Opinião

Por mais e melhor informação

Cândido Bessa

Director Adjunto

A constatação do Presidente da República, há cerca de quatro anos, de que Angola conheceu um assinalável progresso no que respeita à qualidade da informação e de que há mais jornais, mais estações de rádio e mais estações de televisão continua verdadeira. Assim como a de que o debate é hoje mais plural. Mas é, igualmente, de toda justiça afirmar que é preciso fazer mais, para garantir a todo o cidadão este direito, constitucionalmente instituído, de se informar e ser informado.

16/05/2021  Última atualização 08H10
É na busca deste desiderato que a Edições Novembro tem centrado os seus esforços. O lançamento, na sexta-feira, do Angoleme, o seu quarto jornal regional, é parte deste esforço de aumentar a quantidade e qualidade de informação sobre as diferentes regiões, para melhor mostrar Angola ao mundo. Generalista e com periodicidade quinzenal, o jornal cobre as províncias do Bengo, Cuanza-Norte e Malanje.

Depois do Metropolitano (Luanda), Planalto (Huambo, Bié, Benguela e Cuanza-Sul) e Ventos do Sul (Huíla, Namibe, Cunene e Cuando Cubango), a empresa proprietária do Jornal de Angola, Economia e Finanças, Jornal dos Desportos e de Cultura - Jornal Angolano de Artes e Letras põe, à disposição do cidadão, mais um canal para o cidadão, livremente, "exprimir, divulgar e compartilhar os seus pensamentos, as suas ideias e opiniões”.

Além de levar a informação até à aldeia, cumprindo assim um dos pressupostos da Constituição da República, os jornais têm a missão de mostrar as potencialidades das regiões que cobrem e a realidade daquele cidadão da localidade mais recôndita do país, que não encontra espaço nos grandes noticiários.

Nesta nova era de governação, assente nos pilares da inclusão e participação dos cidadãos, os jornais regionais são fundamentais para levar aos governantes os anseios e expectativas dos governados, mostrar as assimetrias, mas, também, ajudar a atenuá-las, além de apresentar as oportunidades e potencialidades existentes nas diversas regiões em sectores que vão desde a agro-indústria às minas, sem esquecer o turismo.

São hoje sete títulos, entre generalistas e especializados, para melhor garantir aos angolanos o acesso à informação de qualidade e em quantidade, isenta e com o rigor merecido e ajudar no reforço do sentimento patriótico e de unidade nacional.  
Mas a missão dos profissionais da Edições Novembro não está terminada. Como assumiu, recentemente, o seu presidente do Conselho de Administração, Drumond Jaime, a meta é, em breve, chegar aos 10 títulos, com a introdução de mais três, para cobrir o Leste e o Norte do país. Um desafio nada impossível e que encontra o amparo institucional do Ministério de tutela. Só assim se explica que, há um ano, apenas o Jornal de Angola estava em circulação e com uma tiragem abaixo dos três mil exemplares. Hoje, o principal título sai todos os dias à rua com 15 mil exemplares. Reactivaram-se os outros, criaram-se novos e mais vão surgir, apesar das condicionantes impostas pela Covid-19.

É preciso, também, lembrar o simbolismo por detrás do nome do mais novo título. Tal como referido na apresentação da nova publicação, Angoleme é homenagem à célebre batalha de Angoleme Aquitambo, liderada por Ngola Kiluanji, Rei do Ndongo. O ano de 1590 apressava-se a chegar ao fim. Era Dezembro. Luís Serrão, o sucessor de Paulo Dias de Novais, na ânsia de vencer Ngola Kiluanji e conquistar Cabaça, para daí lançar as bases do povoamento português da região e melhor controlo do comércio de seres humanos, decidiu avançar pelo rio Lucala com todas as forças que conseguira mobilizar.

Alertado das intenções dos portugueses, o Rei do Ndongo mobilizou um exército conjugado de forças do Ndongo, Congo  Matamba e Jagas, naquela que foi considerada a maior coligação de exércitos das nações ancestrais que compõem a Angola actual, em número calculado em mais de um milhão de homens, de acordo com as fontes históricas portuguesas, avançou ao encontro dos opositores e massacrou o Exército adversário em Angoleme Aquitambo, naquela que ficou registada como a maior vitória da luta contra a ocupação colonial do nosso território.

São estes aspectos da nossa História, infelizmente um pouco esquecidos entre nós, mas também da Cultura, que a Edições Novembro procura resgatar, além de comunicar mais e melhor com os cidadãos, trazendo-os ao centro dos debates, factores fundamentais na afirmação da nossa identidade e angolanidade.

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