Sociedade

Principais avenidas de Luanda com menos lixo

Rodrigues Cambala

Jornalista

Dois dias depois de realização da campanha de limpeza, convocada pelo Governo Provincial de Luanda, as principais avenidas da capital registaram, ontem, uma redução significativa de lixo, ao passo que nos bairros periféricos predominam os amontoados no chão por falta de contentores e de recolha.

18/02/2021  Última atualização 15H00
Campanha de limpeza realizada, na segunda-feira, minimizou a quantidade de lixo nas ruas © Fotografia por: Alberto Pedro | Edições Novembro
Os contentores, alguns devolvidos pelas operadoras, instalados ao longo das vias da Samba, Pedro de Castro Van-Dúnem "Loy" e 21 de Janeiro, estavam ligeiramente vazios, mas começam a ressurgir pequenos focos de lixo nos lugares de grandes aglomerações de pessoas. Ao contrário do Nova Vida onde se observou um grupo de jovens que varria o asfalto, as demais estradas tinham na berma muita areia e lixo. 
Os passeios foram invadidos por pedaços de papel e plástico. Os automobilistas e pedestres reclamam o au-mento de poeira espessa e areia nas faixas de rodagem.O ambientalista José Silva e o médico Jeremias Agostinho são inânimes quando afirmam que o lixo amontoado nas ruas tem impacto negativo no solo e na vida das pessoas. José Silva disse que a quei-ma de lixo pode aparentemente ser benéfica para o cidadão, porque o amontoado traz mosquito e cheiro nauseabundo, mas tem consequências negativas do ponto de vista da saúde pública.

Para ele, a queima de vários tipos de resíduos sólidos, por falta de separação do lixo, leva as pessoas a inalarem o fumo tóxico e apanharem uma doença.É nessa perspectiva que o especialista em Saúde Pública, Jeremias Agostinho, lembrou que o acúmulo de lixo constitui um grande problema, porque, associado ao deficiente saneamento básico, causa doenças e contaminação ambiental. Entre outras doenças, como disse o médico, o lixo provoca tétano, hepatite, doenças de pele, cólera, febre tifóide e algumas enfermidades com origem em vermes.  

 "É preciso que antes da chuva, o lixo da capital seja devidamente recolhido e tratado, porque com a junção das águas residuais o efeito multiplicador da contaminação do solo, do ambiente e das águas superficiais e terrestres vai agudizar-se”, indicou.O médico reprova o comportamento da população que deposita o lixo nas valas de drenagem, atitude da qual vai permitir o aumento de inundações de bairros e bacias de retenção, poluição dos rios e oceano. 
 Especialistas falam em incapacidade na recolha

O ambientalista José Silva afirma que a queima de lixo a céu aberto, nesta altura, de-monstra alguma incompetência das autoridades e incapacidade de fazer recolha e a gestão de resíduos."É triste ver uma cidade abarrotada de amontoados de lixo defronte às escolas e lugares de venda. É uma imagem péssima de que as coisas não estão bem”, advertiu, para questionar as medidas de combate à malária se não se consegue acabar com a principal causa dessa doença. Ao corroborar com o médico, José Silva assevera que a malária é uma doença muito ligada ao deficiente saneamento básico, limpeza e gestão dos resíduos e pouca qualidade da água.

"Se não houver melhoria da rede de esgoto, vai ser difícil reduzir a malária, porque não se combate uma doença só com remédios, mas também com prevenção”, anotou.Para ele, a campanha pontual realizada, na segunda-feira, não resolveu o problema do lixo, em Luanda, uma vez que em algumas zonas continuam a surgir os focos por falta de contentores e de recolha por parte de quem de direito.

 "Estamos com alguma sorte, porque não chove durante estes dias, senão a situação devia ser muito grave”, admitiu o ambientalista José Silva.O médico Jeremias Agostinho disse que o lixo desenvolve muitos micro-organismos, como ratos, responsáveis da doença lepistopirose, causada pela urina de roedores. O especialista em Saúde Pública avançou que as bactérias, transportadas até às residências pelas moscas, são causadoras de doenças diarreicas em crianças a nível do país. 
 

 




 





  

 


Comentários

Seja o primeiro a comentar esta notícia!

Comente

Faça login para introduzir o seu comentário.

Login

Sociedade