar as capacidades técnicas de colheita de dados e análises.


O COFI, órgão subsidiário da FAO, é o único fórum inter-governamental global onde os seus membros se reúnem para discutir e considerar questões e desafios relacionados à pesca e à aquicultura. Este organismo fornece regularmente conselhos e recomendações sobre políticas gerais para governos, órgãos regionais de pesca, organizações da sociedade civil, actores do sector privado e a comunidade internacional.  

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