Economia

Produção de farinha de trigo acima do consumo nacional

A Grandes Moagens de An-gola, a Kikolo Moagens e a Carrinho Indústrias estão “a operar normalmente”, declarou César Rasgado, na qualidade de porta-voz das três moageiras nacionais, lembrando que, juntas, estas unidades produzem 720 mil toneladas por ano, acima das necessidades totais do país, estimadas em 600 mil toneladas nesse lapso de tempo.

19/04/2021  Última atualização 08H07
Produção de três moageiras atinge 720 mil toneladas, diante de necessidades estimadas em 600 mil © Fotografia por: Edições Novembro
As três moageiras, com uma capacidade combinada para o processamento de 60 mil toneladas de farinha de trigo por mês”, empregam mais de 400 trabalhadores de forma directa e geraram, até ao momento, mais de mil empregos indirectos, notou César Rasgado ao Jornal de Angola.

Como principal efeito, a operação destas fábricas tem contribuído para que Angola "reduza de forma substancial as necessidades de importação da farinha processada, assim como o dispêndio de divisas, ao mesmo tempo que apostaram na qualificação dos quadros nacionais”, sublinha César Rasgado.

O responsável adianta que, por terem apostado numa estratégia de longo prazo, as três empresas trabalham para que não se assista, no mercado angolano, a "especulações desnecessárias ou exorbitantes do preço da farinha de trigo”.

É certo que "a cotação do trigo, fixada internacionalmente, tem vindo a sofrer pressões em alta nos últimos meses (situação agravada pela pandemia da Covid-19) e que o aumento das tarifas nos fretes marítimos se tem também repercutido negativamente nos preço. Mas, sendo a farinha de trigo produzida em Angola, conseguimos ter um melhor controlo sobre a distribuição e sobre os preços praticados, ajustando apenas o preço em função do custo de compra da matéria-prima e do seu transporte”.

Questionado sobre se a farinha importada não poderá apresentar um preço mais competitivo, César Rasgado considera que "os custos que influenciam o aumento dos preços da farinha de trigo nacional (valor do trigo e o transporte), são igualmente incorporados no preço final da farinha importada, mas, factores não devidamente explicados e parecidos com dumping têm resultado numa oferta importada com o potencial de, no mínimo, perturbar a industria moageira nacional.

Ainda de acordo com a  fonte, estas três unidades de moagem estão equipadas com as mais modernas tecnologias, alinhadas com as melhores práticas internacionais, e com as necessidades diárias de consumo em Angola. O sector tem criado emprego qualificado, e o capital humano nacional é, desde o início, uma prioridade para os empresários privados desta área.

No início do mês em curso, o presidente da Associação Industrial de Angola (AIA) revelou que a agremiação empresarial propôs ao Ministério das Finanças a aplicação do Imposto Especial de Consumo (IEC) à taxa de 30 por cento sobre a farinha de trigo importada, como "a melhor solução” para acabar com o crescimento elevado da prática de dumping”, a tática adoptada por empresas ao venderem  produtos em outros territórios por preços reduzidos, a um nível que prejudica as congéneres locais.

Segundo o dirigente empresarial, a acolher a proposta da AIA está um Executivo empenhado na tomada de medidas para regulação dos preços dos produtos da cesta básica que, além da farinha de trigo, inclui a de milho, açúcar, arroz, óleo e massa alimentar, sabão e outros.

De acordo com José Severino, as fortes evidências de dumping no comércio de fa-rinha de trigo, além de configurarem uma flagrante concorrência desleal em relação a produção nacional e fuga à tributação, podem ter consequências graves para a economia angolana, uma vez que o processo também pode encobrir a lavagem de dinheiro por parte de grupos bem estruturados.

 

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