O Presidente da República, João Lourenço, destacou, nesta quinta-feira, em Lisboa, a importância das lutas pela libertação dos países africanos de expressão portuguesa na precipitação dos acontecimentos de 25 de Abril de 1974, em Portugal.
O Presidente João Lourenço foi o primeiro Chefe de Estado a discursar no acto comemorativo dos 50 anos da Revolução dos Cravos, que aconteceu, esta quinta-feira, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, Portugal.
O Presidente da República, João Lourenço, discursou virtualmente, esta terça-feira, enquanto Campeão para a Paz e Reconciliação em África, por ocasião do Dia da Paz e da Reconciliação, que hoje se assinala, pela primeira vez, a cerimónia decorre em Adis Abeba, na Etiópia.
Eis o discurso na íntegra:
Irmãs e Irmãos Africanos,
Assinalamos hoje, pela primeira vez, o Dia da Paz e Reconciliação em África, instituído pela 16ª Assembleia Extraordinária de Chefes de Estado e de Governo da União Africana sobre o Terrorismo e Mudanças Inconstitucionais de Governo, realizada em Malabo, Guiné Equatorial, a 28 de Maio de 2022, durante a qual fui nomeado Campeão da União Africana para a Paz e Reconciliação no Continente.
Esta decisão constitui uma grande honra para mim, para o Governo e o povo angolano, por ser um reconhecimento da nossa experiência em matéria de construção da paz em Angola, que perdura há duas décadas.
Só é possível alcançar a paz e a reconciliação em África com acções voltadas à criação do espírito de confiança e de unidade na diversidade para a prevenção, gestão e resolução de conflitos.
Nesta data, permitam-me chamar a atenção para os graves problemas que enfrentamos em África onde, lamentavelmente, os conflitos armados agravam o flagelo da fome, da miséria e das doenças, provocam migrações forçadas das populações, afastam o investimento privado estrangeiro, aumentam o desemprego, assim como outros males que afectam o quotidiano de milhares de cidadãos de África.
Irmãs e Irmãos Africanos,
Deixemos definitivamente para trás o passado conturbado de desentendimento, de desarmonia e de discórdia que condicionou e comprometeu a execução de estratégias de desenvolvimento que ajudariam a impulsionar o nosso crescimento económico e colocar-nos a um nível aceitável de competitividade com outras regiões do mundo.
Devemos assumir a nossa responsabilidade colectiva no que respeita aos esforços a envidar para realizarmos um dos propósitos definidos na Agenda 2063 da União Africana, nossa organização continental, que consiste em alcançarmos o quanto antes o objectivo não concretizado de silenciar as armas no nosso continente.
Irmãs e Irmãos Africanos,
Coloca-se a cada cidadão africano, aos povos africanos, aos políticos e governantes africanos, às organizações da sociedade civil e demais instituições, a exigência de desarmarmos as nossas mentes para trabalharmos de mãos dadas e dentro do espírito de fraternidade que nos é característico, para pormos um fim aos conflitos que subsistem na África Ocidental, na África Central, na Região dos Grandes Lagos, na África Oriental e no Corno de África.
Congratulamo-nos com os esforços realizados por todas as partes envolvidas e que permitiram uma solução negociada que levará ao fim definitivo do conflito armado e ao estabelecimento da paz na Etiópia.
Importa reconhecer a necessidade vital de envidarmos todos os esforços ao nosso alcance para garantirmos o funcionamento eficaz das nossas jovens democracias, que não estando ainda ao nível das mais avançadas, contudo devem estar capazes de dissipar tensões e factores de discórdia que têm servido de pretexto para as inaceitáveis mudanças inconstitucionais de governo que se vêm sucedendo nos últimos tempos.
A nossa ambição é ver num futuro não muito longínquo o nosso continente economicamente forte e socialmente estável, que supere o analfabetismo, a fome e a miséria, que garanta emprego e bem-estar para os seus filhos.
Este velho sonho é realizável se todos juntos trabalharmos para alcançar uma paz definitiva em todo o continente, declarando tolerância zero ao terrorismo, aos golpes de Estado e às guerras inter-étnicas, inter-religiosas e entre países vizinhos.
Para que África seja um continente de paz, de reconciliação e desenvolvimento económico, depende sobretudo de nós, dos políticos, dos governantes e dos cidadãos africanos.
Que todas as nossas energias, talentos e recursos de todo tipo, sejam dedicados em primeiro lugar a favor do desenvolvimento económico e social dos nossos países.
Desejo a todos que se celebre esta data com júbilo e com uma forte crença de que virão seguramente dias de paz, de harmonia e de prosperidade para os povos africanos, se nos empenharmos o suficiente para alcançar este objectivo.
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