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Primeiro-Ministro tunisino cede e apresenta novo Governo

O Primeiro-Ministro tunisino remodelou o Governo, cinco meses após a sua formação e em plena crise política, económica e sanitária.

20/01/2021  Última atualização 11H34
Actual chefe do Executivo tunisino, Hichem Michichi © Fotografia por: DR
Hichem Mechichi, sob pressão do presidente do Parlamento e do líder do partido islâmico conservador "Ennahda", Rachid Gannouchi, e do Presidente da República e ex-aliado, Kaïs Said, apresentou onze novos rostos, quando, pelo quarto dia consecutivo, se registam confrontos em Túnis.

O chefe de Governo escolheu Walid Dhahbi, ex-secretário-geral do Executivo, como o novo ministro do Interior, substituindo Taoufik Charfeddine, considerado um dos homens de Said, um professor universitário de tendência conservadora que surpreendeu, ao vencer as eleições presidenciais realizadas há mais de um ano como candidato independente.
Nomeado a 2 de Setembro, Mechichi também promoveu Youssef Zouaghi, ex-director da Alfândega, que passa a chefiar o Ministério da Justiça. No seu lugar, o chefe do Governo indicou Zakaria Belkhodia, proveniente da banca privada, que foi assessor do Primeiro-Ministro, e Hedi Khairi, um conhecido ginecologista e professor universitário.

Ontem, o Presidente Kais Saïed, exigiu que fossem tomadas acções rápidas para recuperar os "fundos desviados" depositados no estrangeiro por Zine El Abidine Ben Ali e seus familiares, antes de expirar os prazos legais ligados ao seu congelamento. Segundo a AFP, o estadista fez estas declarações num encontro com o chefe do Governo tunisino, Hichem Me-chichi, no Palácio Presidencial de Cartago, para a apresentação do novo Governo.

Durante a audiência, Saïed sublinhou "a necessidade de agir o mais rapidamente possível para que os prazos legais relativos ao congelamento dos fundos desviados depositados no estrangeiro não expirem e para que não sejam perdidos os direitos do povo tunisino". A organização tunisiana (independente) "I Watch" alertou, domingo, que o prazo legal para congelar os activos de Ben Ali na Suíça iria expirar ontem. Os fundos estão estimados, segundo o jornal suíço "Le Temps", em 200 e  225 milhões de dólares.


Dias antes, o jornal havia igualmente noticiado que grande parte dos fundos de Ben Ali e de 36 membros da sua família, para os quais o Conselho Federal Suíço emitiu uma ordem de congelamento a 19 de Janeiro de 2011, poderiam ser recuperados pela família do Presidente deposto após a expirar o prazo legal de 10 anos.
 
Confrontos perto da capital

Os arredores da cidade de Túnis continuavam, ontem, segundo a AFP, após o início, no domingo, no bairro de Ettadhamen, quando a Polícia decidiu usar gás lacrimogéneo para dispersar um grupo de jovens que reclamavam por melhores condições de vida, ainda a propósito da passagem do décimo aniversário sobre o início da "Primavera Árabe”.
Para dispersar esses jovens a Polícia recorreu, segundo as agências internacionais, a uma "força excessiva” o que incendiou os ânimos e mobilizou um número crescente de pessoas, havendo a registar numerosas detenções depois dos manifestantes terem destruído e saqueado lojas e carros.

Até ontem, pelo menos, 650 pessoas tinham sido detidas e dez agentes da Polícia feridos. A Polícia anunciou, ainda, a detenção de cinco adolescentes na localidade de Sidi el Bechir, quando pretendiam assaltar um dos centros comerciais da zona, enquanto  outros foram levados para a esquadra nos bairros populares de Saida el Ouardia, Bab el Jedid e Manouba. Incidentes de vandalismo semelhantes ocorreram nas localidades costeiras de Bizerta, Nabeul, Sousse, Monastir, Mahdia e Kebili, e em cidades do interior como Beja.


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