O continente africano é marcado por um passado colonial e lutas pela independência, enfrenta, desde o final do século passado e princípio do século XXI, processos de transições políticas e democráticas, muitas vezes, marcados por instabilidades, golpes de Estado, eleições contestadas, regimes autoritários e corrupção. Este artigo é, em grande parte, extracto de uma subsecção do livro “Os Desafios de África no Século XXI – Um continente que procura se reencontrar, de autoria de Osvaldo Mboco.
A onda de contestação sem precedentes que algumas potências ocidentais enfrentam em África, traduzida em mudanças político-constitucionais, legais, por via de eleições democráticas, como as sucedidas no Senegal, e ilegais, como as ocorridas no Níger e Mali, apenas para mencionar estes países, acompanhadas do despertar da população para colocar fim às relações económicas desiguais, que configuram espécie de neocolonialismo, auguram o fim de um período e o início de outro.
A história que hoje vou contar aconteceu, comigo, num dia de grande azáfama, mas pode servir de lição a todos quantos querem abandonar o doce lar materno, à procura de excelentes oportunidades, no exterior, que julgam nunca vir a obter, aqui, quando Angola tem o melhor para lhes oferecer à frente dos olhos, a um palmo do nariz e na palma da mão.
"L’Angola c’est le meilleur pays au monde, hein!” - Angola é o melhor país do mundo, não duvide -, é o que mais gosto de dizer, na brincadeira, quando recebo, ou visito, amigos. E muitos acreditam quando lhes mostro imagens que arrasam; da Marginal de Luanda, Talatona, Mussulo, Barra do Kwanza, Malanje, Lubango, Kwanza Norte, Namibe, Benguela, Huambo, as Lundas e as suas estatuetas maravilhosas, e por aí fora. Outros também duvidam, dizendo que o país não tem perspectivas. E não lhes faltam fortes argumentos, apesar de tantas oportunidades e potencialidades, em abstracto, porque o concreto é a lição de hoje…
O relógio já tinha soado o sinal de alerta para o esperado encontro, às 18h00, e eu ainda não tinha terminado um dos meus "hobbies”, passatempos, ao fim da tarde. As plantas continuavam a ser atacadas ferozmente por pragas de insectos, pequenos como mosquitos mas capazes de fazê-las secar e morrer, se não tomasse precauções imediatas. É um trabalho sistemático que não me deixa dormir tranquilo, até assegurar bons resultados. Ver as plantas do meu jardim morrer debilitadas pela seiva, pelo caule e pelas folhas é o mesmo que ver os mais célebres "milionários”, e toda a economia, cair na desgraça. Ataca o coração e tira o sono!
Feita a jardinagem desse dia, estava livre para um outro compromisso. O feriado do 8 de Março tinha passado, mas continuava o persistente namoro para a procura de melhores oportunidades no mercado:
"Estou despachada…”, dizia a mensagem caída no meu telefone. O encontro continuava marcado para as 18:00 e não podia perdê-lo nem perdê-la, digo, a oportunidade! O segredo é a alma do negócio. Estava atrasado e teria de me desculpar, sem dizer o que fazia.
No bolso julgava ter o telefone e na mão direita transportava um balde com os resíduos e instrumentos do trabalho que garantia a tão cobiçada beleza e o crescimento saudável das plantas do rico jardim. A pequena tesoura com que cortava os caules secos e as ervas daninhas era um deles. Larguei a tesoura, com a intenção de pegar o telefone e escrever, rapidamente, a resposta mais habitual de quem não quer perder a mais excelente das oportunidades.
"Estou a caminho, só mais dez minutos!”
Sabia perfeitamente que nem trinta minutos seriam suficientes para me aprontar e sair de casa, mas não tive escolha. É assim que todos fazem e, verdade seja dita, todos gostam de se entreter com histórias banais, como o caos no trânsito, os acidentes de percurso e outros tantos episódios para alimentar a ideia de que "o repouso e o pôr do sol” vão ser lindos como nunca, num outro tempo ou num lugar mais distante à nossa espera.
Tudo de bom era fácil de se imaginar ao começo, mas, na realidade, o pior estava a acontecer. Muito mais tarde…
A pressa de sair de casa era tanta que depois de guardar a tesoura, já não sabia onde tinha poisado o raio do telefone!! E agora? Como confirmar o encontro? Passaram-se quarenta minutos e continuava à procura do maldito meio de comunicação com a outra parte, envolvida no negócio.
"Será que o telefone caiu no balde do lixo?”, e nada mais fiz senão procurá-lo entre a areia, folhas e caules secos, atacados pela praga das moscas e insectos que os matavam dia a dia. Foi uma verdadeira agonia, comparável ao que as rádios e TV’s diziam nesse dia a propósito do inocente Kevin Strickland, o homem que passou 40 anos numa prisão por um crime que não havia cometido. Subitamente, toda a alegria de estar no mais lindo dos jardins se transformou em tristeza e depressão pela oportunidade perdida e já fora do meu alcance.
"Trimmm….”, continuava sem respirar de ansiedade quando finalmente descobri o telefone em frente do meu nariz, caído num dos vasos que tinha as folhas mais lindas e volumosas. Do outro lado da linha, fazia-se um absoluto silêncio. Ninguém respondia à chamada. O meu sonho estava desfeito! Tinha a certeza de que fazê-la esperar mais de 40 minutos, depois de me dizer que "estava despachada”, também lhe pareceu ficar detida durante mais de 40 anos. A espera foi insuportável.
Tudo por falta de visão, tudo por culpa de mim mesmo. O telefone, a tesoura, estavam visivelmente colocados em frente dos meus olhos, ao alcance das minhas mãos, mas fui incapaz de os ver na hora certa e fazer acontecer os meus sonhos!
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