A primeira temporada do projecto denominado “Ngola Symphony” celebrou, na sexta-feira, no Palácio de Ferro, em Luanda, o cancioneiro popular angolano e temas internacionais, num concerto que uniu no mesmo palco artistas da velha e da nova geração.
O espectáculo começou com o som dos instrumentos de sopro da Banda da Força Aérea Nacional, guiada pelo maestro tenente-coronel António Cubano, incluindo no alinhamento a música intitulada "Comandante Supremo”. Para animar os convivas, entre militares e civis, o tenente-coronel reformado Beto Pederneira foi o primeiro dos artistas convidados em palco, que com o trompete, instrumento de sopro, recordou o músico Jacinto Tchipa, com a canção "Cartinha da Saudade” e teve a regência do maestro João Tomás.
A banda brindou e fez vibrar no momento seguinte do concerto a plateia, ao executar o "Querida Pátria”, numa versão do original de Sam Mangwana. O tenor Emanuel Mendes mostrou potencialidade na apresentação, numa combinação "perfeita” entre o canto lírico e os instrumentos de sopro, provocando nostalgia ao interpretar "Minha Canção” e "Nzumbi dya Papa”, músicas de Mário Gama e Carlos Burity, respectivamente.
No terceiro momento, os mais de vinte elementos da Banda da Força Aérea Nacional, trajados de farda azul, mais uma vez mostraram o que têm feito, com novos arranjos e orquestrações de músicas conhecidas ao incluírem no alinhamento temas como "Wanga” e "Palami”.
O menino do Bié, Sabino Henda, um outro convidado que fez parte da abertura da rubrica "Ngola Symphony”, cantou temas como "Minha Terra”, "Levar minha Viola”, e perto do fim da aparição o músico fez um dueto com o tenor Emanuel Mendes, em "Meninos do Huambo”, letra de Manuel Rio e música de Rui Mingas.
Sabino Henda encerrou o tempo que tinha com a música da zona Centro-Sul do país "Mbóyo”, revivendo os "espíritos ancestrais”. Antes da apresentação de Carlos Lamartine, a banda fez uma rapsódia e uma miscelânea nos temas "Ngola Symphony” e "Ngola Volume I”. O músico e compositor Carlos Lamartine fechou a noite de concerto, "sacando” do seu vasto baú duas canções icónicas como "Pala ku Mwabesa Ó Muxima” e "Nvunda Ku Musseque”.
Um património nacional deve ser preservado
Carlos Lamartine considerou a música "Nvunda Ku Musseque” um património nacional. "Embora não tenhamos tido muito tempo para ensaiar a música, conseguimos agradar a plateia”, disse.
O também investigador musical aproveitou para agradecer o convite do Palácio de Ferro para fazer parte desta primeira edição do projecto. "Gostei muito de cantar para este público simpático e, sobretudo, para o Exército”, finalizou Carlos Lamartine.
Para Sabino Henda, apresentar-se com a banda foi um grande desafio e ao mesmo tempo um aprendizado. O espectáculo, disse, serviu para homenagear grandes figuras do cancioneiro popular angolano, com destaque para Jacinto Tchipa, Irmãos Almeida, Rui Mingas, Justino Handanga, Carlos Burity e Sam Mangwana.
Sabino Henda referiu que é sempre um prazer partilhar o palco com Carlos Lamartine, por ser um líder, e estar ao lado deste ícone da música angolana é uma dádiva. "É nestes momentos que nos permitem buscar experiência, aprendizado e o conhecimento que nos falta para continuar a dar passos firmes, porque é sempre bom estar perto de quem sabe fazer e fá-lo bem”, disse.
Beto Pederneira ressaltou que participar do projecto foi, para si, um sentimento de dever cumprido e que quer continuar a contribuir para o engrandecimento da cultura nacional. "Sinto-me feliz por interpretar a música de Jacinto Tchipa com o tema ‘Cartinha da Saudade’, por ser uma música que sempre quis instrumentalizar com o trompete, por ser um instrumento que domino”, disse.
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