Política

Presidente do MPLA reúne Conselho de Honra para analisar a situação política e social do país

César Esteves

Jornalista

O presidente do MPLA, João Lourenço, reuniu, sábado, pela primeira vez, com o Conselho de Honra, seu órgão de consulta a nível do partido, para analisar o estado operacional e de funcionamento do partido, bem como a situação política, económica e social do país.

02/04/2023  Última atualização 07H43
© Fotografia por: Contreiras Pipa | Edições Novembro

A reunião, realizada no Complexo Futungo II, em Luanda, aconteceu à porta fechada e contou com a presença da maioria dos membros do Conselho de Honra - formado por militantes veteranos - e dos membros do Secretariado do Bureau Político, como convidados.

Durante a reunião, que durou cerca de quatro horas, os membros do Conselho de Honra ouviram do líder do partido o ponto de situação em relação aos temas propostos para a reunião, tendo estes se congratulado com as informações e proposto, também, várias soluções que mereceram a atenção de João Lourenço.

De acordo com o comunicado saído da reunião, os membros do Conselho de Honra defenderam a necessidade de o clima de paz reinante no país ser preservado e servir de pressuposto fundamental e incontornável para o desenvolvimento de Angola e na melhoria contínua das condições de vida das populações. Com vista a contínua busca destes desideratos, os membros do Conselho de Honra encorajaram o presidente do MPLA e da República a prosseguir com as acções no plano político, económico, social, diplomático e de segurança, de modo a permitir que o país continue a salvaguardar a estabilidade das suas instituições, a melhoria do desempenho económico, a eficácia da acção social e do combate às práticas nocivas, como a corrupção, nepotismo e a impunidade.

Em declarações à imprensa, no final da reunião, o membro José Diogo Ventura disse que este encontro com o líder do partido foi muito aguardado, tendo em conta o tempo que levou para acontecer. "Estamos satisfeitos por ouvir o nosso Presidente falar sobre os principais problemas do país”, realçou o também nacionalista e membro do "Processo dos 50”, acrescentando que tudo o que se analisou na reunião visa garantir um futuro melhor para Angola. Sem entrar em muitos pormenores, Engrácia Francisco Cabenha, a Rainha do 4 de Fevereiro, considerou o encontro positivo, tendo adiantado que as conclusões daí saídas vão reforçar as acções viradas para o desenvolvimento do país. "São boas propostas”, destacou.

Maria da Conceição Caposso disse que uma das preocupações apresentadas pelos membros está relacionada com o reforço da distribuição da água e do fornecimento de energia eléctrica. Visivelmente animado, o membro Amadeu Amorim avançou à imprensa que o primeiro encontro do Conselho de Honra com o presidente do partido permitiu abordar os principais problemas que o país enfrenta. "Falamos de comércio, das estruturas, do próprio movimento interno do MPLA e estamos a ver o manhã”, ressaltou. O também nacionalista revelou que vai acontecer mais vezes, para se continuar a traçar os caminhos que podem ajudar o país a desenvolver-se "Como se costuma dizer, o cão tem quatro patas, mas só anda num caminho. E este caminho é feito com o ontem e com o amanhã, mas, sobretudo, com o actual”, enfatizou. Amadeu Amorim, que também integra o grupo do "Processo dos 50”, primeiros presos políticos angolanos detidos pela PIDE, em 1959, considerou positivo o facto de o presidente do partido ouvir os mais velhos, com realce para aqueles que, não estando diariamente com ele no partido, têm a percepção da vida comum.

"É preciso que ele saiba outros pormenores e não aqueles que só as pessoas interessadas lhe vão dizer”, frisou o nacionalista, para quem o MPLA começa, agora, a ter um Conselho de Honra com pessoas mais velhas e com ficha limpa dentro do partido. "Este conselho dos mais velhos é importantíssimo, tanto para o presidente, em função do seu trabalho, quanto para o país”, destacou Amadeu Amorim, acrescentando ser necessário ver-se a possibilidade de o órgão integrar, também, as províncias, "de modo que o país se encontre numa estatura de pessoas idóneas, que têm uma noção mais aberta e correcta da situação”.

 

Génese do Conselho de Honra

O Conselho de Honra foi aprovado, em Dezembro de 2021, durante a primeira sessão ordinária do Bureau Político saído do VIII Congresso Ordinário do MPLA, orientada pelo presidente do partido, João Lourenço. O órgão é uma estrutura interna do partido que funciona como instrumento de consulta do presidente do MPLA, congregando figuras históricas ou militantes que desempenharam funções de grande relevância para a vida do partido.

Fazem parte deste organismo Roberto de Almeida, Julião Mateus Paulo "Dino Matrosse”, Francisco Magalhães Paiva "Nvunda”, Amadeu Amorim, Santana André Pitra "Petroff”, José Diogo Ventura, Luzia Inglês "Inga”, Maria da Conceição Roque Caposso, Maria Rufina Ramos da Cruz, Irene Judith de Sousa Webba da Silva, Teresa de Jesus Cohen dos Santos, Rodeth Teresa Makina Gil "Rodeth Gil” e João Luís Neto "Xietu”.

Integra, igualmente, o Conselho, António Fuamini da Costa Fernandes, António Paulo Cassoma, António dos Santos França "Ndalu”, Hermínio Joaquim Escórcio, Lopo do Nascimento, Maria Eugénia da Silva Neto, José Domingos Francisco Tuta "Ouro de Angola”, Albina Faria de Assis Pereira Africano, Ndombele Mbala Bernardo, Benigno Vieira Lopes "Ingo”, Engrácia Francisco Cabenha (Rainha do 4 de Fevereiro), Ismael Gaspar Martins, Brito Sozinho, Manuel Alexandre Rodrigues "Kito”, António José Condesse de Carvalho "Toka” e Augusto Lopes Teixeira "Tutu”. O ex-Presidente da República, José Eduardo dos Santos, também fazia parte do Conselho de Honra.

 

Dia da Paz e da Reconciliação Nacional

Os membros do Conselho de Honra exortaram, ontem, os angolanos a comemorarem, com júbilo e responsabilidade, o Dia da Paz e da Reconciliação Nacional, a assinalar-se na próxima terça-feira, dia quatro.

Sobre a efeméride, Amadeu Amorim, nacionalista e integrante do grupo do "Processo dos 50” disse ser necessário "mexer-se” na reconciliação, por haver pessoas que fazem parte dela, mas que, ainda assim, incitam as pessoas, por via das redes sociais, a desenvolverem acções que atentem contra a sua estabilidade.

"Precisamos de encontrar um caminho comum e ver que um problema é o meu partido e outro é o meu país”, salientou o nacionalista, sublinhando que o Dia da Paz e da Reconciliação Nacional deve ser celebrado como um dia "impressionante”.

Comentários

Seja o primeiro a comentar esta notícia!

Comente

Faça login para introduzir o seu comentário.

Login

Política