Segundo a Miss Cuando Cubango, Bela Viviane Munguli, o gesto teve como objectivo fundamental demonstrar amor ao próximo e solidariedade a todos os reclusos que se encontram naquele estabelecimento prisional, para que não se sintam excluídos, tendo em conta que todas as pessoas estão sujeitas a cometer erros.

"Eles estão aqui porque cometeram um crime e outros injustamente. Nós decidimos fazer uma visita  para constatar os reais problemas que enfrentam, deixar uma palavrinha de conforto e vamos levar as preocupações às instâncias superiores da província”, realçou. 

Para o êxito da feira, foram mobilizados dois enfermeiros e quatro médicos especialistas em cardiologia, clínica geral e cirurgia, além dos serviços do Instituto Nacional de Emergências Médicas de Angola (INEMA).

Por falta de um laboratório no posto médico do estabelecimento prisional, a equipa médcia efectuou apenas a triagem dos pacientes, sendo as amostras encaminhadas para o Hospital Geral do Cuando Cubango, onde foram igualmente transferidos os reclusos com patologias mais complexas. A malária, a hipertensão arterial, dores lombares, tuberculose, cárie dentária, doenças diarreicas e respiratórias agudas foram as patologias mais registadas.

Além da feira, Bela Viviane Munguli doou material de higiene, como lixívia, sabão, detergente em pó, papel higiénico, guardanapos e absorventes íntimos, de forma a mitigar as carências destes produtos entre a população carcerária.

O director adjunto dos Serviços Penitenciários, superintendente-chefe prisional José Matumona, agradeceu o gesto dos organizadores da acção  solidária, sublinhando que acções do género devem ser seguidas por outras pessoas colectivas e singulares, tendo em conta as dificuldades por que passa a instituição para garantir  assistência médica e medicamentosa aos reclusos.

Disse que a feira foi realizada numa altura em que os Serviços Penitenciários enfrentam várias dificuldades, no que diz respeito à saúde dos reclusos, apesar da interação constante com o Gabinete Provincial da Saúde e das unidades sanitárias de referência, que garantem a assistência médica e medicamentosa aos presos com patologias mais complexas.

Lamentou o facto de o posto de saúde local não contar com um laboratório equipado para o diagnóstico de diversas patologias, tendo acrescentado que nestes casos os reclusos são movimentados para os hospitais mais próximos.

Informou que o estabelecimento tem registado vários casos de doenças crónicas, como a tuberculose, lepra e epilepsia, uma situação considerada controlada, porque os pacientes têm sido isolados no sentido de se evitar a proliferação da doença no meio da população penal.

Durante a semana finda, 22 reclusos foram diagnosticados com tuberculose, 18 com paludismo e igual número de casos de síndrome carencial, sete com doenças diarreicas agudas, doenças respiratórias, enxaqueca e epilepsia com seis ocorrências cada, cinco de dermatites, quatro de cárie dentária, gastrite e hipertensão arterial com três casos cada.

Fez saber que o estabelecimento penitenciário de Menongue continua com uma superlotação de 287 reclusos, tendo em conta que o foi construído para albergar 500 presos e actualmente conta com 787, dos quais  268 detidos e 519 condenados.

Deu a conhecer que 107 reclusos concluíram formação técnico-profissional no passado mês de Novembro, nos cursos de Canalização, Corte e Costura, Informática, Serralharia, Marcenaria, Mecânica, Electricidade, Contabilidade, Secretariado e Gestão, Alvenaria, Cabeleireiro, Barbearia,  Inglês e Agricultura.

Acrescentou que 95 reclusos frequentam aulas da 5ª até à 9ª classe e 90 outros estão inseridos no processo de alfabetização e aceleração escolar, nos módulos I, II e III.