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Primeiro-Ministro foi suspenso e está sujeito à investigação

A imprensa local informou, ontem, que, a 16 deste mês, o Parlamento líbio, com sede no Leste do país, que tinha nomeado Bashaga como Primeiro-Ministro em Fevereiro de 2022, paralelamente ao GUN em Trípoli, retirou-lhe a confiança e colocou-o sob a investigação, sem que fossem avançados pormenores.

26/05/2023  Última atualização 11H37
Uma vista da capital líbia, Tripoli, o centro do poder de uma das alas que governa o país © Fotografia por: DR
Fontes citadas pelo diário The Libya Observer indicaram que a suspensão de Bashaga ocorreu por decisão do general Khalifa Haftar, "homem forte" das autoridades do Leste do país, com o objectivo de chegar a um acordo com o Primeiro-Ministro do Governo de Unidade Nacional (GUN), Abdul Hamid Dbeiba.

Entretanto, a presidente da Câmara dos Representantes da Líbia, Aguila Saleh Issa, considerou, ontem, que a suspensão do Primeiro-Ministro do Governo paralelo, Fathi Bashaga, substituído pelo ministro das Finanças, Osama Hammad, é ilegal.

Segundo notícia avançada pelo diário The Libya Observer, Aguila sublinhou que já tinha instado os deputados a não precipitar na suspensão de Bashaga, e frisou que não aprovava a decisão, tomada durante uma sessão em que não estava presente,

Fontes citadas por este órgão de comunicação social indicaram que a suspensão de Bashaga ocorreu por decisão do general Khalifa Haftar, "homem forte" das autoridades do Leste do país, com o objectivo de chegar a um acordo com o Primeiro-Ministro do Governo de Unidade Nacional (GUN), Abdul Hamid Dbeiba.

Segundo um porta-voz do Parlamento líbio instalado em Tobruk, os deputados nomearam Hammad como novo chefe de Governo para fazer face ao poder de Dbeiba na capital do país, que se encontra dividido em duas administrações. "A Câmara dos Representantes, que rejeitou a confiança de Dbeiba (GUN) sem nos consultar e designou Bashaga de forma pouco transparente, retira-lhe agora, de forma suspeita, a confiança?", interrogou-se o presidente do Conselho Superior de Estado (Senado), Khaled al-Mashri, que está instalado em Tripoli.

"O Parlamento deve parar de perder tempo e chegar a acordo connosco sobre um roteiro que permita a formação de um mini-governo para liderar o país até às eleições", propôs, então, al-Mashri, referindo-se ao chamado "comité misto 6+6" que foi, entretanto, formado. Esta comissão está actualmente a debater as leis eleitorais que deverão permitir a realização de eleições ainda este ano, o que os dois líderes dizem apoiar, embora o processo de transição tenha sido repetidamente bloqueado.

O parlamento, sediado na parte oriental da Líbia controlado pelo marechal Khalifa Haftar, foi eleito pela última vez em 2014 e, desde então, tem sido presidido por Aguila Saleh Issa. Em Fevereiro de 2022, Haftar nomeou Bashagha, antigo ministro do Interior e piloto da Força Aérea, Primeiro-Ministro ao lado de Dbeiba, o último executivo de transição consensual que deveria ter realizado eleições em Dezembro de 2021, que foram adiadas indefinidamente.

 

Braço de ferro

A suspensão das eleições levou a Assembleia a considerar que o mandato de Dbeiba tinha expirado, mas este recusou-se a abandonar o poder, pelo que existem actualmente duas administrações que partilham o controlo da parte ocidental e oriental do país. Dbeiba continuou a representar a Líbia nas visitas oficiais e nas reuniões internacionais, enquanto Bashaga, que parecia ter algum apoio no início da sua nomeação e tentou, sem sucesso, assumir o controlo de Tripoli, foi perdendo visibilidade.

No final de Fevereiro, o representante especial da ONU na Líbia, Abdoulaye Bathily, apresentou uma iniciativa com o objectivo de levar o país dividido às urnas antes do final de 2023. Ambos os parlamentos chegaram a acordo sobre a criação de uma comissão conjunta para redigir a lei eleitoral para a votação, mas os progressos têm sido praticamente inexistentes.

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