Economia

Produção diamantífera cresceu 12 por cento

Ana Paulo

Jornalista

A produção diamantífera angolana ascendeu a 9,772 milhões de quilates, em 2023, um crescimento de 12 por cento face ao ano precedente, numa evolução atribuída à recuperação industrial, segundo informações divulgadas, sexta-feira, em Luanda, pelo secretário de Estado para os Recursos Minerais.

16/03/2024  Última atualização 10H44
Secretário de Estado para os Recursos Minerais ao apresentar a evolução do sector diamantífero © Fotografia por: Francisco Lopes|Edições Novembro
Jânio Correia Victor anunciou estes números na apresentação das realizações de produção, comercialização e exportação de diamantes em 2023, apontando a Sociedade Mineira de Catoca como o maior factor de sucesso da indústria diamantífera angolana naquele período, com 71 por cento da produção total.

O secretário de Estado notou que, apesar do crescimento registado na recuperação, a produção total de 2023 representa uma diminuição de cerca de 21 por cento face à previsão estabelecida.

Durante o ano passado, anunciou Jânio Correia Victor, Angola comercializou 9,396 milhões de quilates de diamantes brutos, ao preço médio de 163 dólares por quilate, o que corresponde ao valor bruto de 1,5 mil milhões de dólares.

Dados disponibilizados pela Sociedade de Comercialização de Diamantes de Angola (Sodiam) indicam que o volume comercializado no ano passado representa um crescimento de 2,16 por cento em relação a 2022, quando as vendas angolanas se situaram em 9,197 milhões de quilates.

"O mercado do diamante é estável, hoje. Os preços estão a recuperar e, como os nossos  diamantes são de qualidade, estamos bem”, declarou o secretário de Estado, considerando que a produção nacional do período foi estável, mesmo sem ter atingido as previsões estabelecidas para o cômputo do ano.

O secretário de Estado anunciou uma previsão de produção superior a 10 milhões de quilates de diamantes brutos, este ano. "Esperamos, com isso, quebrar esta barreira”, disse Jânio Correia Victor, afirmando ser essa a trajectória traçada pelo Governo para situar Angola entre os maiores produtores mundiais.

As projecções institucionais apontam que a entrada em funcionamento da Sociedade Mineira do Luele vai contribuir para o aumento da produção diamantífera, segundo  Jânio Correia Victor, que destacou, para o período de 2023, um aumento considerável de acções e projectos de responsabilidade social por parte das empresas.

"Com essas acções, o sub-sector diamantífero continua a ser uma das principais áreas estratégicas para o desenvolvimento económico e social, representando uma fonte importante de receitas para o Estado”, frisou Jânio Correia Victor.

Preços mais baixos

O sector da exportação teve um grande desempenho na formação de receitas  diamantíferas obtidas, com cerca de 1,56 mil milhões de dólares, mostrando uma redução de aproximadamente 20 por cento comparativamente ao período anterior, uma redução explicada pelo secretário de Estado com a redução dos preços no mercado internacional face ao ano anterior.

O mercado internacional de diamantes tem apresentado sinais de recuperação e crescimento, com forte tendência para o crescimento da procura de diamantes de origem ética. Porém, tem-se verificado, também, um crescimento na procura de diamante sintético como resultado do avanço tecnológico.

Os principais países de destino das exportações angolanas foram os Emirados Árabes Unidos, com 72 por cento, e a Bélgica, com 26 por cento.

Governo procura solução para parceiro russo no Catoca

O secretário de Estado para os Recursos Minerais declarou que a União Europeia não vai interditar as exportações angolanas de diamantes devido à participação, na Sociedade Mineira de Catoca, da empresa russa Alrosa, sobre a qual impendem sanções ligadas ao conflito no Leste europeu, acrescentando que essa questão está a ser resolvida por via política.

Notícias sobre uma tal proibição chegaram a ser divulgadas, mas o secretário de Estado afirmou, ontem, na apresentação do outlook da indústria diamantífera angolana, que essas informações não condizem com a verdade.

Jânio Correia Victor  acrescentou que "a situação está acautelada e não haverá  proibição da comercialização”, uma vez que,  depois da Sociedade Mineira de Catoca, uma série de sociedades e projectos mineiros operam em Angola sem a participação da companhia russa, incluindo a Sociedade Mineira do Luele.

O secretário de Estado revelou que houve "uma série de conversas preliminares entre o Executivo angolano e a Alrosa. "Nós, como angolanos, temos que defender o que é nosso e foi com base nisso que trabalhámos. Logo, não podemos permitir que Catoca seja atingida porque existe este constrangimento”, adiantou o responsável para referir o conteúdo das negociações.

"As conversações foram mantidas com esse foco, da defesa dos interesses do país”, declarou Jânio Correia Victor, anunciando a iminência do desfecho das conversações. "Em breve,  teremos resultados sobre o desfecho, uma conclusão que tem a ver com a defesa da nossa posição" e uma "atitude que continua a ser firme, porque temos que comercializar os nossos diamantes”.

Segundo o secretário de Estado, "a empresa (Alrosa) não saiu e muito menos posso dizer se vai mesmo sair ou ficar, vamos encontrar uma solução política e vamos continuar a trabalhar para que esta salvaguarde de facto os interesses do país”.

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