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Polícia anuncia mil detenções na Tunísia

As forças de segurança tunisinas anunciaram, ontem, a detenção de mil pessoas durante distúrbios nas últimas seis noites, segundo um balanço de Organizações Não-Governamentais, que criticaram um uso excessivo da força e processos por simples publicações no Facebook.

23/01/2021  Última atualização 18H48
Distúrbios marcaram a Tunísia nas últimas seis noites, segundo as autoridades © Fotografia por: DR
Em Sbeitla, ocorreram confrontos com a Polícia após rumores sobre a morte de um jovem ferido nos dias anteriores com uma granada de gás lacrimogéneo.
O Ministério do Interior desmentiu a morte, indicando ter aberto um inquérito sobre as circunstâncias nas quais foi ferido o jovem.

Segundo os media, também se registaram incidentes em várias localidades à volta de Sidi Bouzid, cidade marginalizada do interior do país onde se iniciou a revolta que derrubou o Governo do Presidente Ben Ali, há 10 anos.
Desde há uma semana que ocorrem confrontos entre a Polícia e jovens de bairros populares, num contexto de forte tensão social depois da pandemia da Covid-19 ter destruído milhares de empregos e perturbado fortemente o funcionamento das escolas.

O Ministério do Interior anunciou a meio da semana ter detido 600 pessoas, a maioria menores. Responsáveis do Ministério disseram à agência France Press que foram feitas 70 detenções.
Porém, segundo a contagem das ONG, "estão detidas mil pessoas”, entre as quais muitos menores, indicou Bassem Trifi, da Liga Tunisina dos Direitos Humanos (LTDH), lamentando detenções "arbitrárias”.

"Alguns foram detidos sem ter participado nas manifestações, após intervenções na sua casa”, adiantou, numa conferência de imprensa que reuniu uma dezena de associações, incluindo o sindicato dos jornalistas e a associação tunisina dos jovens advogados.
Outros são indiciados e presos pelas actividades militantes ou publicações na rede social Facebook em apoio do movimento de protesto. Pelo menos um arrisca seis anos de prisão, segundo as ONG.

"Pedimos à Justiça para ver com atenção os casos, não resolveremos a crise deste modo, isto só pode reforçar o fosso entre o povo e o Governo”, sublinhou Trifi.
Num comunicado conjunto, diferentes associações de defesa dos direitos humanos alertaram "para as consequências das práticas violentas da segurança que vão apenas agravar a crise de rejeição do Estado” e apelaram à Justiça para investigar maus tratos e abusos.
Mais 20 migrantes morrem afogados

Pelo menos 20 migrantes africanos morreram, quinta-feira, depois do barco improvisado em que seguiam ter naufragado na costa da Tunísia, quando tentava cruzar o Mediterrâneo para a ilha italiana de Lampedusa. Segundo a AFP, cinco pessoas foram resgatadas com vida pela guarda costeira. 

Mohamed Zekri, porta-voz do Ministério da Defesa, disse que o barco se afundou a cerca de seis milhas da costa de Sfax.
O litoral próximo à cidade portuária de Sfax é um importante ponto de partida para as pessoas que tentam chegar à Europa depois de fugirem do conflito e da pobreza em África e no Médio Oriente.Em meados de Dezembro, a guarda costeira tunisina resgatou 93 migrantes de diferentes nacionalidades africanas, incluindo três tunisinos, ao largo de Sfax. Entre o início do ano e meados de Setembro, 8.581 pessoas foram interceptadas enquanto tentavam chegar à Europa por mar a partir de Tunis.


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